quinta-feira, 30 de abril de 2009

Evocando Espíritos

Kyle Gallner em cena: sustos realistas
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Hoje em dia parece haver dois tipos de filme de terror: os dedicados ao público adolescente e os mais adultos. Os primeiros têm personagens daquela faixa etária envolvidos com tramas duras de engolir e que provocam gritinhos coletivos. Os outros trazem roteiros mais realistas.
Este, em cartaz nos cinemas (o título original é “The Haunting in Connecticut”, com direção de Peter Cornwell), é claramente do segundo tipo e até se assume como baseado em fatos reais. Fala de uma família que se une e se sacrifica para ajudar o filho, Matt (Kyle Gallner), a fazer um tratamento contra um tipo raro de câncer em outra cidade.
A mãe, Sarah (Virgínia Madsen), tenta segurar as pontas, mas o pai, Peter (Martin Donovan), não agüenta a pressão e cai na bebedeira. Para complicar, eles descobrem que a casa que alugaram era uma espécie de funerária em que um parapsicólogo maluco fazia experiências com os mortos. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Divã

José Mayer e Lília Cabral: casamento em crise
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A comédia dirigida por José Alvarenga Jr. conseguiu, na segunda semana de exibição nos cinemas, ultrapassar “Velozes e Furiosos 4” nas bilheterias. E boa parte do sucesso se deve à estrela, Lília Cabral, que após 30 anos de carreira, encara pela primeira vez uma protagonista, o que ainda não aconteceu nas novelas que a tornaram conhecida.
Lília vive com paixão e simpatia a dona-de-casa Mercedes, que um belo dia resolve fazer terapia. Vem daí o título, que começou como livro de Martha Medeiros, passou para peça de Marcelo Saback estrelada por Lília e agora chega à telona. Na história, Mercedes vive um casamento de 20 anos com Gustavo (José Mayer), mas que já caiu na acomodação.
Descobre então que nunca é tarde para dar uma virada na vida. Reynaldo Gianecchini e Cauã Reymond são os homens mais jovens com quem ela se relaciona, mas pouco têm a fazer a não ser mostrar beleza. Já Alessandra Richter brilha na pele da amiga, Mônica. É certo que o roteiro é um tanto esquemático e força a mão em algumas situações, mas a simpatia compensa. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Anjos da Noite - A Rebelião

Michael Sheen interpreta o líder dos lycans
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Essa série de filmes já teve dois episódios com duas características em comum: atmosfera sombria e roteiros confusos, cheios de reviravoltas, que a toda hora faziam o espectador se perguntar o que estava realmente acontecendo.
Agora, na terceira parte, originalmente chamada “Underworld – The Rise of Lycans”, o novo diretor, o francês Patrick Tatopoulos, preservou o ambiente escuro, já que não havia outra maneira. Afinal, a história é ambientada no mundo dos vampiros, criaturas da noite que ganharam a guerra e mantém os lycans, espécie de lobisomens, aprisionados.
Dessa vez os lycans se rebelam por meio de Lucian (Michael Sheen), que apareceu no primeiro filme. Além da luta entre os dois clãs, pinta uma relação do tipo Romeu e Julieta, já que Sonja (Rhona Mitra), filha do rei vampiro Viktor (Bill Nighy), se apaixona por Lucian. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Eu Te Amo, Cara

Jason Segel e Paul Rudd: cumplicidade masculina
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Comédia muito divertida e que inverte o sentido dos filmes do tipo. Primeiro que é uma comédia romântica voltada ao público masculino, o que é raro. Depois porque o personagem principal, Peter (Paul Rudd), logo na primeira cena encontra o amor de sua vida, Zoey (Rashida Jones). Mas depois precisa achar um amigo.
A questão é que as amigas da noiva percebem que Peter não tem um "brother", nunca foi chegado numa camaradagem masculina, e isso pode se transformar num perigo chamado marido grudento. Então ele se lança numa divertida procura por um camarada, enfrenta mal-entendidos como levar um beijo na boca de um cara na saída de um restaurante, mas acaba achando sua alma gêmea masculina em Sidney (Jason Segel).
Ele é folgado, fora dos padrões, e dá valiosas lições para o novo parceiro. Original, fala daquela cumplicidade entre dois homens que não necessariamente (quase nunca) envolve sexo. E os atores são ótimos. Vale a pena. (Ronaldo Victoria)

domingo, 26 de abril de 2009

Era Uma Vez

Vitória Frate e Thiago Martins: Romeu e Julieta na favela
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Depois que acontece, fica fácil de entender por que um filme fracassou. Mas, na época de seu lançamento, em julho do ano passado, “Era Uma Vez” ganhou enorme campanha de marketing, apoiada no fato de que Breno Silveira, o diretor, era o mesmo do fenômeno de popularidade “Dois Filhos de Francisco”.
Deu errado, como se sabe, e há provas como o fato de que nem foi exibido nas salas de Piracicaba e a versão em DVD demorou mais de seis meses para chegar às locadoras. Uma das razões é que comercialmente o título é fraco. E depois, histórias passadas em favela parece que enjoaram o público depois de fenômenos como "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite". Tanto que "Última Parada 174", lançado à mesma época, também deu com os burros n'água.
O roteiro fala sobre Dé (Thiago Martins), que mora no morro do Cantagalo e trabalha num quiosque em Ipanema defronte ao apartamento de Nina (Vitória Frate). Os dois acabam se apaixonando e pinta um Romeu e Julieta na favela. O filme até é talentoso, mas tem outro problema: o espectador adivinha o que vai acontecer no final. (Ronaldo Victoria)

sábado, 25 de abril de 2009

Quando Estou Amando

Gérard Depardieu e Cecile de France: amor e aparências
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Grande sucesso na França (chegou a participar do Festival de Cannes, apesar de não ser um filme do tipo de arte), não alcançou a mesma repercussão no Brasil, mas merece ser descoberto. O que esse drama romântico, escrito e dirigido por Xavier Gianolli, tem de melhor é uma interpretação memorável de Gérard Depardieu.
Sessentão, ele dá um show de talento na pele de Alain Moureau, crooner de uma banda que se apresenta em eventos do tipo “baile da saudade”. Gordo, com os cabelos aloirados cheios de mechas, ele usa roupas folgadas com camisas enormes para fora da calça e traz sempre uma bolsa de couro tipo capanga nas mãos.
No palco, se derrama em canções bregas, oportunidade para Depardieu demonstrar que também é um belo cantor. O personagem é tudo que a bela e complicada Marion (Cecile de France) tem vergonha de assumir. Mas entre eles, apesar de tantas aparências discordantes, pode nascer um amor verdadeiro. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Monstros vs. Alienígenas

Giganta em ação: diversão garantida
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Primeira animação da Dreamsworks feita para o formato 3D, ou terceira dimensão, tem efeitos de cair o queixo, embora sejam poucas as salas brasileiras equipadas para este tipo de exibição. Mesmo assim, a história e o clima da produção valem a pena. Têm tudo a ver com aquele tipo de filme, chamado de B ou de segunda classe, com história de monstros que, mesmo feitos para chocar, provocam risadas.
É assim como a personagem principal que, justamente no dia do casamento, é atingida por um misterioso meteorito e vira uma giganta. Perseguida por um laboratório secreto (comandado por um médico barata!), passa a integrar um time simpático formado por uma geléia sem cérebro, um bichão superdesenvolvido e uma lagarta de quase 100 metros de altura.
Juntos eles são convocados para defender o planeta da ameaça de seres extraterrestres e viram heróis. Até o quase marido da giganta tenta voltar para ela, mas nessa altura ela recuperou a auto-estima. Diversão garantida para todas as idades. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A Montanha Enfeitiçada

Dwayne Johnson e a turma em cena: brucutu em fase light
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Não, o título do filme não faz referência ao fato de The Rock ter sido vítima de algum feitiço. Até porque, apesar da montanha de músculos, o moço não quer mais ser conhecido pelo apelido de A Rocha com o qual era conhecido nos tempos de vale-tudo. Agora ele é Dwayne Johnson e quer deixar de lado os tempos de brucutu.
Johnson prefere agora estrelar comédias ou filmes para a família, como esse. Foi algo que Schwarzenegger ("Junior" e "Um Tira no Jardim da Infância"), Stallone ("Minha Filha quer Casar" e "Pare senão Mamãe Atira") e Vin Diesel ("Operação Babá") tentaram e se deram mal, voltando para a pancadaria.
Johnson parece estar levando mais vantagem nessa fase light, como em "Treinando o Papai" e principalmente como o espião ainda mais bobo de "Agente 86". Agora ele vive um taxista, ex-guarda-costas de um bandido, que um belo dia salva dois adolescentes (AnnaSophia Robb e Alexander Ludwig) sem saber que são extraterrestres que vieram para cá em busca de salvação para seu planeta. É agitado, divertido, faz passar o tempo, mas logo logo será atração fixa da "Sessão da Tarde". (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Velozes e Furiosos 4

Vin Diesel e Michelle Rodriguez em cena na República Dominicana
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O que uma pessoa que nem sabe dirigir pode aproveitar de um filme como esse, que estimula a adrenalina ao volante e até (dizem os críticos) incentiva os “rachas”? Deixando os preconceitos de lado e tentando ver suas qualidades como produto comercial. Afinal, é isso que a marca “Velozes e Furiosos” se tornou, e cada vez mais bem-sucedida, com filas nas portas dos cinemas e recordes nas bilheterias.
Agora, na quarta edição, a saga faz algo curioso. Se na terceira aventura os personagens originais deram um tempo (até se passou em Tóquio), essa, dirigida por Justin Lin, retoma o início. Por dois motivos: para dar mais gás à série e também porque os astros originais, Vin Diesel (Dominic) e Paul Walker (o policial Brian), não deram muito certo em outros projetos.
O filme começa em alto estilo, com uma perseguição na República Dominicana a um caminhão de gasolina. Tem a participação de Michelle Rodriguez, a Letty, cuja personagem morre logo de cara. As cenas de ação ficaram ótimas, mas isso é o mínimo. Só que não dá para esconder que o roteiro ficou chocho. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Presságio

Nicolas Cage e os números: tragédias anunciadas
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Filmes que falam sobre o fim do mundo já fazem uma tradição do cinema americano. E a coisa promete esquentar até 2012, por conta de uma profecia maia que anuncia o apocalipse para essa data. “Presságio” (no original Knowing), dirigido por Alex Proyas, chega embalado, trazendo Nicolas Cage de volta ao suspense depois de dois filmes fracos.
O roteiro tem um início empolgante. Começa há 50 anos, numa escola de primeiro grau, quando os alunos são convidados a desenhar sua visão de futuro e colocar numa cápsula do tempo que só seria aberta neste ano. Uma garotinha perturbada chama a atenção por ouvir vozes e desenhar uma sequência interminável de números.
Nos dias atuais, a cápsula é reaberta e vai parar nas mãos do filho de John (Cage), um cientista que decifra as séries numéricas como um conjunto de datas e número de vítimas de catástrofes. Tudo vai bem, com cenas impressionante de acidentes aéreo e no metrô, mas o filme parece acreditar demais em si mesmo e exagera no tom messiânico. O final chega a ser risível, o que é uma pena. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Valsa com Bashir

Documentário israelense opta pelo desenho-animado
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Vencedor do Globo de Ouro de filme estrangeiro, este documentário é diferente por vários motivos. Primeiro porque o diretor, o israelense Ari Folman, decidiu contar a história por meio de um recurso surpreendente para este tipo de realização: o desenho-animado. E depois porque ele conta algo em que esteve diretamente envolvido, como convocado do exército de Israel.
Na parte técnica, Folman dá uma lição de talento, com desenhos ao mesmo tempo belos e sombrios. Algumas passagens são bastante surreais, como convém, aliás, ao tema: o eterno conflito entre árabes e judeus no Oriente Médio.
O roteiro mostra como Folman e vários amigos participaram, ainda bastante jovens, do massacre ocorrido nos anos 1970 nos campos de Sabra e Chatila, localizados no Líbano e ocupados por palestinos. A dublagem é feita por ele mesmo e seus amigos, que recordam ao mesmo tempo o ímpeto da juventude que ajuda a encarar uma guerra e a fatal crise de consciência que vem depois. Nesse sentido, dá um exemplo de equilíbrio. As únicas imagens com pessoas são as finais, com as mães palestinas berrando por causa dos filhos mortos. Arrepiante. (Ronaldo Victoria)

domingo, 19 de abril de 2009

Katyn

Oficiais capturados antes da morte: cenas impressionantes
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O título deste drama forte faz referência a uma floresta polonesa onde aconteceu um dos maiores massacres na época da Segunda Guerra Mundial e talvez de toda a História. Naquele lugar frio, foram assassinados com um tiro na nuca 12 mil soldados poloneses, a mando do exército soviético. A ironia é que a autoria do crime foi durante muito tempo atribuida aos nazistas, que tomaram a Polônia em 1939.
O diretor Andrzej Wajda conta esta história trágica com fôlego e fúria, já que seu pai foi uma das vítimas. A primeira cena, grandiosa, já mostra o impacto do filme. Numa ponte, dois grupos de pessoas tentam fugir, não se sabe para onde. De um lado vêm os nazistas, de outro os comunistas, e o povo no meio.
A história é mais centrada no drama de Andrzej (Arthur Zmijewvski), oficial capturado, e sua mulher, Anna (Maja Ostazewska), que tenta entender a loucura da guerra. A cena final, com a morte coletiva, é impressionante. (Ronaldo Victoria)

sábado, 18 de abril de 2009

Entre os Muros da Escola

Bégaudeaus e seus "anjinhos" na sala de aula
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Este filme francês sensacional deveria ser exibido em todas as escolas, por ser uma bela lição de como a educação anda podre e de que maneira pode melhorar. Dirigido por Laurent Cantet, "Entre Les Murs", seu título original, ganhou a Palma de Ouro, prêmio maior do Festival de Cannes no ano passado, e com toda a razão.
O roteiro é baseado é no livro do professor François Bégaudeau, também intérprete do personagem principal, que ganhou o nome de François Marin. Tanto autor como personagem dão aulas numa escola no subúrbio de Paris, em que estão matriculados na maioria filhos de imigrantes, quase todos africanos.
É uma classe correspondente a nossa sétima série, fase em que a rebeldia aflora, principalmente porque eles não são considerados pertencentes ao país. A família também não tem tempo para eles e a relação na escola é pautada por conflitos.
Além do roteiro ótimo, o filme tem como atrativo o fato de que alguns alunos citados pelo autor no seu livro fizeram eles mesmos seus próprios papéis, mas isso não foi deixado claro para protegê-los. Fica uma mistura fascinante de ficção e realidade e não há como não se interessar pelos dramas do agressivo Souleimane, da sofrida Zoumbha ou da dissimulada Esmeralda. Obrigatório. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Tony Manero

Alfredo Castro: zé-ninguém sonha em ser John Travolta
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Quem tem mais de 30 anos sabe muito bem identificar o título. Tony Manero era o personagem vivido por John Travolta em “Os Embalos de Sábado a Noite”. E é a obsessão de Raúl (Alfredo Castro), que vive em Santiago no final dos anos 70 e pouco tem a fazer a não ser imitar o ídolo em programas de auditório brega no estilo Silvio Santos ou Raul Gil.
Enquanto não está nas emissoras, ele integra um grupo que faz showzinhos na pensão de quinta categoria em que vive. Mas Raul tem um lado sombrio e mata sem pensar, seja a vizinha de quem rouba uma televisão ou o projetista do cinema que trocou seu filme favorito por “Grease”.
O drama dirigido por Pablo Larrain foi elogiado, mas não dá conta de mostrar também a atmosfera de repressão que se vivia na época de Pinochet. E no final parece que o diretor mira a bizarrice apenas para incomodar o espectador. Como diria a canção, é um filme estranho, com gente esquisita. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Gran Torino

Clint Eastwood e seus vizinhos: lição de vida
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Foi estranho (ou injusto) Clint Eastwood não ter sido indicado para o Oscar de ator por sua interpretação vibrante neste filme dirigido por ele e em cartaz nos cinemas brasileiros. Eastwood faz, no papel de Walt, uma espécie de resumo de sua carreira, marcada por tipos durões. Depois da morte da esposa, Walt só tem como orgulho a marca de carro que dá título ao filme, guardado na garagem.
Walt acha os filhos dois panacas e sente arrepios ao ver a neta adolescente ir para o enterro da avó de barriga de fora e piercing no umbigo. O bairro onde mora em Detroit também não ajuda. Depois que a classe média se afastou, foi ocupado por imigrantes asiáticos, aos quais ele se refere sempre com apelidos grosseiros.
Na casa ao lado vive uma família da etnia hmong, vietnamitas que ficaram ao lado dos americanos na guerra e por isso foram escorraçados. Quando o filho mais novo da família passa a ser ameaçado por uma gangue, é hora de Walt e o garoto se unirem, numa parceria tão improvável quanto emocionante. O espectador ri e chora na mesma medida. É difícil não ficar tocado com seu belo final. Imperdível. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Che

Benicio Del Toro: guerrilheiro em cena
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Este é um filme ambicioso. Talvez até demais, o que pode ser um problema. Ficou com quatro horas e meia de duração e foi dividido em duas partes (claro, senão quem encararia?). Trata-se de um projeto pessoal de Benício Del Toro, que chamou para dirigi-lo Steven Soderbergh, com quem havia trabalhado em "Traffic" e ganhou o Oscar de coadjuvante.
O lançamento aconteceu no início deste ano, por motivos óbvios, afinal a revolução cubana completou 50 anos no dia 1º de janeiro. Mas foi nessa época também foi a que a mídia mais direitista começou a questionar o mito Che Guevara, com algumas revistas chamando o guerrilheiro de bandido.
Chega o filme e, talvez por uma questão de "coerência", as pedradas foram para a obra. A alegação foi de que a direção de Soderbergh e principalmente a atuação de Del Toro reforçam o lado santificado. Calma, não se pode fazer essa acusação sem ver a segunda parte. Essa primeira, em cartaz nos cinemas, tem como subtítulo "O Argentino" e trata do início do mito. Nessa fase conheceu Fidel Castro (Démian Bichir) e seu irmão Raul (o brasileiro Rodrigo Santoro) e decidiu lutar contra a ditadura de Fulgêncio Batista. O ritmo às vezes é um pouco lento, mas o retrato do homem não parece santificador. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Milk A Voz da Igualdade

Sean Penn está perfeito na pele do mártir gay
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Ninguém duvida que Sean Penn mereceu o segundo Oscar de ator por interpretar Harvey Milk. A intensidade com que se entrega ao personagem no filme dirigido por Gus van Sant até faz esquecer que há pouco tempo tinha fama de machão e de dar uns tabefes na mulher, uma cantora pop iniciante na época chamada Madonna.
Penn, em poucos minutos, incorpora o jeito suave, afetado e sem exageros, com que Milk ficou conhecido. Há 30 anos ele se tornou o primeiro gay assumido a ser eleito para um cargo político, o de supervisor, espécie de vereador, na cidade de San Francisco.
Naquele tempo, ninguém ousava sair do armário e Milk desafiou preconceitos e questões impensáveis hoje, como uma lei que pretendia demitir professores homossexuais apenas por conta de sua opção sexual. Quem hoje dança em paradas gay talvez nem saiba que deve muito a ele. Van Sant, ele também gay assumido, dirige com a dose necessária de emoção, mas sem pieguice. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Equilibrista

Philippe Petit desfilou entre as torres gêmeas em 1974
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O filme dirigido pelo inglês James Marsh ganhou o Oscar de documentário e entrou em cartaz nas salas brasileiras na semana passada. É uma ótima opção, por retratar um personagem incrível: Philippe Petit, que em 1974 andou em cima de uma corda bamba esticada entre as torres gêmeas do World Trade Center.
O roteiro mistura os dois tempos, mostrando os preparativos da incrível aventura, enfim realizada a 7 de agosto de 1974, poucos anos depois de o complexo ser inaugurado. Mostra como ele e a sua equipe planejaram toda a operação, incluindo o uso de arco e flecha para estender o arame entre os dois prédios.
Petit conta que tinha fascínio pelas torres desde quando era adolescente e leu numa revista, na sala de espera de um consultório dentário, que seriam construídas. Antes do objetivo final, "atacou" a Catedral de Notre Dame, em Paris, e a Ponte da Torre, em Sidney. No dia em que caminhou pelas torres, foi e voltou oito vezes pelo percurso, a 400 metros de altura, fez mesuras para o público e parou o trânsito, claro. Tanto que foi preso ao descer. É emocionante o resultado, ainda mais por mostrar um símbolo destruído pelo terrorismo em 11 de setembro de 2001. (Ronaldo Victoria)

domingo, 12 de abril de 2009

Paranóia Americana

Peter Krause: mania de perseguição
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Algum engraçadinho pode perguntar: como assim, paranóia americana, desde quando os americanos cultivam este tipo de sentimento? Pois é, o que se espera é que daqui para frente, com um presidente novo, parem de cultivar, e deixem a era Bush como uma triste lembrança.
Neste filme, dirigido por Jeff Renfroe, o sentimento paranóico toma conta o tempo todo. Logo nas primeiras cenas, sabemos que Terry (Peter Krause) foi demitido de seu emprego de contador. A irritação de começo é compreensível, mas ele exagera em tudo, como deixar a caixa simpática do banco com cara de boba com sua grosseria.
Em casa, a mulher, Marla (Kari Matchett), tenta entendê-lo, mas logo ele começa a implicar com o vizinho do Oriente Médio, Hassan (Kahled Naga). Até invade a casa do rapaz e imagina que os tubos de ensaio que o estudante recebe, para sua tese de mestrado, sejam materiais para um ataque terrorista. Para o público, o suspense e a tensão ficam garantidos. (Ronaldo Victoria)

sábado, 11 de abril de 2009

A Guerra dos Rocha

Taís Araújo, Ary Fontoura e Lúcio Mauro Filho: humor óbvio
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O maior destaque desta comédia dirigida por Jorge Fernando é Ary Fontoura interpretando um personagem feminino, o que ele faz com a competência habitual. Talvez esse seja o único destaque da produção que mais parece um episódio de novela ou um humorístico televisivo do que uma atração cinematográfica.
O problema é que Jorge Fernando, de reconhecido talento, optou pelo exagero. Ninguém fala, grita. Tudo acontece com vários tons acima. E as piadas são realçadas ao máximo para fazer com que o filme ficasse popular. Não ficou, tanto que fracassou nas bilheterias.
Ary vive Dina, uma viúva com três filhos malandros que não a querem, interpretados por Diogo Vilela, Marcelo Antony e Lúcio Mauro Filho. As noras (Ludmila Dayer, Giulia Gam e Taís Araujo) são três megeras. É possível rir com uma situação ou outra, mas é tudo óbvio demais. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Vida de Casado

Pierce Brosnan e Rachel McAdams: amor com ironia
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A fina ironia é a principal característica dessa comédia que não se pode chamar exatamente de romântica. O filme escrito e dirigido por Ira Sachs não mostra o casamento como uma tortura, mas certamente como algo a que muita gente se acostuma por medo de mudança.
Esse é o caso Harry (Chris Cooper), que leva uma vida perfeita (aos olhos alheios) com Pat (Patrícia Clarkson). Porém, um dia ele revela ao amigo Richard (Pierce Brosnan), um solteirão incorrigível, que vai largar a esposa para ficar com a jovem Kay (Rachel McAdams).
Com medo da mudança, ele planeja algo que considera piedoso: matar Pat, já que acha que ela não suportará a rejeição. Só que há dois outros fatos que ele desconhece: Pat não é tão dependente dele assim e Richard se apaixonou por Kay. O roteiro evita os lugares-comuns, o final é bastante coerente e o elenco é ótimo. Vale a pena descobrir. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Lista

Ewan McGregor: timidez usada em armadilha
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Jonathan (Ewan McGregor) é um contador tímido e metódico, desses que paqueram uma garota no metrô, mas não tem coragem de abordá-la. Wyatt (Hugh Jackman) é um executivo bonitão, charmoso, que não tem problemas para fazer o que quer. Os caminhos deles se cruzam na empresa em que trabalham, quando Wyatt simplesmente convida Jonathan para fumar um baseado no terraço.
A mudança maior acontece quando trocam sem querer os celulares e Jonathan ouve uma estranha mensagem: “Você está livre hoje?”, subtítulo do suspense dirigido por Marcel Langenegger. O que se segue é uma noite de sexo tórrido e o rapaz descobre que entrou numa espécie de clube em que esses encontros são marcados dessa forma, unindo pessoas para transar ao acaso.
A primeira parte do filme é bastante interessante, mostrando como a administração desumana das grandes corporações está criando pessoas sem sentimento. O problema é a segunda parte, que mostra o fato de que tudo não passou de uma armadilha e deixa o roteiro manjado demais. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Pagando bem, que mal tem?

Elizabeth Banks e Seth Rogen: amigos e amantes
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O título nacional da comédia de Kevin Smith já mostra a moralidade relativa dos personagens. É um mundo em que as convenções morais e sociais pouco (ou nada) valem quando a necessidade bate à porta. Em caso de crise financeira, vale tudo, até mesmo fazer um filme pornô caseiro.
É o que pensam os personagens principais, Zach (Seth Rogen) e Miri (Elizabeth Banks), trintões que dividem o mesmo apartamento, um muquifo caindo aos pedaços, do qual nem mesmo conseguem pagar as contas. A vida profissional também não anda lá essas coisas, com ambos trabalhando de balconistas.
Quando uma cena de Miri de calcinha cai no You Tube e vira um hit, Zach tem a idéia de fazer um filme pornô. A justificativa é muito simples: já que eles não têm nada a perder, só tendem a ganhar. A parte que mostra a reunião do elenco, com participação de Traci Lords e Kate Morgan (que já atuaram em produções pornográficas), tem humor bem pesado e com piadas escatológicas.
De repente, a partir do momento em que Zach e Miri transam em cena, tudo muda. Há até o argumento de que eles "não fizeram sexo mas amor", enfim se descobrindo apaixonados. Será que é para provar que no fundo do peito de um nerd desbocado também bate um coração? (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Espelhos do Medo

Kiefer Sutherland: reflexos do terror
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De folga temporariamente de Jack Bauer (no ano passado a série "24 Horas" não foi gravada), Kiefer Sutherland estrelou esse suspense dirigido por Alexandre Aja. Seu personagem pouco tem do agente que o tornou famoso. Ben é um policial em crise que perdeu o emprego por conta do alcoolismo e de um tiro mal explicado num companheiro.
A vida pessoal também anda um caos. Separado de Amy (Paula Patton), médica legista, pouco pode ver os dois filhos, e dorme no sofá do apartamento da irmã, Angela (Amy Smart). Até que aparece a chance de trabalhar de vigia num prédio abandonado, onde funcionava uma loja de departamentos que pegou fogo.
Logo ele descobre estranhos acontecimentos ligados aos espelhos do local. As imagens refletidas neles parecem ganhar vida e ordenar que as pessoas se matem. A descoberta seguinte é que, há 50 anos, o local abrigava um hospital psiquiátrico, de onde a maldição se iniciou. O problema do roteiro é exatamente esse. A explicação de tudo parece um tanto óbvia, o que faz com que o clima de suspense não mantenha o espectador aceso. É pena, porque a produção é de primeira e Sutherland tem um bom desempenho. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ele Não Está tão a fim de Você

Jennifer Connelly e Ginnifer Godwin: inseguranças femininas
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Sucesso atual nas salas de cinema, a comédia romântica dirigida por Ken Kwapis tinha realmente tudo para agradar. O elenco, além de bonito, é ótimo. E o texto é bastante atraente, conseguindo o feito de transformar um livro de auto-ajuda, que usa como base, numa história envolvente e com personagens humanos.
O ponto de partida, como explica a divertida introdução (que tem cenas até entre adolescentes japonesas e trabalhadoras africanas), é o fato de que, não importa o país, os homens quase nunca ligam no dia seguinte e demoram a se envolver.
Entre os personagens, as mulheres chamam a atenção. Beth (Jennifer Aniston) mora junto com seu amor, mas ele não pensa em casar. Anna (Scarlet Johansson) se sente objeto sexual. Janine (Jennifer Connelly) é casada e dominadora. Mary (Drew Barrymore) não dá sorte no amor. E Gigi (Ginnifer Godwin) é a mais interessante, retrato fiel da insegurança e carência que por isso se torna tragicômica. (Ronaldo Victoria)

domingo, 5 de abril de 2009

RocknRolla

Gerard Butler e Thandie Newton: vida agitada
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O subtítulo nacional é “A Grande Roubada”, o que não é uma tradução perfeita. RocknRolla, como define o personagem principal, o ladrão One Two (vivido com charme por Gerard Butler, o galã de “300”), é aquela pessoa que “cai no rock”, ou mete o pé na jaca, como a gente diz no Brasil. É o que faz o diretor, Guy Ritchie, que recuperou a forma dos tempos em que fez “Jogos, Trapaças e dois Canos Fumengantes” e logo após o divórcio.
Seu novo filme mistura ação e humor nas doses certas. One Two e sua gangue (incluindo um grandalhão que se assume como gay e tenta seduzi-lo) são recrutados por uma advogada fria e inescrupulosa, Stella (Thandie Newton), para roubar o dinheiro da máfia russa que ela deveria “lavar”.
Enquanto isso, some um quadro da sorte que um chefão russo deixa para Lenny (Tom Wilkinson), e o responsável é seu filho drogado. Agitado e divertido. (Ronaldo Victoria)

sábado, 4 de abril de 2009

Gomorra

Marco Macor e Ciro Petrone: bandidos pés-de-chinelo
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O título original faz uma brincadeira perigosa ao escolher o nome de uma das cidades devassas destruídas na antiguidade (a outra era Sodoma, lembra?). Mas fala mesmo é da Camorra, a máfia napolitana, uma das mais sangrentas e lucrativas do mundo. Perigosa porque o autor do livro no qual o filme de Matteo Garrone se baseia, o escritor Roberto Saviano, está até hoje escondido por conta das feridas em que botou o dedo.
Já o filme vem sendo elogiado em todo o mundo, e muita gente estranhou não ter sido indicado ao Oscar de produção estrangeira. É bom avisar, porém, que se trata de um filme difícil. O diretor fez uma espécie de painel, com um tom quase de documentário, unindo várias histórias.
O roteiro mostra que a Camorra está envolvida com muito mais coisa do que a gente imagina. Além de questões esperadas, como o tráfico de drogas e a exploração da prostituição, tira proveito até da moda e do lixo. Entre os personagens, chamam a atenção Marco (Marco Macor) e Ciro (Ciro Petrone), dois “manés” que entram de gaiatos numa teia de sangue. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Quem quer ser um Milionário?

Dev Patel (à esquerda) em cena: fábula empolgante
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Nessa altura do campeonato, a pergunta que (ainda) não quer calar é a seguinte: esse filme mereceu mesmo o Oscar? Sim, e todo o sucesso que vem alcançando nas salas de cinema. Atualmente alguns críticos vêm escrevendo artigos e mais artigos desancando o filme, mas o fato é o seguinte: alguns críticos detestam ganhadores de Oscar e principalmente aqueles que têm uma mensagem positiva.
E a mensagem positiva de “Slumdog Millionaire”, título original da mistura de drama e comédia dirigida por Danny Boyle, também ganhador do Oscar (o filme ganhou outras seis estatuetas), é bastante clara. O roteiro conta a história de Jamal e Said, dois irmãos que vivem numa favela infecta de Mumbai e precisam se virar após a morte da mãe.
Jamal, vivido por Dev Patel, não se contaminou pela miséria e leva uma vida digna. Até que entra para um programa de perguntas e respostas e levanta suspeitas por saber tudo. A história, em tom de fábula, conta que as respostas certas estavam todas ao longo de sua vida. Belo e empolgante. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Jogo Entre Ladrões

Antonio Banderas e Morgan Freeman: ladrões charmosos
Foto: Google Image
Segundo as regras de mercado atuais, um filme de assalto para fazer grande sucesso precisa provocar duas coisas: fazer a platéia torcer pelos ladrões, que devem ser charmosos, e ter um roteiro cheio de reviravoltas. Por isso que essa aventura, ainda em cartaz no cinema, com título original “Thick as Thieves” (EUA, 2009, direção de Mimi Leder), se não foi um fracasso, também não se tornou grande êxito.
A culpa não é dos atores, uma dupla formada por Morgan Freeman (sempre marcante) e Antonio Banderas (que assumiu os efeitos da idade e se tornou menos canastrão). Freeman vive Ripley, ladrão experiente que convence Jack (Banderas) a um golpe incrível: roubar dois ovos Fabergé que ficam na sede novaiorquina da joalheria Romanoff.
Feitos a mão ainda na época dos czares russos, essas peças valem uma fortuna. O plano para entrar no cofre é engenhoso. Mas, para dar gosto à trama, os ladrões guardam segredos um do outro. Só que a impressão final é mediana. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Alma Perdida

Gary Oldman e Odette Yustman: exorcismo judaico
Foto: Google Image
A imaginação dos roteiristas anda sendo desafiada para alimentar a fome voraz do público que curte filmes de terror. A prova é essa produção, com título original “The Unborn” (algo como o não-nascido), dirigida por David S. Goyer, é que está em cartaz nas salas de cinema.
O filme até dá uns bons sustos na platéia, mas geralmente são aquelas cenas manjadas de que está tudo calmo e de repente aparece uma cara aterrorizante. Tudo começa quando a jovem Casey (Odette Yustman) começa a ter sonhos com um menino esquisito. Por meio de uma senhora, Sofi (Jane Alexander), que depois sabe ser sua avó, descobre que teria um irmão gêmeo, que morreu na barriga da mãe, o que explica a mort da mulher quando ainda era criança.
Mais ainda, Sofi também tinha um gêmeo e os dois foram cobaias de Joseph Mengele num campo de concentração. Isso provocou o aparecimento de um dibuk, um demônio judaico, que terá de ser exorcizado pelo rabino Sendak (Gary Oldman). Não parece uma história meio “viajandona”? Pois é... (Ronaldo Victoria)