sábado, 28 de fevereiro de 2009

Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada

Steve Carell, Juliette Binoche e Dane Cook: triângulo amoroso
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O título nacional, além de bobo (grande novidade!) vai contra o filme. Afinal, dá a entender que dois homens “dividem” a mesma mulher. E a história mostra o contrário. É burrice da distribuidora, que tenta vender o filme como comédia apenas pelo fato de ser estrelado por Steve Carell, o astro de “O Virgem de 40 Anos” e “Agente 86”.
Pois o destaque é justamente mostrar que Carell também é ótimo vivendo um homem sensível e reservado. O título original é “Dan in Real Life” (EUA, 2007, direção de Peter Hedges) e mostra um cara tentando encarar esse pesadelo que é a vida real depois de perder a esposa e ficar com três filhas para criar.
Durante reunião na casa dos pais para o Dia de Ação de Graças, vai a uma livraria e conhece Marie (Juliette Binoche), tem uma conversa ótima e se encanta pela moça. Na volta conta aos parentes que finalmente alguém mexeu com ele. Mas logo aparece o irmão caçula, o mimado Mitch (Dane Cook) com a nova namorada e ... quem é ela? O roteiro, leve e sensível, mostra a família no feriado e Dan tentando sufocar a paixão que aconteceu à primeira vista. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Lemon Tree

Hiam Abbas (ao centro): a viúva e seus limões
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Eis um filme que merece ser descoberto. A história parece simples. Uma viúva sobrevive das árvores de seu limoal, tira seu sustento dos limões que vende, sendo uma mulher sozinha e independente. Um dia o vizinho implica com o limoeiro e manda que seja cortado por ser provável local de esconderijo. Simples, não? Nem um pouco. Afinal, a viúva, Salma, interpretada com garra por Hiam Abbass, é palestina e o vizinho é o ministro de defesa de Israel.
É desta situação de confronto que o filme extrai sua força. A produção, com título original “Etz Limon” (Israel, 2008), é dirigida por um israelense, mas tem como outro mérito não fazer apologia, não dividir a questão entre bons e maus, apesar de o diretor, Eran Riklis, ser israelense.
Parece também ser incrível que o roteiro seja baseado numa história verídica. Mas mostra também que a região onde os dois lados não conseguem se entender, existem pessoas como Salma, que lutam pelo que acreditam por uma questão de princípio e não do ódio que a política comum insufla entre as duas partes. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Falsa Loura

Rosane Mulholand e Cauã Reymond: bregas mas felizes
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Um retrato da alma brega brasileira. Assim poderia ser definido esse filme do cineasta Carlos Reichenbach, que já assinou produções parecidas, como “Anjos do Arrabalde” e “Garotas do ABC”. Fã do cinema neorrealista italiano, Reichenbach não retrata a classe média baixa como uma camada desvalida, explorada e que só tem desejo de sobreviver, vício de muitos cineastas brasileiros.
Ao contrário, Silmara, a personagem principal vivida com garra por Rosane Mulholand, é uma operária que assim que tira o macacão, acredita no seu charme. É uma garota “cafona sim mas feliz”, assim como muitas candidatas a Big Brother e rainhas da bateria. Nos fins de semana, ela vai com as amigas num salão de baile e, graças a seu visual, se envolve com dois cantores dos quais é fã: um roqueirinho cafajeste (Cauã Reymond) e o galã romântico (Maurício Mattar).
A cena de Silmara e o cantor interpretando um clássico cafona num cenário kitsch, com direito a mar de plástico, é muito legal. Curiosas também são as participações especiais, como Suzana Alves, a Tiazinha, Léo Áquila, como o irmão gay, e a Mamma Bruschetta de homem, como o gerente do salão. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Guru do Amor

Mike Myers e Jessica Alba no pior filme do ano
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Enquanto não assiste ao filme vencedor do Oscar (“Quem quer ser um milionário”, ambientado na Índia), que tal ver aquele que ganhou o Framboesa de Ouro, prêmio dedicado aos piores do ano? “The Love Guru” (EUA, 2008), dirigido por Marco Schnabel e estrelado por Mike Myers, foi a grande sensação do troféu dedicado aos erros do cinema, com três prêmios: pior filme, pior ator e pior roteiro.
Ver filmes como esse pode ser uma grande diversão, para dar risada não dele mesmo, mas sim da pretensão, do ridículo, da total falta de graça. Afinal, dizem que chato é filme mediano, os interessantes são ou os muito bons ou os muito ruins. E “O Guru do Amor”, pode acreditar, é péssimo.
Em comum com o filme do Oscar só mesmo a ligação com a Índia. É lá que foi criado Maurice (Myers), que vira o guru Pitka e ajuda a dona de um time (Jéssica Alba) de hóquei e um jogador de hóquei a se entenderem nas finanças e no amor. É tudo sem noção, sem propósito, sem limite, com o mau gosto dominando cada cena. Até Justin Timberlake, que “se acha” o gostoso do século, está ridículo na pele de um jogador garanhão. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Coraline e o Mundo Secreto

Coraline é uma menina solitária de cabelos azuis
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É o típico filme de animação que não ofende a inteligência do público infantil e, por isso, pode ser perfeitamente curtido pelos adultos. Aliás, é provável que os pequenos tenham dificuldade em entrar no espírito um tanto sombrio da história. Baseado num livro de Neil Gaiman, o filme dirigido por Henry Selick, o mesmo de “O Estranho Mundo de Jack”, em cartaz nos cinemas, é bem atual e traz uma mensagem importante.
Coraline, a heroína, é uma menina curiosa e esperta que se muda com a família para uma casa grande e que ela considera muito esquisita. A garota tem poucos amigos, além de um menino que ela acha estranho, e seus pais mal têm tempo para ela. São dois escritores ocupadíssimos que escrevem sob jardinagem, mas não mexem na terra. E reclamam de qualquer tentativa de Coraline em conversar. Atual, não?
Sem ter o que fazer, Coraline descobre uma passagem secreta onde tudo é o que ela sonha. A mãe está sempre disposta a conversar, o pai conta histórias. Mas eles têm botões no lugar dos olhos e podem cobrar um preço muito alto. Original e inteligente. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Pantera Cor-de-Rosa 2

Steve Martin, como Clouseau, ataca de falso toureiro
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Ir aos cinemas para ver o segundo filme da reedição dessa comédia clássica esperando encontrar o talento do diretor Blake Edwards e o estilo sutil do ator Peter Sellers, gênios da versão original, é pedir para ficar decepcionado. Nada mais diferente do que os dois produtos. É como se o primeiro fosse um vinho e o segundo um suco de uva.
Então, só relaxando para aproveitar o filme dirigido por Harald Zwart. A produção é de primeira, como se espera, mas o novo inspetor Clouseau, embora vivido por um ator talentoso como Steve Martin, parece mais um bobo, quando o de Sellers era mais para sem-noção. A comédia original tinha um tom mais natural e agora caiu de vez na farsa. Para complicar, a versão dublada arranjou um sotaque francês caricato para ele.
O roteiro fala de Tornado, ladrão internacional de relíquias preciosas. Para combatê-lo, é recrutado um “time dos sonhos”, com policiais de várias partes do mundo. Clouseau dá vários foras, de toureiro num restaurante espanhol e até no quarto do papa, mas no final (você sabe) resolve o enigma na pura sorte. (Ronaldo Victoria)

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Busca Implacável

Liam Neeson interpreta ex-agente determinado a salvar filha
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Liam Neeson trocou o papel de Schindler pelo de Rambo. Aos 56 anos, o ator irlandês que alcançou a fama como o defensor de judeus no clássico de Spielberg, vira o exterminador da máfia albanesa. Mas o filme, com título original “Taken” (Inglaterra/França, 2008), direção de Pierre Morel, é daqueles que a crítica adora falar mal. Disseram que é o tipo de espetáculo que incentiva a violência e que até dissemina preconceitos contra os europeus do Leste. Tadinhos! Os autores dessas análises se “esquecem” de que quem vai ao cinema ou aluga DVD quer diversão. E há o fator “e se fosse com você”? Se a sua filha fosse levada por exploradores de mulheres, você esperaria que as autoridades resolvessem o caso? Então tá.
É o que acontece com Bryan (Neeson), ex-agente da CIA que, por conta da profissão, se separou da mulher e da filha, Kim (Maggie Grace). Quando a garota vai a Paris com uma amiga, tudo acontece. Logo no aeroporto, chamam a atenção da quadrilha. A partir daí, começa o pesadelo. O que importa é que o filme cumpre o que promete ao espectador: é eletrizante e tem ação do começo ao fim. (Ronaldo Victoria)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Star Wars - The Clone Wars

Desenho animado tem visual esquisito
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Estar ligado a uma marca de sucesso nem sempre é garantia de que o produto será bem-sucedido. Que o diga este desenho animado, que nos cinemas não conseguiu seduzir nem um décimo da turma que é aficionada pela saga de George Lucas. Depois de lançar, no começo dos anos 2000, os três primeiros filmes da série “Guerra nas Estrelas” que, diga-se de passagem, o público achou bem pior que os três originais, Lucas achou que a história ainda dava caldo.
E por que não uma animação? Para isso chamou o diretor Davi Filoni com a missão de passar para o desenho os personagens clássicos. Aí que está o primeiro problema, porque o visual parece chapado. Feio, enfim, com personagens com um jeito esquisito
A história também não ajuda muito, com o aparecimento de uma menina Jedi que não diz muito a que veio. O roteiro ralo serve para o que realmente conta, que são as cenas de batalha. Mas é muito pouco para valer a pena. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Missão Babilônia

Michele, Melanie e Diesel: trama futurista com toques místicos
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Baseado em livro de um francês e dirigido por outro francês, Mathieu Kassovitz, justifica o fato de ter Vin Diesel liderando o elenco e apresenta um roteiro movimentado, com muita ação e toques de misticismo e ficção científica.
A história começa bem, mostrando o mercenário Toorop (Diesel) sendo convocado por uma figura sinistra (Gerard Depardieu com maquiagem estranha) para uma missão especial: levar uma garota que vive num convento do Casaquistão até Nova York. Tudo se passa num futuro não muito bem identificado, com meios de subsistência controlados, superpopulação e as pessoas com os passos totalmente vigiados.
A garota do convento, Aurora (Melanie Thierry), guarda algum segredo e é sempre controlada por Irmã Rebeca (Michele Yeoh). As cenas da viagem, pelas terras geladas do Norte, são bem bonitas.
Os problemas começam no final, em que se tenta explicar que Aurora seria uma espécie de Virgem Maria futurista. O filme acabou sendo renegado pelo diretor e pelo astro. Eles disseram que a Fox remontou o final a revelia deles. De fato, ficou bem frustrante. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Jogos Mortais 5

Tobin Bell no cartaz do filme: mundo insano
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A franquia “Jogos Mortais” é o tipo de produto hollywoodiano que segue perfeitamente aquela definição: ou se ama ou se odeia. Porém, mesmo quem odeia (e esse é o caso do redator deste blog), em nome do amor ao cinema, não se pode ignorar o fenômeno. Há uma garotada que adora e ficar falando mal parece ranzinzice. E depois, de nada adianta criticar, o povo lota as salas de cinema e não deixa de alugar o DVD.
Explicar por que faz tanto sucesso talvez seja papo para psicólogos, e não é o caso. Então, vamos tentar relaxar e aproveitar. Pois bem, essa quinta edição, assinada por David Hackl, volta a tentar explicar as razões de Jigsaw (Tobin Bell) para fazer tudo aquilo. O policial Mark Hoffman (Costas Mandylor) é o único que escapou das garras dele vivo mas fica cada vez mais fascinado por aquele mundo insano.
As cenas de tortura, que chamam mesmo a atenção, estão complexas. Há logo de cara a de um homem deitado e amarrado e uma machadinha que passa cada vez mais perto de sua barriga até abrir de vez. E cinco pessoas aprisionadas, com “direito” a serem mortas uma de cada vez, sendo o início uma loira decapitada. Para quem gosta, é um prato cheio. A sexta edição já começou a ser filmada e, dizem (ufa!) é a final. Será? (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O Advogado do Terror

Jacques Vergès: defensor de ditadores e terroristas
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Quem nunca ouviu falar do advogado francês Jacques Vergès, tema desse documentário, fica com vontade de, terminado o filme dirigido por Barbet Schroeder, não ouvir falar nunca mais. Sabe a expressão “advogado do diabo”? Pois ela se aplica como uma luva a Vergès, que estabeleceu como norma, durante sua carreira, defender aqueles que ninguém deseja representar.
A atuação dele começou nos anos 50, quando defendeu terroristas da argelina Frente de Libertação Nacional, que agia contra o colonialismo francês. Depois, a lista de clientes aumentou bastante, incluindo vários ditadores africanos, o sérvio Slobodan Milosevic, o iraquiano Saddam Hussein, o carrasco nazista Klaus Barbie e o mais famoso dos terroristas: Carlos, o Chacal.
Que lista, hein? E Vergès fala disso com orgulho, até empáfia, com a argumentação de que todo mundo tem direito de defesa. Então tá! A questão é que ele nunca parece ter superado o fato de ser vítima de preconceitos na França por filho de mãe vietnamita, o que faz questão de ressaltar. Talvez venha daí a necessidade de chocar. Como a de garantir que defenderia Hitler, por que não? “Eu defenderia até o Bush!”. Bom, não se pode negar que ele tem humor.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Recontagem

Laura Dern vive a secretária de Estado megera
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Não perca esse filme sensacional. É recomendado para estudantes, por mostrar de forma inteligente uma das maiores encrencas da história americana: a eleição presidencial de 2000, que deu a vitória a Bush, mas cujo resultado é questionado até hoje.
A hora de votar, aliás, é uma das poucas (se não a única) em que nós, com sistema totalmente eletrônico, damos banho neles. É de se perguntar como a maior democracia do mundo ainda insiste em fazer algo tão confuso e anacrônico. Há oito anos, o rolo aconteceu no estado da Flórida.
Então foi formada uma batalha judicial entre os comandos das campanhas de Bush (o vencedor?) e Al Gore (o perdedor?). O roteiro tem a habilidade de transformar esse assunto espinhoso numa história empolgante. O elenco afiado, com destaques para Kevin Spacey e Tom Wilkinson (como os chefes da campanha democrática e republicana) e Laura Dern (a secretária megera) dá um banho. Outra qualidade: não retrata os republicanos como corruptos. Feito para a TV a cabo HBO, venceu o Globo de Ouro. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

24 Horas - A Redenção

Kiefer Sutherland, como Jack Bauer: perigo na África
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Para quem é fã da série “24 Horas” (e existem milhões de admiradores no mundo todo), o ano passado foi de angústia. A greve dos roteiristas americanos fez com que eles esperassem pelo retorno, e 2008 passou em branco. No final da sétima temporada, o agente Jack Bauer (Kiefer Sutherland) estava péssimo, contemplando o infinito num abismo, quem sabe pensando em suicídio.
Vai daí que o jejum dos aficionados foi rompido por esse filme originalmente feito para a TV americana e dirigido por John Cassar. No roteiro, Bauer se envolve em algo terrivelmente complicado, e empolgante também: as guerras civis africanas. Ele está em Sangala, país fictício, numa missão humanitária, quando rebeldes sanguinários tentam derrubar o governo, usando crianças como soldados.
Enquanto isso, em Washington, terminam os preparativos para a posse da primeira mulher a se eleger presidente dos Estados Unidos. Todo mundo sabe que a série foi profética a colocar na ficção um negro neste cargo. A soma das duas tramas se revela empolgante e vale à pena, não só para os fãs. (Ronaldo Victoria)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Enquanto Ela Está Fora

Kim Basinger encara uma noite de terror
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Este filme de suspense destaca que uma pequena atitude não pensada, hoje em dia, pode gerar uma violência com a qual a gente não consegue lidar. Pelo menos serve para esse alerta, já que cinematograficamente não é lá grande coisa. Mostra também que Kim Basinger, a estrela de “Nove e meia semanas de amor” não anda numa fase boa, enquanto seu parceiro naquele sucesso, Mickey Rourke, ressuscitou e tem tudo para ganhar o Oscar deste ano.
A personagem principal do roteiro, também assinado pela diretora, Susan Montford, é Della (Kim), dona-de-casa que mora num condomínio fechado e é tratada com desprezo pelo marido arrogante. Em plena véspera de Natal, ela sai para passear no shopping. Claro que tem dificuldade para encontrar vaga no estacionamento.
Então, vê um carro velho ocupando dois espaços e comete a burrada de deixar um bilhete malcriado no pára-brisa, reclamando do motorista. Quando volta, uma quadrilha liderada por Chuckie (Lukas Hass, que era o menino de “A Testemunha”) quer tirar satisfações. O que se segue é um banho de sangue, bastante previsível. (Ronaldo Victoria)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Revólver

Jason Statham em cena: guerra entre gangstêres
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Ainda é muito recente para se falar do cineasta Guy Ritchie sem citar sua ex-mulher. Sabe quem é ela não? A Madonna, aquela cinquentona enxuta que acredita que Jesus é brasileiro. Pois é, Ritchie foi acusado de tudo, de ser oportunista, mas a impressão que fica é que o casamento não fez bem para a carreira dele. Não só por causa daquela comédia cretina que ele fez para a patroa estrelar, mas com tanto holofote ao lado...
Esse filme é do tempo em que ainda estava com ela, foi lançado em 2005. A história fala sobre Jake, interpretado com toda a secura por Jason Statham, que passa um tempão na cadeia por causa das armações de um bandidão meio (ou inteiro) canastrão, Macha. O tipo, vivido com estilo por Ray Liotta, usa cuecas estranhas com as quais passa horas em máquinas de bronzeamento artificial.
Pois bem, Jake consegue finalmente sair no xadrez, e descobre que tem uma doença incurável. O que fazer. Ritchie tem estilo, algumas cenas contam com tratamento estético lindíssimo, mas outra coisa da qual precisa se livrar é a influência excessiva de Tarantino. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Controle Absoluto

Shia LaBeouf e Michelle Monaghan: perseguição frenética
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Existe medo (ou paranóia) mais comum nos dias de hoje do que ficar imaginando que tudo o que a gente faz, de uma simples conversa no celular a um papo mais quente pelo MSN, possa estar sendo monitorado? Por isso, não fica difícil entrar no clima desse filme de ação vertiginoso, dirigido por D.J. Caruso, cujo título original é Eagle Eye (EUA, 2008), ou seja, algo como “olhos de falcão”.
Esse é o nome de um projeto secreto do governo americano (quem é paranóico a-do-ra esse lance) com a missão de fazer justamente isso: descobrir os segredos de todo mundo. No começo, os atingidos são Jerry (Shia LaBeouf, jovem astro em ascensão com nome esquisito), rapaz que foge da família porque se sente preterido em relação ao irmão gêmeo, e Rachel (Michelle Monaghan), moça recém divorciada que tem um filho músico.
O espectador não consegue entender por que eles estão sendo perseguidos. E é esse o charme de um filme de ação: deixar o público aceso para juntar as peças no final. E a máquina Eagle Eye, que tem voz de mulher, até parece uma homenagem a Hal 9000, o robô rebelde de “2001, Uma Odisséia no Espaço”. A produção executiva é de Steven Spielberg, o que explica os efeitos impecáveis. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Encarnação do Demônio

José Mojica Marins: eternamente polêmico
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Quando o novo filme de José Mojica Marins estreou nos cinemas brasileiros, em agosto do ano passado (mais precisamente em 08/08/08, data cabalística), a mídia dedicou páginas de jornais e revistas saudando a retomada, 40 anos depois, de seu mais famoso personagem, o Zé do Caixão. Os elogios foram unânimes. Aí, na hora da exibição, cadê o povo?
Em relação a Mojica, parece existir uma curiosa divisão. Enquanto os intelectuais o enxergam como um cineasta transgressor, o público parece só ver seu lado trash. Rita Lee já falou, numa música, algo que cabe bem para a situação: “Todos falam sério, todos eles levam a sério, mas esse sério me parece brincadeira.”
A questão é que se “Encarnação do Demônio” não é a obra-prima que tentaram dizer, o público pode vencer o preconceito e dar uma chance a Mojica. O roteiro fala sobre a saída de Zé do Caixão de uma prisão onde ficou por 30 anos em busca de sua obsessão: achar a mulher para criar seu filho perfeito. Algumas cenas são repelentes, mostrando torturas várias, como mulheres sendo enfiadas em baldes com baratas, saindo do ventre de um porco ou sendo mordidas por ratos. Mas, se a garotada vê isso com prazer em “Jogos Mortais”, por que não com o Zé do Caixão? (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Perigo em Bangkok

Nicolas Cage: matador de aluguel em conflito
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Nos últimos anos Nicolas Cage resolveu deixar de lado filmes mais densos como “Adaptação” e “Despedida em Las Vegas” (que lhe valeu o Oscar de melhor ator) e ser popular. Virou astro de filmes de ação, uma espécie de Stallone com mais neurônios, e tem escolhido atrações como “Motoqueiro Fantasma” e “A Lenda do Tesouro Perdido”.
Portanto, essa nova escolha até é coerente. Cage, que também é produtor, chamou para dirigir os irmãos Pang, nascidos em Hong Kong, e que já criaram nome no cinema de mistério oriental. Também porque, como o título deixa claro, a maioria da ambientação acontece na Tailândia.
Só as primeiras cenas se passam em Praga, onde conhecemos Joe, o matador de aluguel interpretado por Cage. Por meio dele, o roteiro aborda questões da profissão como nunca se apegar e apagar vestígios. Logo ele irá a Bangkok, onde terá uma série de missões. Recruta um parceiro nativo, Kong, namora uma garota muda que não sabe de seu segredo. Nada muito original, só o desfecho que é surpreendente. O que não se entende mesmo é o visual estranho de Cage. Precisava roubar a peruca do Beiçola? (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Noivas em Guerra

Kate Hudson e Anne Hathaway: talentos desperdiçados
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Uma bobagem. Não há definição melhor para essa comédia romântica boba, que desperdiça os talentos de Kate Hudson (também produtora e nos últimos tempos insistindo no mesmo tempo de produção) e Anne Hathaway (essa sim um talento em ascensão, até mesmo candidata ao Oscar este ano, mas claro que por outro filme).
O ponto de partida do filme dirigido por Gary Winick (de “De Repente 30”), em cartaz nos cinemas, é no mínimo polêmico: não importa o grau de satisfação pessoal, toda mulher sonha em se casar de branco. Será que elas só pensam nisso? Pelo menos a egocêntrica Liv (Kate) e a cordata Emma (Anne) pensam, desde a infância. Aí resolvem realizar o sonho, ficam noivas na mesma época e marcam o casamento em junho no hotel Plaza, em Nova York.
Mas, por causa de um erro, as cerimônias delas são marcadas para o mesmo dia. Uma das duas terá de desistir. Tudo bem, dizem os noivos, vamos fazer o casamento duplo. Imagina! Como elas são mulheres (é o que parece defender o filme), se lançam numa guerra idiota em que uma amizade de 20 anos vira ódio por causa de um capricho. Bela visão da alma feminina, não? Se pelo menos tivesse graça, a gente engolia. Perda total de tempo. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Maratona do Amor

Simon Pegg: corra, gorducho, corra
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O título nacional é bastante água com açúcar e não dá conta de transmitir o espírito desta comédia inglesa bem interessante. Melhor lembrar o título original, “Run Fat Boy, Run”, algo como “corra, gorducho, corra”. Quem estrela é Simon Pegg, também ator no impagável “Chumbo Grosso”, sobre um policial de uma cidadezinha inglesa que adorava imitar os tiras dos filmes americanos de aventura.
Aqui Pegg, cuja cara e talento são perfeitos para encarnar o típico “mané” que não vai longe na vida, interpreta Dennis, um segurança de butique. O problema é que no dia em que iria se casar com Libby (Thandie Newton), a namorada grávida, ele tem uma crise de insegurança e cai fora.
O tempo passa, Libby ainda deixa que seja amigo do filho, mas um dia anuncia que vai se casar com Whit (Hank Azaria), um executivo poderoso e praticamente perfeito. Ele corre todos os anos uma maratona beneficente. Vai daí que Dennis inventa de se inscrever na tal maratona, apenas para provar a Libby que não é o pateta que larga tudo pelo meio. O que se segue é engraçado e comovente. A direção é de David Schwimmer, o Ross da série “Friends”. (Ronaldo Victoria)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Nem por cima do meu Cadáver

Eva Langoria e Lake Bell: ciúme no andar de cima
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É uma comédia de humor negro com uma tese no mínimo polêmica: mulher quando é jararaca, é sempre jararaca, até no andar de cima. É o que acontece com Kate (Eva Langoria, de “Desperate Housewives”). A moça é tão neurótica e controladora que transforma a preparação de seu casamento num inferno. Até que uma escultura de gelo que rejeitou para a festa, aos berros, cai em cima dela e provoca sua morte, horas antes da cerimônia.
O noivo, Henry (Paul Ruddy), sente falta (do amor ou do controle?) e cai em depressão. Até que sua irmã convence Ashley (Lake Bell), chef de cozinha por profissão e médium trambiqueira nas horas vagas, a dizer ao rapaz que entrou em contato com Kate e que ela deseja vê-lo casado de novo.
O problema é que Kate realmente se comunica com Ashley e, claro, tem ataques de ciúme por causa do noivo. Como dá para perceber, o roteiro do filme, que tem título original “Over Her Dead Body” (EUA, 2008), com direção de Jeff Lowell, não faz o menor sentido e cai no mau gosto. Quem conseguir superar isso, pode até rir dos exageros. (Ronaldo Victoria)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Control

Sam Riley na pele do roqueiro depressivo
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“Este filme foi produzido originariamente em preto-e-branco”. Quando a Globo fazia esse anúncio nos anos 70, a gente reclamava, já que a televisão em cores era a grande novidade. Hoje a prevenção contra filme em preto-e-branco deve ser ainda maior, e esse drama inglês corre o risco. Foi uma opção certa do diretor Anton Corbijn, que nos anos 90 dirigiu a maioria dos clipes do Nirvana e era amigo de Kurt Cobain.
A história, aliás, também fala de outro talento autodestrutivo: Ian Curtis, vivido com talento por Sam Riley, que no começo dos anos 80 era o vocalista e líder da banda Joy Division. Além do enorme talento, Curtis tinha problemas mentais acarretados pela epilepsia não tratada de acordo e uma grande dose de paranóia. As apresentações dele ao vivo eram sempre extremadas. E vendo no filme a gente descobre de onde Renato Russo tirou aquele jeito e aquela dancinha estranha.
O suicídio pareceu a opção natural para Curtis. E os ex-companheiros de banda acabaram fundando o New Order, que entrou para a história. Tenso, verdadeiro, e com belos musicais, como o maior sucesso de Curtis, “Love Will Tear Us Apart”. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Entre a Vida e a Morte

Paul Walker estrela filme que fala sobre pena capital
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A história começa falando das dificuldades de Ben (Paul Walker) para retomar a vida comum após ter perdido o emprego. Bem que ele tenta se segurar, mas tem mulher e filha —— Lisa (Piper Perabo) e Katie (Broklyn Proulx) —— e acaba cedendo à tentação de participar de um assalto.O problema é que dá tudo errado, morrem funcionários da empresa invadida e ele é preso. E, como o roteiro se passa no Texas, é condenado à morte. Então, aparece a angustiante cena do condenado colocado praticamente na posição de crucificado para receber a injeção letal.A cena seguinte do drama, cujo título original é "The Lazarus Project" (EUA, 2008), com direção de John Glenn, mostra Ben andando por uma estrada e pegando uma carona com o médico que toma conta de uma clínica. Com o decorrer da história, na cabeça do espectador surgem duas teorias: 1 - A primeira parte da história foi um sonho de um homem mentalmente perturbado. 2 - Na hora H a pena de morte não foi aplicada, por conta de algo que saberemos depois.Qual será a verdadeira? Pode ser que haja uma terceira opção. Seja qual for, é interessante acompanhar. Não é uma obra-prima, claro, mas se acompanha com prazer. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Vida num Só Dia

Frances McDormand vive governanta sem sorte
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Comédia romântica inteligente (e que faz refletir), merece a chance de ganhar destaque nas prateleiras das locadoras. O roteiro do filme, com título original “Miss Pettigrew lives for a Day”, com direção de Bharat Nalluri, é ambientado na Londres dos anos 30, época em que, como hoje aliás, o que valem são as convenções sociais.
A Miss Pettigrew do título, vivida por Frances McDormand, é uma governanta sem sorte, demitida mais uma vez. Na agência de empregos, a dona rabugenta diz que acabaram suas chances. É quando ela ouve uma ligação para uma certa Delisia Fox e se apresenta como se fosse a empregada selecionada.
A vida de Delisia, interpretada por Amy Adams, é uma confusão. A atriz do teatro musical se divide entre três homens: o que banca seu apartamento, o filho do produtor e o pianista pobretão a quem realmente ama. Entre as duas mulheres nasce uma forte amizade e uma vai ajudar a outra a encarar os problemas. Frances, que já ganhou o Oscar, e Amy, a estrela de “Encantada” e candidata este ano, garantem o interesse. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Os Desafinados

André, Jair, Rodrigo e Angelo: quarteto em busca de um sonho
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Era natural que em 2008, quando foram comemorados os 50 anos da bossa nova (aliás, tanta matéria sobre isso até cansou), fosse feito um filme sobre o assunto. Assim, surgiu “Os Desafinados”, de Walter Lima Jr., e talvez o filme não tenha alcançado tanto sucesso nos cinemas justamente por essa sensação de cansaço. O roteiro não pretende contar a história do movimento, mas sim fazer um balanço afetivo da música.
É bonito, bem feito, emociona em vários momentos, mas talvez seja mais bem apreciado pelas gerações que acompanharam melhor a época. Pode ser que a moçada mais nova ache tudo meio estranho. A história fala sobre um grupo chamado Os Desafinados. Há o pianista galã Joaquim (Rodrigo Santoro), o violonista Davi (Ângelo Paes Leme), o baixista Geraldo (Jair Oliveira) e o baterista PR (André Moraes).
Eles são acompanhados pelo candidato a cineasta Dinho (Selton Mello) na tentativa de fazer sucesso nos Estados Unidos. O roteiro é dividido entre o passado e os tempos atuais, em que eles já são maduros. Há até uma bela surpresa no final. Romântico e nostálgico, vale a pena ser conhecido. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Mandela - A Luta pela Liberdade

Joseph Fiennes e Dennis Haysbert: laços de amizade
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A história de Nelson Mandela, líder da resistência negra contra a política do apartheid na África do Sul, é conhecida em todo mundo e já virou símbolo. Mas esse filme, com título original "Goodbye Bafana" (EUA, 2007), dirigido pelo sueco Billie August, conseguiu a façanha de contar essa trajetória de um ponto de vista diferente.
O roteiro é mais centrado na figura de James Gregory (Joseph Fiennes), o carcereiro que passou boa parte da vida cuidando do líder negro, interpretado por Dennis Haysbert (o presidente de "24 Horas"). Tudo começa em 1968, na ilha em que Mandela e seus companheiros eram mantidos incomunicáveis. Por ter tido contato com negros na infância (Bafana, do título, é o nome de um deles), Gregory consegue conversar com Mandela em seu dialeto.
Não tarda para ser acusado de "amigo de negros" pelos outros guardas, racistas até a alma. Com o tempo se cria entre ele e Mandela um traço de união, uma ligação forte que pode ser chamada de amizade. É um filme comovente, que passa com força e seriedade por um momento histórico, sem soar aborrecido. Descubra. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Zohan Agente Bom de Corte

Adam Sandler em cena: desafiando o bom gosto
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Tem horas que a gente até pensa que Adam Sandler é um artista importante para o cinema. Isso porque ele estrela umas comédias com um humor tão duvidoso que só mesmo elogiando. Já que o politicamente correto, com suas amarras relativas ao bom gosto, tem se revelado uma prisão artística, só mesmo alguém com cara-de-pau suficiente para desafiar os padrões.
É nesse sentido que fica melhor analisar essa comédia, com título original “You Don’t Mess With the Zohan” (EUA, 2008), dirigida por Dennis Dugan. É de se perguntar se Sandler não teve a sorte de estrear um pouco antes de a situação de árabes e judeus voltar a ficar mais séria na Faixa de Gaza.
Isso porque o personagem principal, Zohan, é um agente judeu que, cansado de ser um agente especial do exército israelense, quer seguir seu sonho: ir para os Estados Unidos ser cabeleireiro. É isso mesmo, e é nessa batida que vai o roteiro, com situações que beiram o ridículo, ou mergulham nele. Só que provocam risada. E o que se pode querer de uma comédia? (Ronaldo Victoria)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Linha de Passe

Cleusa e seus quatro filhos: luta pela vida na periferia
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É estranho como foi difícil encontrar o filme de Walter Salles e Daniela Thomas na cidade. Em cinco locadoras pesquisadas, só havia em uma, e mesmo assim com poucas cópias. Na época do lançamento nos cinemas, tomou conta de páginas e páginas de jornais e revistas. É claro que vale a pena a busca.
Salles, que fez “Central do Brasil”, esse sim um grande sucesso, faz aqui um retrato da periferia de uma grande cidade. Cleusa (Sandra Corvelloni, que ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes) é empregada, tem quatro filhos e está grávida do quinto. Denis (João Baldasserini), um dos filhos, é motoboy e se envolve no crime. Dinho (José Geraldo Rodrigues) trabalha num posto de gasolina e virou evangélico radical. Dario (Vinicius de Oliveira, o menino de “Central do Brasil”) tenta a sorte no futebol. E Reginaldo (Kaique Santos) quer encontrar o pai.
Na verdade, eles formam uma família mas pouco se unem ou se falam, como as famílias de hoje. A ligação com o futebol expressa no título mostra isso. Linha de passe mostra o esforço de manter a bola em jogo. Talvez uns estranhem a falta de “moral da história”, mas isso se mostra desnecessário. Brilhante e humano. (Ronaldo Victoria)