quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dzi Croquettes

Ciro Barcellos é remanescente do grupo revolucionário
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É bem provável que as novas gerações nem tenham ouvido falar do revolucionário grupo Dzi Croquettes, tema desse emocionante documentário, de Tatiana Issa e Rafael Alvarez. Eles surgiram em 1972, em plena ditadura militar, quando não se podia ousar falar em sexualidade. Desafiadores, surgiam no palco vestidos de mulher mas com formas masculinas e sem retirar a barba e os pelos. Mais que drag queens, eram libertários.
O trabalho deles influenciou vários artistas, de Ney Matogrosso a Frenéticas, que dão depoimentos sobre os rapazes. Até Liza Minelli, considerada madrinha, fala sobre a convivência com eles. O tom é sempre emotivo. Até mesmo Tatiana, ex-atriz global, conta que o pai, cenógrafo do grupo, se coloca pessoalmente.
O triste é ver que os 13 integrantes pagaram um preço por tanto desafio. Afinal, hoje apenas cinco sobrevivem. Dos oito falecidos, metade foi levada pela aids e metade assassinada por garotos de programa. Fica difícil não se emocionar. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Coco Chanel & Igor Stravinski

Mads Mikelsen e Anna Muglalis: gênios nos lençóis
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É provável que a mística em torno da estilista francesa Coco Chanel seja tão grande que um filme só não dê conta de contar toda a sua arrojada trajetória. Afinal, no ano passado Coco Antes de Chanel, protagonizado por Audreu Tautou, mostrava seus anos de juventude. E este se detém sobre um período específico: sua ligação com o compositor russo que revolucionou a música no início do século 20.
As primeiras cenas, situadas em 1913, mostram a primeira apresentação da obra Sagração da Primavera, em Paris, que causou escândalo e foi quase suspensa pelas vaias e xingos. Na platéia, Coco Chanel (vivida pela modelo Anna Muglalis, da Maison Chanel) fica fascinada.
Tanto que convida o músico, vivido pelo dinamarquês Mads Mikelsen, para morar em sua casa de campo com a mulher e os quatro filhos. Mademoiselle não se incomoda com isso e se entrega à paixão, em cenas bem fortes. Ao mesmo tempo, se prepara para lançar o perfume que a tornou mais conhecida, o nº 5. O roteiro é meio ralo, mas a produção é muito elegante. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Reflexões de um Liquidificador

Ana Lúcia Torre e seu fiel companheiro
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Elvira é uma dona de casa entediada que tem um marido aparentemente banana e por isso conta com um confidente fiel: um velho liquidificador. E que ainda por cima fala, e com a voz do Selton Mello! Com esse roteiro, não é de admirar que o novo filme de André Klotzel, o mesmo de Marvada Carne, caia de boca no humor negro e no trash. O que faz com muita competência.
Na pele de Elvira, a grande atriz Ana Lúcia Torre, coadjuvante ladra de cena nas novelas da Globo, tem pela primeira vez a oportunidade de ser protagonista. O que assume com muita garra e na dose ideal, sem nunca cair na caricatura.
Quando descobre que o marido Onofre (Germano Haiut) se engraçou com uma enfermeira (Gorete Milagres), ela arquiteta, ao lado do eletrodoméstico, uma vingança infalível. O elenco de apoio também é ótimo: Aramis Trindade, Zécarlos Machado, Fabíula Nascimento e Marcos Cesana estão muito bem. Experimente. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Vincere

Filippo Timi e Giovanna Mezzogiorno: amor e política
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Drama romântico e histórico italiano empolgante em todos os sentidos. Basicamente porque o diretor Marco Bellochio, que gnahou elogios em todo o mundo, conseguiu unir de forma perfeita o romance e o lao documental da história. É um filme que tem uma proposta, que fala de política e ao mesmo tempo mergulha na emoção sem meios termos. E soa inteligente em cada cena.
Vincere, vencer em italiano, conta a vida do ditador Benito Mussolini, vivido com charme pelo belo Filippo Timi. Ele ainda é um ambicioso advogado com pretensões políticas e tem uma amante, Ida Dalzer (Giovanna Mezzogiorno).
Porém, como Mussolini é casado e pretende voos políticos maiores, rejeita Ida ainda grávida. Interpretada com toda intensidade por Giovanna, ela não abaixa a cabeça, insiste em colocar o nome de Benito em seu filho, até que termina num hospício. Além de tudo, resgata uma personagem sepultada pela história. Brilhante. (Ronaldo Victoria)

domingo, 26 de setembro de 2010

Napoli Napoli Napoli

Habitantes de Nápoles têm destaque no documentário
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A ideia do documentário é mostrar a face menos conhecida de Nápoles, cidade italiana geralmente mostrada em comédias ou dramas do realismo com aquelas vielas escuras cheias de varais com roupas. Quem dirige é Abel Ferrara, americano geralmente superestimado por seus filmes que flertam com o escândalo inútil. Aqui ele tenta entender as próprias origens, já que seus antepassados vieram de lá.
Ferrara acerta e muito quando entrevista presidiárias que contam de forma bem franca a história de vida, o envolvimento com o crime e a inevitável ligação com a Camorra, a máfia napolitana tão bem retratada no livro e filme Gomorra.
Porém, não é tão bem-sucedido quando entrevista autoridades como a prefeita setentona e o diretor de um centro que leva o nome de Diego Armando Maradona, jogador argentino que até hoje é ídolo após anos jogando pelo Napoli. E muito menos quando encena uma ficção em que dois mafiosos tentam matar um delator. É irregular, mas as partes positivas superam as negativas. (Ronaldo Victoria)

sábado, 25 de setembro de 2010

O Refúgio

Isabelle Carré e Melvil Poupaud: inferno das drogas
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As primeiras cenas do drama francês são impactantes. Mostram um jovem casal, Louis (Melvil Poupaud) e Mousse (Isabelle Carré), trancado num apartamento e entregue ao vício da heróina. Os dois "se picam" mutuamente, com agulhadas até no pé. Mas o rapaz morre de overdose e a moça tem duas descobertas: primeiro que ele era milionário e segundo que está grávida.
Apesar dos pedidos da família de Louis que aborte, decide ter a criança e vai curtir a gravidez numa casa de praia, o seu refúgio. De repente aparece no lugar, o meio-irmão de Louis, Paul (Louis-Ronan Choisy), que se assume homossexual, o que provoca uma certa decepção em Mousse.
Essa parte da praia é arrastada e não se entende muito onde quer chegar o diretor François Ozon, de obras sempre marcantes como Sob o Sol e Oito Mulheres. Até que chega o final, após o nascimento da filha da moça, que fica realmente surpreendente. O resultado final, porém, se torna mediano. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

As Melhores Coisas do Mundo

Fiuk e Francisco Miguez: tesouros da juventude
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Parece paradoxal, mas o novo filme de Laís Bodansaky foi tão elogiado por parte da crítica especializada que muita gente ficou até com o pé atrás. Pois bem, não é assim uma maravilha da sétima arte, mas consegue pintar um retrato sicnero e inteligente da passagem da adolescência para a vida adulta. Para Laís, que vinha de uma experiência com um filme sobre a terceira idade (Chega de Saudade, que ainda por cima era chato), foi um crescimento.
O personagem principal é Hermano, ou Mano (Francisco Miguez, uma descoberta), de 15 anos, que tenta se entender num terreno que parece uma selva ou um campo de batalha: o colégio particular onde estuda. Mano precisa se acertar com várias coisas, da descoberta do amor, a vocação, e as complicações de sua família.
Tem a questão do irmão depressivo, Pedro (Fiuk, nova mania de adolescentes), o pai que se assume homossexual na meia idade e o bullying, principalmente na versão eletrônica, uma realidade cada vez mais presente. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Um Doce Olhar

Erdal Besikcioglu e Boras Altas: mel nas florestas turcas
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O drama turco foi o vencedor do último Festival de Berlim, de onde saiu com o Urso de Ouro de melhor filme. Mas é bom avisar que se trata de uma obra de ritmo lento, contemplativo, muito mais cheia de silêncios do que de som. Ou seja, para quem curte filmes de arte é um sonho. Já para quem não está acostumado, tem tudo para ser um pesadelp.
O personagem principal é Yakup (Erdal Besikcioglu), que trabalha na floresta do interior da Turquia vivendo da natureza. O mel é também sua fonte de sustento, tanto que o título original do filme, Bal, quer dizer mel. É por causa dele que Yakup sai em busca de sustento para a sua família.
O filho Yassuf (Boras Altas), enquanto espera o pai ao lado da mãe, enfrenta problemas cotidianos como a adaptação na escola, onde tenta dar uma de malandro junto aos colegas. É uma experiência interessante, mas em alguns momentos o ritmo lento da narrativa chega a pesar. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Antes que o Mundo Acabe

Trio de adolescentes descobre dores da vida adulta
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É pena que este belo filme está ficando restrito ao circuito de arte, limitado a pequenas salas alternativas das capitais, e nem esteja sendo exibido pelos interiores brasileiros. Pena porque se passa todinho no interior gaúcho e fala exatamente das dores e delícias de viver em pequenas cidades. Mais dores, embora hoje qualquer adolescente consiga ter acesso aos isntrumentos da modernidade.
Não consegue, porém, passar para a vida adulta sem as marcas da transição. É isso que mostra a delicada direção de Ana Luiza Azevedo. O herói é Daniel (Pedro Tregolina), que não desgruda da namoradinha, Jasmim (Bianca Menti) e do melhor amigo, Lucas (Eduardo Cardoso). Eles moram numa pequena, e fictícia, cidade do Rio Grande do Sul onde todo mundo se conhece.
O mundo de Daniel começa a balançar quando Mim "pede um tempo" na relação e ele desconfia que Lucas não é tão amigo assim. Para complicar (ou melhorar?), começa a receber cartas do verdadeiro pai, um fotógrafo idealista que botou o pé na estrada. Encantador. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Aproximação

Juliette Binoche encara conflitos na Faixa de Gaza
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Um clichê a respeito dos filmes considerados de arte é aquele que garante ser quase todos difíceis, com ritmo lento e candidatos a abusar da paciência do espectador. No caso das obras o israelense Amos Gitai, infelizmente, essas teorias parecem ser verdadeiras. Tudo bem que ele é sério e que suas histórias falam de questões importantíssimas, como a eterna pendência entre judeus e palestinos, mas até chegar lá... dá uma canseira.
Aqui a personagem principal é Anna, intelectual francesa vivida por Juliette Binoche. Quando seu pai morre, ela tenta se entender com o meio-irmão Uli (Liron Levo), fruto de outro casamento do pai. Ao mesmo tempo, descobre algo ainda mais grave, que o velho mantinha relações com a filha que abandonou na juventude.
Ela é Dana (Dana Igvy), que está como colona na Faixa de Gaza, área de permanente tensão entre os dois lados. Anna vai para lá e descobre muitas certezas. Essa segunda parte ainda se salva, mas a primeira, até com participação sem muito sentido da soprano Barbara Hendricks, chega a ser insuportável. Até mesmo Juliette não está em seus melhores momentos. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

5 x Favela - Agora por nós mesmos

Filme fala sobre o cotidiano dos morros cariocas
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Sucesso nos anos 60, época de populismo artístico e ditadura militar, 5 x Favela marcou o aparecimento de diretores identificados com o movimento Cinema Novo, como Cacá Diegues. Ele agora é o produtor e o subtítulo mostra que os cineastas atuais são nascidos e moram nos morros cariocas. Ou seja, falam do que vivem. Ganhou vários prêmios no Festival de Paulínia, mas não fez tanto sucesso nas salas.
Pode ser por que muita gente acha que filme brasileiro falando de favela é algo que já cansou. Ok, mas este é diferente. Não há aquela tentativa de mostrar favelados como pessoas sem opção na vida. Ou derrotados, ou sem alegria. Como são cinco episódios, há uma certa irregularidade, mas o conjunto vale a pena.
Os melhores são o primeiro e o último, que mostram um rapaz tentando se acertar na faculdade apesar do chamado do tráfico, e a divertida véspera de Natal com falta de luz no morro. As outras histórias mostram meninos em volta com uma galinha e uma pipa, e um acerto de contas entre um policial e traficante (este o menos inspirado). (Ronaldo Victoria)

domingo, 19 de setembro de 2010

Enfim Viúva

Jacques Gamblin e Michèle Larorque: amor em segredo
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A comédia é francesa, mas nem parece. O clichê cinematográfico diz que a França quase sempre faz filmes "cabeça", cheios de mensagens e com dicursos intelectualizados. Essa nova obra de Isabelle Mergault (a mesma de "Você é tão Bonito") às vezes exagera, pois algumas situações soam até forçadas para provocar riso. Quem diria, um filme francês que só quer divertir! E em boa parte do tempo consegue, tanto que está fazendo sucesso em São Paulo.
A personagem principal é Anne-Marie (Michèle Laroque), dona de casa que tem um marido insuportável, o médico Gilberto (Wladimir Yordanoff), que a trata como uma boba. Ao fazer ginástica na cidade praiana em que moram, conhece Léo (Jacques Gamblin), charmoso construtor de barcos que está de viagem marcada para a China.
Um dia acontece o imporvável: Gilbert morre num acidente de automóvel. Justamente quando ela iria abandoná-lo para ficar com o amante. Mas chega toda a família do marido para "consolar" a viúva, que tem de disfarçar o fato de estar dando graças a Deus. Aí pintam muitas confusões, claro. (Ronaldo Victoria)

sábado, 18 de setembro de 2010

Uma Noite em 67

Gilberto Gil no festival que revolucionou a MPB
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A noite de 1967 a que se refere o título do documentário brasileiro foi a da final do 3º Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record. Para que a gente tenha uma ideia do nível, a canção vencedora foi Ponteio, de Edu Lobo e Capinam. E nas outras posições ficaram Domingo no Parque, de Gilberto Gil; Roda Viva, de Chico Buarque; e Alegria Alegria, de Caetano Veloso. Nada menos que quatro clássicos.
O filme relembra, em cenas de arquivo, toda a empolgação da época. Havia torcidas furiosas, muita vaia, além de gritos de "lindo" para o jovem Buarque. As entrevistas, a cargo de Randal Juliano e Cidinha Campos, também são muito legais.
O roteiro também mostra que aquela competição não foi apenas um programa de televisão, mas ganhou uma importância histórica. Primeiro havia a ditadura que no ano seguinte se endureceria de vez. Depois, começava a divisão entre MPB tradicional e inovadora, com uma incrível passeata contra a guitarra. E logo Caetano e Gil lançariam o Tropicialismo. Delicioso, não apenas para saudosistas. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Segredo dos Seus Olhos

Soledad Villamil e Ricardo Darín: sentimentos guardados
Foto: AllMovie Photo
Foi considerada surpresa a vitória deste drama argentino para o Oscar de filme estrangeio, já que a maioria das apostas dava como certa a escolha do alemão A Fita Branca. Mas não se pode de forma alguma dizer que foi injustiça, e a justiça afinal é o mote de seu enredo. Trata-se de uma obra madura do talentoso Juan José Campanella. Se nas anteriores, O Filho da Noiva e O Clube da Lua, ele até se deixava levar pelo sentimentalismo, agora escolhe um estilo seco e cortante.
Benjamin Esposito (Ricardo Darín, seu ator favorito) é um oficial de justiça amargurado que relembra fatos acontecidos 25 anos atrás. A história está ligada a Irene (Soledad Villamil), sua chefe e a mulher a quem nunca confessou seu amor. Na trajetória de ambos surge o assassinato de uma bela mulher.
O culpado acaba sendo preso, graças a obstinação de Esposito, mas a sujeira da política faz com que o criminoso fique solto pelas ruas. A história surpreende no final e deixa um travo amargo. Até que ponto o rancor guardado também mata? (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A Fita Branca


As crianças na aldeia: cotidiano misterioso

Foto: AllMovie Photo

É difícil, sim, assistir esse filme. Afinal, é um drama pesado, com narrativa lenta, duas horas e meia de duração, e em preto-e-branco. O diretor, o austríaco Michael Haneke, não facilita, pois é especialista em obras polêmicas como Violência Gratuita e Cachê. Mas tem tudo para ser uma experiência enriquecedora. Tanto que ganhou a Palma de Ouro do último Festival de Cannes e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro.

Haneke ambienta a história numa aldeia alemã do começo do século passado. Estranhos fatos começam a acontecer. Uma corda é esticada em frente à casa de um médico, provocando um acidente com o doutor e seu cavalo. Um celeiro é incendiado. Duas crianças com dificuldade são torturadas. Enquanto investiga os fatos, pelos olhos de um tímido professor de canto, mostra o cotidiano do local.

É uma vida difícil, cheia de repressão. Um pastor castiga fisicamente os filhos e coloca a tal fita branca como recompensa. O médico massacra verbalmente a babá de seus filhos, apaixonada por ele. O barão vive corroído pelo ciúme da esposa. São muitos personagens, mas todos têm sua importância. O final deixa claro que naquele lugar já estava instalado o vírus do nazismo, que assombraria o mundo logo depois. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Ressaca

Clark Duke e John Cusack: nerds em apuros
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O que torna uma comédia interessante? Entre outras coisas, certamente a originalidade e o bom gosto das cenas. Só por isso já fica fácil dizer que esse filme, que acabou de entrar em cartaz nas salas de cinema, pode ser definido como fracasso. E chega a ser um espanto ver que John Cusack, ator sempre sério, embarcou nessa roubada ao virar até produtor.
Tudo porque o mau gosto toma conta do roteiro, com piadas que abusam do machismo, e fica difícil esconder que entra na onda de Se Beber Nao Case. Fala de quatro amigos sem muito o que fazer na vida. Adam (Cusack) foi abandonado pela mulher. Nick (Craig Robinson) tem a vida controlada pela esposa. Lou (Rob Corddry) adora festa, mas é meio bobo. Jacob (Clark Duke) banca o nerd que só pensa em videogame.
Um dia eles se reunem para beber, mas, sabe-se lá porque, acordam em 1986. A ideia até pode ser boa, o problema é o desenvolvimento. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Morte no Funeral

Chris Rock e Martin Lawrence são os filhos do falecido
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Tem coisas do cinema americano que a gente não consegue entender muito bem. Quando eles fazem adaptações de produções francesas ou italianas, por exemplo, sabe-se que é por conta da dificuldade (ou traço cultural, vá lá) em não ler legendas. Mas qual a explicação para uma nova versão de uma comédia inglesa? Só se for por que agora se ambienta a situação numa família negra e ruidosa.
Tirando isso, o roteiro e as situações são os mesmos. Até os créditos de apresentação são iguais. De curioso só o fato de o diretor ser Neil LaBute, pouco afeito ao gênero, já que é identificado mais com dramas com viés machista. Começa com a morte do patriarca, o corpo trocado na funerária e por aí vai.
Há os filhos que não se suportam (Chris Rock e Martin Lawrence), o tio esclerosado (Danny Glover), a filha caçula e o namorado (Zoe Saldana e James Marsden) que toma droga sem querer, o amante anão (Peter Dinklage, o único que repetiu o papel) do defunto e por aí vai. É possível dar risada, mas tudo que era sutil ficou explícito. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Criação

Paul Bettany vive um atormentado Charles Darwin
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Os duzentos anos de nascimento de Charles Darwin (completados em 2009) não poderiam passar em branco no cinema. Afinal, a teoria de evolução das espécies assinada pelo naturalista inglês (vulgarmente conhecida como a teoria que viemos do macaco) revolucionou o mundo. E seu trabalho é considerado o mais marcante para a ciência.
O viés escolhido pelo diretor Jon Amiel nesse drama, além da evidente genialidade de Darwin, é o caráter atormentado do homem Charles. Afinal, se até hoje a teoria evolucionists e criacionista se chocam, imaginem na Inglaterra do começo do século 19. Darwun, brilhantemente vivido por Paul Betany, experimenta esse confronto entre fé e conhecimento.
Casado com Emma (Jennifer Connely, mulher de Bettany na vida real), uma religiosa extremada, ele também enfrenta a angústia de perder a filha mais velha. E se pergunta se vale a pena encarar essa barra. A resposta foi a coragem de ter fé em sua genialidade. (Ronaldo Victoria)

domingo, 12 de setembro de 2010

A Última Música

Miley Cyrus e Liam Hemsworth: paixão e culpa
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Há um noovo fenômeno literário e por cosnegquência cinematográfico chamado Nicholas Sparks. O jovem escritor já teve vários livros adaptados para a telona como Noites de Tormenta, com Richard Gere e Diane Lane, e Querido John, que ainda não estreou. Seu estilo pode ser definido como um jeito moderno do velho água-com-açúcar.
São romances com algum toque divertido, mas sempre um final para soltar as lágrimas represadas. Algo que muito telespctador sensível adora, mas fica difícil para os críticos acharem algum mérito, até porque é mesmo uma fórmula um tanto gasta. Aqui a história fala sobre Ronnie (Miley Cyrus, a Hannah Montana), garota rebelde que não aceita o pai, Steve (Greg Kinnear), por ter abandonado a família.
Um diaa ela e o irmão caçula vão para a casa dele na praia e ela acaba conhecendo o bonitão e riquinho Bill (Liam Hemsworth, que nammorou mesmo Miley durante um tempo). Tudo parece caminhar para o acerto, mas aí a gente se pergunta: será que vai ter uma doença fatal nesse enredo? E não é que tem? (Ronaldo Victoria)

sábado, 11 de setembro de 2010

Quincas Berro D'Água

Paulo José (centro) interpreta o rei da malandragem
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Este ano começou outra vez um eterno retorno da obra de Jorge Amado, autor que nunca fica muito tempo esquecido pelo cinema e pelas novelas de TV. Ainda no final de 2010 deve estrear a nova aversão de Capitães de Areia, dirigida por uma neta de Amado. Esta versão é bastante agradável, diverte sem fica apenas no lado folclórico, risco que sempre se corre.
O herói é Quincas, advogado burguês que deixa de lado a família para cair na farra em Salvador. Ele não suporta as convenções sociais e acredita ser mais feliz ao lado de malandros e prostitutas. O apelido vem do fato de ter gritado uma vez que lhe ofereceram água, e não a cachaça com que se acostumou. Um dia acontece o inevitável: ele morre e seu enterro vira um acerto de contas entre os dois lados de sua vida.
As cenas divertem graças ao bom elenco. Paulo José, além do enorme talento, mostra a força de ter de permanecer imóvel em boa parte do tempo. Mariana Ximenes surpreende como Wanda, a filha reprimida, e Marieta Severo poderia ter aparecido mais. Mas é preciso relevar uma visão um tanto simplista de Amado, que dividia a humanidade entre burgueses mal amados e malandros de bom coração. Hoje a vida não é mais tão romântica. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ela é Demais pra Mim

Jay Baruchel e Alice Eve: o nerd e a princesa
Foto: AllMovie Photo
O título da comédia já deixa claro que se trata daquele título produto "areia demais para o meu caminhãozinho", certo? Ou seja, fala do carinha com jeito de nerd que se apaixona por uma princesa e paga o maior mico, não é? Então, que bom dizer que você não está certo. Acontece que o resultado é bem melhor do que se imagina.
Tudo por conta da originalidade do enredo e da sensibilidade da direção. A história fala sobre Kirk (Jay Baruchel, que está em alta e fez também O Aprendiz de Feiticeiro) e conhece a bela Molly (Alice Eve). Ele trabalha na segurança de um aeroporto e ela é uma bem sucedida promotora de eventos.
Na entre eles parece combinar. Mas quando a relação entre os dois começa a esquentar, vários estereótipos caem por terra. Isso porque o garoto não é tão bonzinho como se pensa, tem vários conflitos. E a moça não é exatamente uma destruidora de corações. Descubra. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Zona Verde

Matt Damon encara o caos no Iraque
Foto: AllMovie Photo
Nem mesmo a presença de Matt Damon e a assinatura do diretor Paul Greengras (responsáveis pelos melhores filmes da sensacional trilogia do agente Jason Bourne) fez com que essa aventura fosse sucesso nos Estados Unidos. E nem aqui. Lá a gente até entende, já que eles detestam refletir sobre a besteira que fizeram no Iraque. Aqui não se entende muito, por isso é boa dica descobrir nas locadoras.
O personagem principal é o militar Roy Miller (Damon), que em 2003 aterrissa em Bagdá, em plena ocupação do país, para chefiar uma grande equipe. O objetivo principal da missão é descobrir as tais armas de destruição de massa, desculpa usada por Bush e companhia para invadir o Iraque e tirar Sadam Hussein do poder.
Claro que logo Miller, definido como um idealista, se vê num cenário caótico transitando pela tal zona verde do título, a área livre da capital iraquiana. Ele fica dividido em conseguir algo que justifique a invasão ou encarar a verdade. O diretor prefere claramente a segunda opção, por isso pagou o preço. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Nosso Lar

Filme nacional tem produção de primeira linha
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Há dois fatos incontestáveis em relação ao filme brasileiro que acabou de entrar em cartaz, e com muita procura, nas salas de cinema. A primeirá, óbvia, é que tenta repetir o sucesso atingido por Chico Xavier, cinebiografia do médium que levou mais de quatro milhões de brasileiros às slas. A segunta, mais preocupante, é que se trata de uma obra em que a doutrina parece superar a arte.
É provável que quem professe a fé espírita se sinta reconfortado em sua crença. É de se perguntar se céticos terão a mesma opinião. Afinal, em que pese sua bela mensagem, não há como esconder que Nosso Lar, como cinema, é bem convencional.
É certo que se trata de uma produção grandiosa, ainda pouco comum aos padrões nacionais. Mas o texto por vezes soa didático demais. Os atores, a maioria ótimos, também ficam um tanto amarrados. No papel principal, o médico André Luiz, está Renato Prieto, ator com mais de 20 anos de carreira no chamado teatro espírita. Fernando Alves Pinto, Ana Rosa, Paulo Goulart e Othon Bastos também marcam presença no elenco. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Caso 39

Renee Zellweger encara o desconhecido
Foto: AllMovie Photo
O originalidade, decidamente, não é o forte deste suspense, ou terror, que não alcançou grande repercussão nas salas de cinema brasileiras. Já o exagero de muitas situações, com certeza, é seu forte. A história fala mais uma vez de crianças que não parecem tão inocentes assim, um subtipo de produções dentro do gênero, tal a quantidade de exemplos.
A heroína é a assistente social Emily Jenkins (Renée Zellweger), que trata de casos de violência contra crianças. Um dia, atolada de trabalho, com 38 casos em andamento, recebe mais um. E cabeludo, já que se trata de uma menina chamada Lilith (olha a originalidade dos roteiristas, já que Lilith seria na lenda o lado escuro de Eva).
A garota, interpretada por Jodelle Ferland, é a ameaçada de morte pelos pais, que são presos. De forma afoita, Emily resolve ficar com Lilith e aí começam seus problemas. Para Renée o filme não representou nada em termos profissionais, mas foi um grande ganho amoroso. Foi durante as filmagens que ela começou a namorar o bonitão Bradley Cooper, que faz um papel secundário e é o galã da hora, hoje seu marido. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Karate Kid

Jackie Chan e Jaden Smith: mestre e discípulo
Foto: AllMovie Photo
A aventura juvenil original, dos anos 80, embalou toda uma geração masculina e virou hit durante muito tempo na Sessão da Tarde. Muitos queriam ter um Senhor Miagi como mestre e se livrar dos valentões (naqueles tempos, o bullying não era tão marcante como hoje). E parece que naqueles dias havia mais poesia. E muito menos grana.
É o que os saudosistas podem sentir ao apreciar essa nova aventura, em cartaz com estardalhaço nos cinemas. Agora não há aquela aura trash e cult ao mesmo tempo. É tudo uma superprodução, com locações belíssimas na China.
Astro poderoso, Will Smith é o produtor e seu filho, Jaden, faz o papel de Dre, garoto americano que troca Detroit por Pequim por causa do emprego da mãe, Sherry (Taraji P. Henson). Logo arruma problemas com garotos locais e a salvação surge na pele de Han (Jackie Chan), o zelador que esconde ser mestre do kung fu. O resultado é um filme que, se não resulta poético, empolga em muitos momentos. (Ronaldo Victoria)

domingo, 5 de setembro de 2010

Direito de Amar

Colin Firth e Juliane Moore: sentimentos represados
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Drama que será sempre lembrado como a primeira experiência atrás das câmeras do estilista Tom Ford. É um filme charmoso e elegante como se esperava dele. Porém, deixa no ar uma certa frieza e muita melancolia. Sentimentos típicos do escritor Christopher Isherwood, autor de livros como Cabaret, e em quem o texto é baseado. Gay assumido numa época repressiva, Isherwood fala de homossexualidade com um travo amargo.
Natural para ele, nem tanto para Ford, um espírito livre. O personagem principal é um professor, George (Colin Firth, candidato ao Oscar pelo papel), que entra em crise quando seu amante, Jim (Matthew Goode), morre num acidente de carro. Naquele tempo, nem era dado ao namorado ir ao enterro.
De companhia ele tem uma amiga perua, a inglesa Charly (Juliane Moore, sempre ótima) e acaba se envolvendo com um jovem aluno, Kenny (Nicholas Hout). O final, porém, deve deixar alguns espectadores frustrados com a carga de dramaticidade. (Ronaldo Victoria)

sábado, 4 de setembro de 2010

O Aprendiz de Feiticeiro

Nicolas Cage e Alfred Molina: inimigos na magia
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Aventura juvenil com o selo da Disney, mas a marca do produtor Jerry Bruckenheimer. Ou seja, a fantasia acaba ficando em segundo plano por conta dos efeitos especiais e de um ritmo vertiginoso, igualzinho ao que o produtor imprime a todas as aventuras que cria para os adultos. Quer dizer, as crianças já vão aprendendo a ter olhar mais maduro rapidinho. Será que ver chifre em cabeça de cavalo achar que isso é perigoso? Bom, isso é mais assunto para psicologia que para o cinema.
Vamos ao filme. A história fala sobre Balthasar (Nicolas Cage, que mantém o carisma), um bruxo da Nova York atual. Mas, na verdade, ele vem de longe no tempo, de uma época em foi ameçado por Morgana para destruir os humanos.
Seu inimigo é Hovart (Alfred Molina), que retorna das trevas também. Porém, Balthazar sente que não conseguirá nada sozinho e recruta Dan (Jay Baruchel), um jovem franzino. É divertido, sim, mas às vezes parece irritante. Você decide. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Os Homens que não Amavam as Mulheres

Noomi Rapace e Michael Nyqvist: casal improvável
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Quem ainda não leu o livro do sueco Stieg Larsson (as obras dele valem como nunca o clichê "seguram o leitor da primeira a última página") tem a chance de conferir o filme. E adivinhem que lugar-comum se pode falar sobre o suspense? Claro, prende a atenção do espectador da primeira a última cena. Hollywood, que não é boba nem nada, já prepara a versão com Daniel Craig, o novo James Bond, estrelando e a novata Rooney Mara como Lisbeth.
Porém, é difícil que aumente o impacto dessa, falada em sueco. A história tem como personagem principal o jornalista Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist), da revista Millenium. Depois de uma matéria em que não apreseta provas suficientes contra um empresário, ele é processado e cai em desgraça. E acaba aceitando o desafio de procurar a sobrinha de um milionário que sumiu há 40 anos.
Para isso, conta com a ajuda de uma hacker, Lisbeth (Noomi Rapace), esquisita com visual alternativo e uma imensa tatuagem de dragão. Juntos eles mergulham numa trama em que a maldade humana não tem limites. Brilhante. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Origem

Joseph Gordon-Levitt e Leonardo DiCaprio: invasores de sonhos
Foto: AllMovie Photo
Chegou com estardalhaço nas salas de cinema esse filme que vem sendo saudado por nerds e descolados como um dos melhores de todos os tempos. No maior site especializado no assunto, o Internet Movie Database, já está em quarto lugar na votação dos internautas como a melhor produção de toda a história do cinema? Exagero? Pior que não. Merece.
O diretor Christopher Nolan costuma ser pretensioso e chato, como no Batman chato, mas tem muito a dizer. E quanto às críticas de que não dá para entender a trama, francamente me parece preguiça de pensar. Claro que é complicado, exige que o espectador pare para pensar mais de uma vez. Feito isso, é uma beleza.
A história fala sobre Cody (Leonardo Di Caprio), chefe de uma quadrilha de ladrões industriais que consegue descobrir segredos graças à incrível habilidade de invadir sonhos alheios. Um dia é convidado para fazer uma "inserção", ou seja, plantar uma ideia na cabeça de um jovem herdeiro. Daí acontece toda a trama que prende a atenção do começo ao fim. E os efeitos são fantásticos. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Último Mestre do Ar

Noah Ringer vive o avatar da fantasia
Foto: AllMovie Photo
Talvez o problema do indiano M. Nigh Shyamalan tenha sido começar no auge, em 1999 com O Sexto Sentido, que provocou uma revolução no gênero suspense e levou milhões de pessoas aos cinemas. De lá pra cá, ele só teve quedas na carreira e agora pela primeira vez parte para uma adaptação de história em quadrinhos.
O resultado não foi tão bem sucedido. Baseado num gibi famoso, tem como personagem principal um menino, Aang, vivido por Noah Ringer, que se descobre um avatar em um mundo do futuro. Por razões óbvias (o filme de James Cameron), não foi possível usar esse título. A história fala sobre o mundo dividido em quatro nações (fogo, terra, água e ar) e uma única pessoa sendo capaz de uni-las para evitar a guerra. Divertido, mas infantil demais. (Ronaldo Victoria)