quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A Fita Branca


As crianças na aldeia: cotidiano misterioso

Foto: AllMovie Photo

É difícil, sim, assistir esse filme. Afinal, é um drama pesado, com narrativa lenta, duas horas e meia de duração, e em preto-e-branco. O diretor, o austríaco Michael Haneke, não facilita, pois é especialista em obras polêmicas como Violência Gratuita e Cachê. Mas tem tudo para ser uma experiência enriquecedora. Tanto que ganhou a Palma de Ouro do último Festival de Cannes e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro.

Haneke ambienta a história numa aldeia alemã do começo do século passado. Estranhos fatos começam a acontecer. Uma corda é esticada em frente à casa de um médico, provocando um acidente com o doutor e seu cavalo. Um celeiro é incendiado. Duas crianças com dificuldade são torturadas. Enquanto investiga os fatos, pelos olhos de um tímido professor de canto, mostra o cotidiano do local.

É uma vida difícil, cheia de repressão. Um pastor castiga fisicamente os filhos e coloca a tal fita branca como recompensa. O médico massacra verbalmente a babá de seus filhos, apaixonada por ele. O barão vive corroído pelo ciúme da esposa. São muitos personagens, mas todos têm sua importância. O final deixa claro que naquele lugar já estava instalado o vírus do nazismo, que assombraria o mundo logo depois. (Ronaldo Victoria)