domingo, 31 de outubro de 2010

Climas

Nuri Bilge Ceylan e Ebru Ceylan: relação complicada
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Pode ser que o espectador mais ansioso (ou acostumado com cinema-pipoca) tenha vontade de dizer: nossa, os turcos devem ser os iranianos da hora! Tudo porque o ritmo da narrativa do diretor Nuri Bilge Ceylan é lento como o das produções do Irã que fizeram muito sucesso há um tempo. Mas ele é bastante talentoso.
Ceylan fala de amor ao lado da atriz com quem é (ou foi, não se sabe bem) casado). Isa, seu personagem, é um professor quarentão em crise no amor na profissão. Ela é Bahar, que como toda mulher, até na Turquia, quer mais atenção do companheiro.
Então eles se separam durante um tempo e volta para a ex-amante. As cenas de sexo aí são ardentes e deixam, com perdão do trocadilho óbvio com o título do drama, o clima bem mais quente. Vale a pena ter um pouco de paciência. (Ronaldo Victoria)

sábado, 30 de outubro de 2010

Algo que Você Precisa Saber

Charlotte Rampling e Mathide Segnier: segredos em família
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Quem disse que tramas pesadas são privilégio das novelas brasileiras ou dos dramalhões mexicanos? Os franceses também gostam, pelo menos é o que mostra esse filme todo centrado em questões familiares. É uma família onde ninguém se entende com ninguém. Será que talvez por isso a gente se identifique?
O casal central, Henry e Maddy (Patrick Chesnais e Cahrlotte Rampling) tem uma relação morna, após tantos anos. Ele não lida bem com a aposentadoria e ela é daquelas que não desce do salto. Os três filhos são um desastre. O mais velho, Antoine (Pascal Ebé), está à beira da falência. Alice (Mathilde Seigner), é uma artista revoltada e com problema com drogas. E a caçula, a médica Anabelle (Sophia Catani), tem um casamento falido.
Um dia aparece na vida do grupo o policial Jacques (Olivier Marchal), que começa a namorar Alice. E logo se descobre que está ligado ao passado da família. O lado legal é que, ao contrário de muitos filmes franceses, é fácil de ver. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Como Festejei o Fim do Mundo

Timotei Duma vive o garoto romeno triste
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O fim do mundo a que se refere esse drama romeno, em co-produção com a França, é a queda do ditador romeno Nicolau Ceascescu que, junto com sua esposa, Elena, mantinha o país em feroz ditadura durante o regime comunista. Filmes daquele país já são raridade no mercado, e quando o resultado é bem-sucedido, vale a dica para o público alternativo.
Quase toda a narrativa é vista pelos olhos de Lali (Timotei Duma), garoto que não gosta muito do sufocante ambiente escolar. É que lá se investiu bastante num patriotismo exacerbado, no culto a personalidade do ditador. Como, aliás, se fez em ditaduras de direita (a nossa foi outro exemplo).
Tudo piora quando a irmã mais velha dele, Eva (Dorotee Petri), tida como rebelde, bate sem querer num busto de Ceaucescu e o quebra. Por isso, é enviada para uma escola diferente, uma
espécie de punição. Vale a descoberta. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Nossa Vida não Cabe num Opala

Cortaz, Pinheiro, Medeiros, Peréio e Manoella em cena
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Foi fracasso nos cinemas essa primeira adaptação de um texto teatral de Mário Bortolotto para as telas. Bortolotto frequentou as páginas policiais no começo deste ano depois de ser baleado ao reagir a um assalto em São Paulo. No meio alternativo paulistano ele é famoso pelas suas peças com uma visão toda própria da vida (o título já diz tudo, não?), que mistura cinismo e acidez em doses equivalentes.
Acontece que seu texto também não demonstra nenhuma compaixão pelos personagens. Para complicar, a direção resolveu investir num tom pretensioso que provoca antipatia. São três irmãos (Leonardo Medeiros, Mihlem Cortaz e Gabriel Pinheiros), que vivem na periferia, quase todos ligados ao ato de "puxar" carros.
Há a irmã (Maria Manoella) e um gângster (Jonas Bloch) que assedia os manos. Paulo César Peréio e Marília Pêra fazem pequenas participações. E há o registro do último trabalho de Dercy Gonçalves. Mas a frieza domina tudo. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Em Paris

Louis Garrell e Romain Duris: irmãos em crise
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Esse é um filme que se pode considerar tipicamente francês. Ou seja, tem aquele jeito meio pretensioso de expor as situações, com um tanto de verborragia e situações que fogem do comum. Ou seja, tem quem goste tem quem deteste. A maioria do público parece mesmo rejeitar, mas pode ser uma opção diferenciada.
Os personagens principais são dois irmãos vividos pelos galãs franceses do momento, Romain Duris e Louis Garrell. Duris é o mais velho, Paul, que acabou de levar um fora da esposa e se refugia na casa do pai. Enquanto isso, Jonathan (Garrell), o caçula, leva a vida de forma inconsequente.
Um lado bacana é que, fazendo justiça ao título, a produção mostra vários lados da bela capital francesa. E traz também dois astros franceses da velha guarda, Guy Marchand e Marie-France Pisier, vivem os pais. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Preço da Traição

Amanda Seyfried e Julianne Moore: erotismo e perversão
Foto: AllMovie Photo
Foi bastante badalado antes da estreia este drama dirigido por Atom Egoyan, cineasta sempre considerado "cabeça" e que decidiu mergulhar no erotismo. O elenco é de chamar a atenção: Julianne Moore, uma das melhores atrizes atuais; Amanda Seyfried, a queridinha do momento; e o sempre sóbrio Liam Neeson.
Juliane e Neeson vivem Catherine e David, casal aparentemente perfeito. Só que a mulher se deixa enredar por Chloe (Amanda), prostituta de luxo. Catherine resolve então fazer um jogo perigoso: testar a fidelidade do marido, usando a bela loira como isca.
O problema é que o objeto de paixão da moça, que seduz até o filho adolescente do casal, não é exatamente o que se imagina. Há uma reviravolta no elenco, mas que não chega exatamente a surpreender o espectador mais escolado. É uma atração de classe que não chega a empolgar. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Teta Assustada

Magaly Solier interpreta donzela traumatizada
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Foi candidato ao Oscar de filme estrangeiro esse drama peruano dirigido por uma mulher, Claudia Llosa (que não é filho do Prêmio Nobel deste ano, o escritor peruano Mario Vargas Llosa). O título soa engraçado, mas reflete uma síndrome de muitas mulheres que, durante a época da guerrilha comandada pelo grupo Sendero Luminoso, ficaram traumatizadas.
Esse é bem o caso de Fausta (Magalty Solier), jovem interiorana que vai para Lima trabalhar de empregada. Ela recebe de herança da mãe, medrosa e ignorante, o pânico dos homens. Chega a colocar, para se defender, uma batata na vagina.
É um tema que poderia cair facilmente na caricatura. A diretora consegue evitar o risco, mesmo apresentando cenas bastante engraçadas das festas populares da periferia. Há até uma noiva que tem a cauda do vestido erguida por bexigas. (Ronaldo Victoria)

domingo, 24 de outubro de 2010

Mother

Ye-Ja Kim interpreta a mãe coragem coreana
Foto: Google Image
O nome aparece em inglês (tem o dispensável subtítulo nacional A Busca pela Verdade), mas vem da Coréia este drama intenso e sensacional que questiona os limites do amor materno. Se é que se pode questionar esse sentimento universal (elas são todas iguais, só muda o endereço?), presente em todas as culturas.
A mãe do título é He-Ya (Ye-Ja kim), solteira que cria sozinha o filho de 27 anos, Do-Joon (Bin Woon). O rapaz tem problemas mentais e acaba sendo acusado de ter matado uma garota num lugar abandonado de Seul.
É contra essa acusação que a mãe se volta como uma leoa, por entender que o filho foi feito de bode expiaatório, tanto pelos reais bandidos quanto por uma polícia incompetente que prende o primeiro que aparece. Investiga o passado da moça, que se prostituia e teria imagens guardadas dos clientes num celular que desapareceu. Mas o que descobre a deixa sem chão, assim como o espectador. Brilhante. (Ronaldo Victoria)

sábado, 23 de outubro de 2010

A Janela

Antonio Larreta e as dores do envelhecimento
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Dizer que este drama argentino não é indicado para todos os públicos pode parecer arrogância intelectual. Mas é fato. O estilo e a narrativa só são indicados para quem não acha que o cinema tenha de ser uma sucessão de golpes de adrenalina. A história corre lenta, sem grandes acontecimentos. Não fala de nada? Fala de vida, morte, de acertar as contas com o destino, e isso é pouco?
Tudo se passa numa fazenda no extremo da Patagônia, onde vive Dom Antonio (Antonio Larreta), na verdade à espera da morte. Doente e ainda sem aceitar o inevitável, ele tenta se entender com os empregados da casa e com os médicos, para os quais frequentemente dá sustos por causa da rebeldia.
Dom Antonio espera a visita do filho Pablo (Jorge Diéz), um pianista de fama internacional. E é ao mesmo tempo cômico e triste quando ele chega, após muitos anos, com uma esposa perua cuja única preocupação é saber se há sinal de celular "naquele fim de mundo". O final deixa um travo amargo. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O Profeta

Niels Arestrup e Tahar Rahim: lições de sobrevivência
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Quem gosta de filme de cadeia (já um subgênero cinematográfico), não tem do que reclamar deste drama francês. Afinal, das duas horas e meia que dura, só uns 30 minutos se passam dora das grades. Pode ser claustrofóbicos, mas a direção sabe segurar as pontas. E o roteiro, para além do crime, toca em pontos polêmicos, como o caldeirão de raças em que se tornou a França depois da criação do euro e da Comunidade Européia.
O personagem principal, Malik El Djebena (Tahar Rahim), é o aprendiz que entra ingênuo no caldeirão e se torna mais descolado do que ele mesmo imaginava. De cara, percebe que é bom ficar ao lado da gangue mafiosa italiana, comandada por Cesare Luciani (Niels Arestrup).
Torna-se queridinho do cara e aprende até mesmo a matar em seu nome. Mas logo percebe que sua origem racial não facilitará a que ganhe autonomia no meio. Então, decide voar sozinho e cai no sangue. Há alguns pontos que podem ser questionados na história, como a lei do mais forte, mas a atenção do espectador nunca se desvia. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Algo como a Felicidade

Filme checo fala sobre luta pela sobrevivência
Foto: Google Image
O tema principal deste drama realizado na República Checa é a sensação de que a vida é algo muito maior do que aquilo que se vive. Ou deve ser, já que algumas pessoas apenas pressentem. Numa cidadezinha tcheca, que tenta se reerguer após a queda do comunismo e a dependência da ex-União Soviética.
Para os jovens, a única opção decente de emprego é uma metalúrgica que já teve melhores dias. Além disso, só resta casar, se ajeitar na vida e encher a cara nos finais de semana. O roteiro aborda a vida de três jovens que se sentem perdidos nesse estado de coisas: Monica (Tatiana Vilhelmová), Tonik (Pavel Liska) e Dasha (Anna Geislerová).
A primeira só aguarda a chance de emigrar para os Estados Unidos, para onde já foi o namorado. Tonik é casado e ajuda as amigas, mas às vezes se sente "bonzinho" demais. E Dasha tenta resolver sua relação com um homem casado. Sensível e humano. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Do Começo ao Fim

João Gabriel Vasconcelos e Rafael Cardoso: amor polêmico
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Em jornalismo, a gente tem um lugar-comum que define como "um tiro no pé" aquela matéria que acaba indo contra seus objetivos. Pois fica a sensação de que o diretor Aluízio Abranches deu um tiro no pé cinematográfico com esse filme. Seu objetivo declarado foi mostrar uma história de amor sincera e incondicional entre dois homens. Legal, mas o problema é que ele mexeu num tabu: o incesto.
Acontece que os dois rapazes, Francisco (João Gabriel Vasconcelos) e Tomás (Rafael Cardoso) são filhos da mesma mãe, interpretada por Júlia Lemmertz. O roteiro mostra os dois convivendo desde o início e a relação se fortificando ao longo do tempo.
Abranches também tem a necessidade de querer provar que a paixão homossexual pode ser também um encontro entre dois príncipes encantados. Tanto que um deles vai para a Rússia, o outro resiste à distância e rejeita outras companhias com a maior convicção. O resultado parece uma mistura de fotonovela com drama pesado. E a consumação do incesto deixa desconfrotável o espectador que poderia defender o casal. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Querido John

Channing Tatum e Amanda Seyfried: paixão à moda antiga
Foto: AllMovie Photo
Há uma nova grife no cinema romântico americano e se chama Nicholas Sparks. Não conhece? É o autor que começou com sucesso em O Diário de uma Paixão, até hoje um dos favoritos para a galera que curte um choro no escuro do cinema. O cara já teve adaptados Noites de Tormenta, com Richard Gere, e A Última Música.
Agora retorna com esse drama romântico (claro, né, queriam o que?), com o qual segue a receita, investe em amores idealizados que boa parte do público feminino adora. O John do título, vivido por Channing Tatum, é um soldado em férias que se apaixona por Savannah (Amanda Seyfried, que está em alta).
Os dois têm temperamentos opostos (ela certinha, ele atirado), com também reza a cartilha do gênero. O maior problema, porém, é que ela vai à guerra do Iraque e os dois só se comunicam por carta. Até que uma decisão difícil complica tudo. Numa época de e-mail e twitter, deixa um estilo nostálgico que os românticos adoram. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Lenda dos Guardiões

Soren é a corujinha aventureira da animação
Foto: AllMovie Photo
Tecnicamente é um deslumbramento essa aventura em desenho animado dirigida por Zach Snyder, o mesmo cineasta que alcançou enorme sucesso há dois anos com 300. Principalmente se for assistida em 3D, já que todos os detalhes são perfeitos, com impressão de fundo que permite a "viagem" do espectador na cena e até mesmo a visão de pena por pena dos personagens principais, as corujas.
Porém, não há como negar que é um produto muito mais para adultos do que para crianças. Os pequenos, então, podem até ficar com medo de tomadas mais sombrias e escuras como a que mostram predadores. Sem contar que as corujas não são lá aves que despertam muita empatia com o público infantil.
Os mais crescidinhos, dos 18 aos 80, não têm do que reclamar, já que o roteiro é sensacional. Fala sobre o corujinha Soren, sequestrado junto com seu irmão mais velho, Claude, por um exército de "puros" (referência aos nazistas). Então, precisa chamar os guardiões que os protegem. (Ronaldo Victoria)

domingo, 17 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2


Wagner Moura agora enfrenta a corrupção policial

Foto: Google Image

É curioso ver que as salas que exibem a continuação do fenômeno brasileiro de três anos atrás não estejam cheias. Talvez por que agora o filme não tenha aquele gancho pop de ver o Capitão Nascimento (Wagner Moura) esculachar bandido e abusar de bordões como o "pede pra sair!" Também não foi "vítima" da pirataria, na verdade uma faca de dois gumes para que atingisse mais público. No fundo, talvez seja pelo fato de ter virado uma obra mais madura.

Madura como seu heroi, o Nascimeno agora quarentão e grisalho que não sobe mais ladeira de favela atrás de "vagabundo", como ele define. Depois de uma armação, Nascimento sai do Bope, mas "cai pra cima", como se diz. Vira assessor da secretaria de inteligência.

Então encara um novo inimigo, muito mais equipado e ardiloso: os policiais corruptos que formam as milícias. São grupos de policiais que expulsam os bandidos dos morros, mas cumpre o mesmo papel. O roteiro é mais sólido, mas termina com um gosto amargo e sem chance de redenção. É melhor que o primeiro, mas não deve fazer o mesmo sucesso. (Ronaldo Victoria)

sábado, 16 de outubro de 2010

Deu a Louca nos Bichos

Brendan Fraser encara as feras na comédia infantil
Foto: AllMovie Photo
É uma comédia dedicada ao público infantil, e deixa claro o desejo de seguir a linha politicamente correta atualmente em voga nesse tipo de produção. O resultado deixa o público adulto um pouco dividido: ao mesmo tempo que o tom é às vezes infantil demais, a gente pensa como é bom as crianças receberem esse tipo de lição.
Que no caso tem como tema a importância de preservar a natureza. O personagem principal é o executivo Dan (Brendan Fraser, que deixou de ser galã para cair na linha humorística). Ele é um executivo de Chicago que vai para o interior do Oregon supervisionar a construção de um empreendimento.
Mesmo que os chefes digam que não vai atrapalhar o habitat, os animais se unem para a vingança. As cenas são engraçadas, com bom uso de efeitos especiais. Brooke Shields, ex-símbolo sexual, assume a maturidade na pele da esposa. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Rio da Lua

Sarala interpreta uma viúva de oito anos
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Os costumes ancestrais da Índia passaram a não ser tão misteriosos para os brasileiros depois do sucesso da novela de Glória Perez transcorrida no país. Mas o roteiro desse filme, dirigido por um indiano (Deepa Mehta) e produzido no Canadá, vai além. Fala de uma tradição que, pelo menos é o que informa o letreiro final, sobrevive em certas castas: o retiro para as viúvas.
A história se passa nos anos 30 e conta a trajetória de Chuya (Sarala, uma graça de menina). Ela tem apenas oito anos e é considerada viúva. Isso mesmo, oito anos. Acontece que o homem para quem estava prometida em casamento morre, e ela tem de assumir a reclusão mesmo antes de se casar.
Vai para o asilo das viúvas, quase todas velhas amargas demais para uma criança. Só que conhece a bela Kaliani (Lisa Ray), que ousa desafiar as regras e se apaixonar por um jovem estudado, Narayan (John Abraham). Não é de se perguntar: como é que pode? (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Louco Amor

Maria Popiastu e Ioana Barbu: paixão polêmica
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O amor entre duas garotas é o tema desse drama húngaro (raridade nas locadoras um filme desse país) que não encomiza no conflito. O assunto é abordado sem concessões, mostrando como Kiki (Maria Popiastu) e Alex (Ioana Barbu) começam a se envolver na escola, sem compromisso, e se descobrem apaixonadas.
Aos poucos elas vão se deixando tomar conta pela paixão homossexual, algo que nunca planejaram. Aos olhos alheios, as duas são apenas amigas. Mas o medo de ser descobertas e a vontade de desafiar a família são sentimentos que se misturam.
Tudo acaba se complicando quando o irmão de Kiki, Sandu (Tudor Chirila), fica sabendo o que rola entre as meninas. A descoberta o faz se roer de ciúme, já que alimenta uma paixão doentia e incestuosa por Kiki. A tragédia é inevitável. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ameaça Terrorista

Michael Sheen e Samuel L. Jackson: tortura liberada
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O maior elogio que se pode fazer a essa aventura é que no final a gente pode gostar mais do que queria. Ou então acaba colocando em dúvida algumas convicções. Explicando melhor: pela capa do DVD e pelo título, já se espera mais uma daquelas velhas cantilenas americanas sobre a necessidade de se armar frente aos inimigos.
Pois não é que vai além? Mérito da direção e de um elenco muito bem escolhido. O roteiro aqui fala sobre um americano, Steven Younger (o inglês Michael Sheen, ótimo ator), que se converte ao islamismo, muda de nome e é preso sob a acusação de colocar quatro bombas nucleares em lugares estratégicos.
Para interrogá-lo, é recrutado Henry, ou simplesmente H (Samuel L. Jackson, outro craque). Ele é claramente da linha dura, especialista em arrancar confissões a sangue e choque. Por isso, briga com a agente Helen (Carrie Ann Moss), que não quer sair da justiça. Mas os novos fatos que acontecem a toda hora nos fazem balançar entre os dois. E o suspense da situação nos prende. Não é isso que se espera do cinema, para além da política? (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Entre Irmãos

Tobey Maguire e Jake Gylenhaal: separados pela guerra
Foto: AllMovie Photo
É um drama pesado, quase toda a história mostra os personagens se debatendo com a tristeza, e traz um tema que espanta os espectadores, não apenas nos Estados Unidos: o envolvimento dos americanos na guerra do Iraque. Não é de se espantar que tenha sido fracasso, apesar da presença no elenco de astros do momento. Mas só irá curtir quem não se incomodar com o clima depressivo.
A história é centrada num triângulo amoroso tradicional: dois irmãos e uma mulher. Sam (Tobey Maguire) é casado com Grace (Natalie Portman) e tem um irmão caçula e irresponsável, Tommy (Jake Gylenhaal), que acabou de sair da cadeia. Militar, Sam vai ao Iraque, é feito refém e dado como morto.
Quando é localizado e volta, descobre que a esposa está com Tommy. A situação pesa para todos, até para as filhas do casal. O elenco não rende o esperado. Enquanto Maguire parece exagerado em algumas cenas, Natalie e Gylenhaal dão a impressão de atuar sem muito esforço. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Ronda da Noite

Martin Freeman vive o pintor holandês Rembrandt
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O inglês Peter Greenaway sempre foi considerado um cineasta "cabeça", não apenas por conta de filmes ousados como O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante e Afogando em Números. Mas também por causa de concertos que apresentou em São Paulo nos anos 90 em que enumera coisas ao som de músicas estranhas. Para alguns um gênio, para outros um picareta, um chato para a maioria.
Portanto, não espere facilidade nessa obra que fala do pintor holandês Rembrandt, aqui vivido por Martin Freeman. Mostra a época em que o artista recebeu uma encomenda da Milícia dos Mosqueterios de Amsterdam para fazer a tela que dá título à produção.
Atendendo aos apelos da mulher grávida, Saskia (Eva Birthistle), não desiste apesar das dificuldades e de descobrir vários segredos dos poderosos, que retrata no quadro. A longa duração o formato totalmente teatral podem incomodar. (Ronaldo Victoria)

domingo, 10 de outubro de 2010

Um Professor em Apuros

Luke Wilson interpreta o mestre acomodado
Foto: AllMovie Photo
Você faz idéia de quantos títulos nacionais têm a profissão do personagem junto com a expressão "em apuros"? Não? Nem eu, mas certamente é um abuso que deixa todos os filmes sem atração para o espectador. No caso, essa comédia vale uma espiada. Claro que o apuro do professor não tem muito a ver com salário, já que ele é americano e não brasileiro, mas sim com o fato de se sentir "um perdedor", obsessão por lá.
E até que Charlie (Luke Wilson) merece a fama. Professor de inglês dedicado e que tem a consideração dos alunos, ele nunca se importou em construir uma carreira acadêmica. E fica em crise quando sabe que a universidade chama Elaine (Gretchen Mol) para dividir a cátedra com ele.
Ao mesmo tempo, Charlie tem um amigo pirado, Jay (David Koechner), que tenta ajudá-lo mas só atrapalha, precisa cuidar do pai, William (Bob Gunton) que se aposentou e começa a perceber que a implicância com a rival pode ter virado paixão. (Ronaldo Victoria)

sábado, 9 de outubro de 2010

Nova York, Eu Te Amo

Anton Yelchin e Olivia Thirlby: surpresa no baile
Foto: AllMovie Photo
Depois de Paris, é a metrópole americana quem ganha um filme como declaração de amor. Aliás, a campanha I Love New York fez há tempos a cidade voltar a ganhar auto-estima. Como na produção dedicada à capital francesa, são vários episódios tendo o local como ambiente principal. É claro que há altos e baixos e algumas histórias funcionam melhor (problema que nenhum filme do tipo conseguiu resolver), mas o resultado é bom e faz com que o espectador se emocione.
São 12 pequenos contos urbanos dirigidos por 12 cineastas diferentes (até Natalie Portman estreia como diretora). Eles funcionam bem separadamente e em conjunto e a maior parte deles tem um sabor mais melancólico.
Há a surpresa do jovem que leva a paraplégica para o baile de formatura (com Anton Yelchin e Olivia Thirlby), a dupla com grande diferença de idade (Julie Christie e Shia LaBeouf) que se encontra num hotel e o casal idoso (Eli Wallach e Cloris Leachman) que troca ranzinzices. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Aprendiz de Vampiro

John C. Reilly e Chris Massoglia: circo dos horrores
Foto: AllMovie Photo
O enorme sucesso da saga Crepúsculo e da série True Blood, ainda que de forma oposta (o vampiro Edward é bonzinho e vegetariano), deixa claro que os vampiros estão com tudo. Esta comédia, apesar de não ter o clima sedutor dos outros produtos, consegue divertir com uma história original e engraçada.
O herói é Darren (Chris Massoglia), adolescente de 16 anos todo certinho, e que tem um melhor amigo na linha bad boy, Steve (Josh Hutcherson). Um dia os dois vão a uma apresentação de um circo mambembe, na linha show de horrores, e tudo muda.
Entram em contato com o vampiro Larten (John C. Reilly), além de muitas outras criaturas estranhas, incluindo uma doce menina com rabo de macaco. A narrativa é bastante interessante, com direito a pontas de luxo de Willem Dafoe como vilão e Salma Hayek dando uma de mulher barbada. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Justiceiro Mascarado

Ryan Phillipe encara a repressão
Foto: Google Image
É um filme interessante, em que o roteiro começa dividido em duas narrativas, e em locais diferentes. Uma parte se passa na Londres contemporânea, enquanto a outra, avisa o narrador, se desenrola em tempo não determinado, mas num local com o nome de Meanwhile City (uma brincadeira inteligente, já que significa Cidade do Por Enquanto).
O personagem principal é David, vivido por Ryan Phillippe. Ele se anuncia como um descrente e conta que sua missão é salvar as pessoas de todos os rituais e cultos que, segundo ele, só prejudicam as pessoas. Essa postura chega a soar polêmica, pelo tom de revolta com que ele atua, mascarado como anuncia o título nacional.
Os caminhos dele se cruzam com o da bela Emília (Eva Green) e aos poucos o espectador mais antenado vai matando a charada a respeito dessa divisão e dos mistérios da mente humana. Não chega a ser tão surpreendente, mas chama a atenção. Vale descobrir. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Golpista do Ano

Rodrigo Santoro em cena romântica com Jim Carrey
Foto: AllMovie Photo
A comédia é uma boa surpresa nas locadoras. Mas surpresa mesmo foi o fato de não ter sido exibida nos cinemas. Será que foi por conta do tema ousado? Aliás, Jim Carrey, o astro, se mostra corajoso e distante daquele careteiro que seus críticos insistem em enxergar. O resultado compensa, com uma história original a toda prova.
Tanto que os letreiros iniciais insistem em afirma que tudo aconteceu mesmo, por incrível que pareça. O herói é Steven Russel (Carrey), que tem problemas ao se descobrir filho adotivo e depois ao se assumir gay. Por isso deixa a mulher, Debbie (Leslie Mann) e cai nos braços do charmoso Jimmy (o brasileiro Rodrigo Santoro).
O romance acaba e ele vai parar na cadeia, onde aí assume seu lado golpista. E surge em sua vida Phillip Morris (Ewan McGregor), na verdade seu maior amor. As idas e vindas do casal garantem a diversão. E a homossexualidade surge de forma natural, sem caricatura e sem fazer campanha de aceitação. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A Estrada

Viggo Mortensen e Kodi Smith-McPhee: pai e filho nômades
Foto: AllMovie Photo
Baseado no belo livro de Cormac McCarthy (o mesmo que inspirou Onde Os Fracos não têm Vez), o drama consegue transmitir com talento e sensibilidade todo o clima de desalento das páginas. Não é uma experiência fácil assisti-lo, mas vale a pena. O tema é o colapso do mundo, algo cada vez mais pensado nesses tempos de aquecimento global, como também provam O Livro de Eli, Eu Sou a Lenda e Ensaio Sobre a Cegueira.
O roteiro é centrado na figura de pai e filho, vividos por Viggo Mortensen e Kodi Smith-McPhee, garoto que se mostra uma descoberta. Eles perambulam por um mundo que resta após um cataclisma. Há a lembrança da mãe, vivida por Charlize Theron, que não resistiu, mas principalmente o amor que se solidifica na tragédia.
O pai, mais calejado por conta da idade, sabe que em algum momento a hipótese pode ser o suicídio de ambos. Porém, enquanto vagam pela estrada, a emoção fala mais alto. O resultado é brilhante. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um Homem Sério

Michael Stuhlbarg interpreta o professor em crise
Foto: AllMovie Photo
Se existem cineastas que podem ganhar o rótulo de "queridinhos da crítica", são os irmãos Coen, Joel e Ethan. Quase toda obra assinada por eles (a exceção seria a comédia de humor negro Matadores de Velhinhas) ganha um monte de elogios dos especialistas. Enquanto isso, a maioria dos espectadores comuns não entende a razão, como aconteceu com o drama Onde os Fracos não tem Vez, que ganhou o Oscar há dois anos.
Desta vez, os irmãos se voltam para as raízes judaicas, numa comédia diferente, em que o humor surge do lado patético da vida. Não é à toa que o protagonista ostente o fato de ser sério como sua principal qualidade. O que atualmente se torna ridículo. Ele é o professor Lawrence Gopnick (Michael Sthulbarg), que enfrenta uma maré pesada.
Sua mulher quer a separação e se mudar com o novo marido para a casa deles. Os dois filhos se detestam e o caçula está em apuros com o Bar Mitzvah. É uma comédia para sorrisos e não gargalhadas, mas que denota um grande conhecimento da vida. Será que não está na hora de vencer o preconceito contra os Coen e ver que eles são ótimos? (Ronaldo Victoria)

domingo, 3 de outubro de 2010

Comer Rezar Amar

Javier Bardem e Julia Roberts: amor na maturidade
Foto: AllMovie Photo
O livro de Elizabeth Gilbert em que se baseia o filme só não cai na vala comum da auto-ajuda para mulheres por conta de uma coisa inquestionável: a evidente simpatia da autora e sua capacidade de tirar uma lição de tudo. Ela teria o que se chama hoje de resiliência, a habilidade de dar a volta por cima. E o filme consegue transportar isso para a tela.
Julia Roberts vive Liz com bastante intensidade, transmite sua necessidade de reagir e deixa até de lado a vaidade, aparecendo desglamurizada em várias cenas. Em que pese o fato de a duração ser um pouco excessiva, o espectador (e é machismo dizer que é só para as mulheres) não tem do que reclamar.
Depois da crise em seu casamento, Liz passa temporadas na Itália, Índia e Bali, dedicadas aos verbos contidos no título. Entre os coadjuvantes, Richard Jenkins é a surpresa. Rouba lágrimas e tem presença intensa. Mas Javier Bardem é uma decepção como galã brasileiro. Está duro e quando tenta falar em português diz até "peligrosa". (Ronaldo Victoria)

sábado, 2 de outubro de 2010

Gente Grande

Os cinco amigos em momento de união
Foto: AllMovie Photo
Os filmes estrelados por Adam Sandler já foram definidos pela mídia como "comédias de auto ajuda". Para alguns, uniriam o agradável do humor à utilidade das mensagens. Para outros, seriam o inferno da graça americana com aqueles conselhos de psicologia de almanaque. Este aqui parece um dos menos chatos, já que se pode rir.
Sandler já falou de aceitar a cara-metade (Como se Fosse a Primeira Vez), de crescer e despertar o lado paterno (O Paizão), da família (Click) e que o dinheiro não é tudo (A Herança de Mr. Deeds). Aqui o tema é a necessidade de brecar o lado moderno em função das memórias de infância.
São cinco amigos na trama. Sandler vive Lenny, agente milionário com filhos que não desgrudam do videogame. Há Eric (Kevin James), em crise financeira); Kurt (Chris Rock), sustentado pela mulher; Marcus (David Spade), conquistador solteirão; e Rob (Rob Schneider), guru caricato. Eles se reúnem depois da morte do antigo treinador de basquete e repensam a vida. Tirando alguns exageros, o resultado até que fica divertido. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme

Michael Douglas e Shia LaBeouf: mestre e discípulo
Foto: AllMovie Photo
A estreia deste drama nos cinemas pode ser saudada, entre vários outros motivos, como a primeira vez em muitos anos que o diretor Oliver Stone acerta a mão. Após várias escorregadas, ele volta ao pleno talento que mostrou no primeiro filme, há 23 anos. Desta vez, Gordon Gekko, que deu o Oscar a Michael Douglas, está saindo da cadeia, o que é revelado na primeira cena.
O mundo que ele reencontra, diga-se, parece bem mais selvagem do que o da daquela época. Se antes ator e diretor estranharam que o personagem não foi visto como vilão, e até herói, agora a briga é mais pesada.
Gekko tenta reconquistar a filha Wendy (Carey Mulligan) e tenta se entender com o candidato a genro, Jake (Shia LaBeouf), mas pode ser que não tenha mudado nada nesses anos todos. E o estouro da bolha financeira de 2008 dá mais munição para o roteiro, inteligente do começo ao fim. (Ronaldo Victoria)