sábado, 31 de janeiro de 2009

Uma Chamada Perdida

Shannyn Sossamon e Edward Burns: suspense sem clima
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Já falaram tanta coisa de celular, que provoca câncer ou que deixa bobo. Mas que mata é novidade. É o que acontece nesse filme de suspense, com título original de One Hear Call (EUA, 2008), dirigido pelo francês Eric Vallete na sua estréia em Hollywood.
Quem comanda tudo é um fantasma vingativo, que roga uma praga que se alastra pelos celulares. O telefone toca e a chamada cai. Quando o dono do aparelho vai olhar a tal chamada perdida, na sua caixa postal há uma mensagem para ele mesmo, de um futuro breve, com a hora de sua própria morte.
É uma adaptação de um original japonês produzido em 2003, chamado "Chakushin Ari", dirigido por Takeshi Miike. Esse que é o problema. O que fazia sentido dentro de um contexto oriental, fica com um clima ralo ao ser levado para um clima ocidental, com toda a necessidade de ter uma explicação racional.
A direção investe no óbvio, conduzindo a história de maneira preguiçosa e sem pique. Para complicar, os atores principais, Edward Burns e Shannyn Sossamon (ele está muito apagado e ela deveria mudar o sobrenome para "insossamon") não ajudam muito. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Pátria Proibida

Panther tenta se enturmar com crianças americanas
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Dê-se ao luxo de descobrir esse documentário sensacional e emocionante. "God Grew Tired of Us: The History of Lost Boys of Sudan" (EUA, 2007), dirigido por Christopher Quinn, conta uma saga incrível de resistência e superação.
Os personagens principais são os "garotos perdidos do Sudão", órfãos da sangrenta guerra civil que abateu aquele país. Sozinhos, eles atravessaram fronteiras nas piores condições —— "a gente pegava lama para comer e um esperava o outro urinar para matar a sede", lembra um deles ——, até que chegaram num campo de refugiados no Quênia.
Lá moraram sozinhos e aprenderam a se virar. Até que um grupo conseguiu ser aceito nos Estados Unidos. O roteiro mostra a aventura deles, mudando de um cotidiano tribal para o país mais avançado do mundo. É emocionante ver o choque e a sinceridade do primeiro contato. "Credo, que coisa horrível, isso tem gosto de sabão", diz um deles, sobre a comida de avião.
Em terras americanas, Panther, John e Daniel levam um susto atrás do outro: não entendem como funciona a eletricidade nem como a água sai pelo chuveiro, além de acharem geladeira o máximo. Mas também acham esquisita a forma como são olhados pelos americanos. A produção é do casal Brad Pitt e Angelina Jolie e a narração de Nicole Kidman. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Reflexos da Inocência

Daniel Craig interpreta um astro em decadência
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A capa do DVD "vende" o filme com a imagem do galã inglês Daniel Craig, o novo 007. Quem é fã do moço pode até se entusiasmar com as primeiras imagens, em que ele mostra muito mais do que naquela famosa cena da praia com a sunga azul em "Casino Royale". Porém, logo se descobre que Craig não aparece tanto assim.
Isso porque a trama de "Flashbacks of a Fool" (Inglaterra, 2008), dirigida por Baillie Walsh, deixa claro até no título em inglês (algo como ‘lembranças de um maluco’) que se passa mesmo no passado. No tempo presente, na pele de Craig, Joe Scott é um astro decadente, viciado, e que não consegue se acertar na carreira. A cena em que ele é demitido pelo agente, sem a menor consideração, é até exagerada.
Tudo muda quando recebe um telefonema avisando que seu melhor amigo morreu. Aí a trama se desloca para o tempo em que Joe era adolescente e começava a descobrir o mundo. O personagem é vivido nessa fase por Harry Eden, que nem se parece com Craig. O segredo revelado nem é tão impactante assim e a sensação final é um tanto morna. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Austrália

Nicole Kidman e Hugh Jackman: amor e exageros
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A direção do Cine Shopping comunicou na terça-feira mudança de horários. A partir de quarta, “Austrália”, que tinha até três sessões diárias (quatro às sextas e sábados), passa a contar com apenas uma, à noite. Existe fato mais evidente de que o filme fracassou na cidade? Um efeito parecido com a novela “Caminho das Índias”, que despencou logo de cara de 40 pontos para 30?
É viagem comparar o folhetim da Glória Perez com o épico de Baz Luhrmann? Nem tanto, porque os dois têm em comum o exagero, o apego ao kitsch. Luhrmann sempre foi assim, e se esse estilo funcionava em filmes como “Romeu + Julieta” e “Moulin Rouge”, que já tinham como ponto de partida a fantasia, quando se trata de falar de algo mais palpável, histórico, parte do público rejeita.
Na história, Nicole Kidman vive uma inglesa que chega a uma fazenda na Austrália pensando em surpreender o marido traidor. Mas encontra um país mergulhado nos conflitos raciais e, com ajuda de um capataz (Hugh Jackman), por quem, claro, se apaixona, enfrenta tudo. Exagerado mas divertido. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Corajoso Ratinho Despereaux

Com orelhas enormes, Despereaux ignora o medo
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Alguém ainda precisa explicar melhor por que os ratos se saem tão bem na fita. Começando por Mickey Mouse, passando por Bernardo e Bianca, e chegando em Ratatouille, o fato é um só: os roedores, tão repulsivos na vida real, viram umas gracinhas nos desenhos animados.
Agora chega mais um, e ainda mais engraçadinho. Em The Tale of Despereaux (EUA, 2008), dirigido por Sam Fell e Robert Stevenhagen, em cartaz nos cinemas, o ratinho dá uma aula de bravura e bom caráter, como adianta o título nacional. Até exagera na dose, pois na comunidade em que Despereaux vive, o sentimento mais cultuado é o medo.
E ele mostra desde o berço que não tem receio de nada. Para complicar, em vez de roer os livros, gosta de lê-los, o que é considerado um absurdo. Por isso, é banido para um poço onde conhece a ratazana Roscuro, que toma conta do início do filme.
Quando eles se encontram, surge também uma princesa, também condenada a viver com medo. O roteiro passa uma sutil lição de respeito às diferenças, o que é muito importante. Para crianças de todas as idades. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Surpresas do Amor

Reese Witherspoon e Vince Vaughn: encarando o passado
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É tão bom quando a gente vai ao cinema ver uma comédia... e consegue dar risada! Sim, porque, ranzinzince à parte, nos últimos tempos é comum que alguns filmes que se dizem cômicos provoquem tudo, menos riso. Esse aqui fez um sucesso enorme nos Estados Unidos na época do Natal (o título original é Four Christmases), mas pode ser aproveitado em qualquer época do ano.
A graça da fita dirigida por Seth Gordon é mostrar que família, passado, todas essas coisas que a gente teima em deixar para trás, não são uma maldição, mas algo em que a gente precisa se apegar para crescer. No início do enredo, Brad (Vince Vaughn) e Kate (Reese Witherspoon) formam um casal “descolado”, que não liga a mínima para família. Os dois vivem apenas para eles mesmos, seu mundinho particular, e nem pensam em filhos ou outros compromissos.
No Natal, então, eles fogem e dão desculpas esfarrapadas para as respectivas famílias. Tudo cai por terra quando são flagrados pela TV num aeroporto e obrigados a encarar o passado. Aí que descobrem que esconderam um do outro muitas coisas, têm vários esqueletos no armário, alguns bastante divertidos. O elenco ajuda bastante, com pontas de veteranos como Robert Duvall, Sissy Spacek e Jon Voight. (Ronaldo Victoria)

domingo, 25 de janeiro de 2009

Um Faz de Conta que Acontece

Adam Sandler encara uma "chuva de chiclete"
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Curioso como parece haver dois Adam Sandler: um é aquele que faz comédias que chegam a ser ofensivas em alguns momentos, e o outro é o que estrela produções como esta aqui, o típico “filme para toda a família”, já que foi bancado pela Disney. É uma estratégia parecida com aquela que levou Will Smith ao topo do estrelato, atuando ao mesmo tempo em fitas de ação e em outras mais “sérias”.
Acontece que ao ver essa comédia, com título original “Bedtime Stories” (EUA, 2008), dirigida por Adam Shankman, que está em cartaz nos cinemas, dificilmente alguém não gostará ou não usará a definição “uma gracinha” no final da projeção. Foi feita para isso mesmo. O herói é Skeeter (Sandler), cujo pai era dono de um hotelzinho que acabou comprado por um grande empresário. Um dia, ele tem de cuidar dos dois sobrinhos com quem não tinha muito contato, já que a irmã é dominadora.
Passa a contar histórias para as crianças e nota que tudo o que conta vira verdade, até e principalmente uma “chuva de chiclete”. O legal é que se transmite para as crianças noções como a de que é preciso acreditar na gente mesmo, que não vale a pena ser ambicioso demais e até que ser certinho demais é muito chato. (Ronaldo Victoria)

sábado, 24 de janeiro de 2009

A Garota Morta

Toni Collette: drama visto por olhos diferentes
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O título sombrio pode rejeitar a atenção na hora da escolha na locadora. E é uma tradução literal de “The Dead Girl” (EUA, 2006), drama dirigido por Karen Moncrieff. Para fazer com que seja atraente uma história pesada como essa, Karen, que também é a roteirista, optou por um roteiro em que a tragédia é contada de acordo com cinco pontos de vista diferentes.
Começa com Arden, a moça esquisita e oprimida pela mãe rabugenta, vivida com classe por Toni Collette. Ela é quem acha o corpo da moça num terreno baldio perto de casa, situação que a faz também mudar de vida. Depois a história é vista pelos olhos da irmã da vítima, da mulher do assassino, da mãe da garota e por fim dela mesma, Krista, interpretada por Brittany Murphy.
A idéia é interessante e bem executada, mas alguns episódios têm mais força que outros, fato comum nesse tipo de escolha. A força do elenco feminino, porém, não deixa dúvidas, em especial Mary Beth Hurt como uma esposa insatisfeita e Marcia Gay Harden na pele da mãe que descobre tarde demais os segredos da filha. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Bolas em Pânico

Dan Fogler em ação: raquetadas em fúria
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No mar de comédias apelativas que invadiu o cinema americano ultimamente, esta consegue ter um tiquinho a mais que a maioria não tem: um pouquinho de graça. O título original de “Balls of Fury” (EUA, 2007), dirigido por Robert Bem Garant, deu uma forçada de barra para pegar carona no programa de TV, mas nada mais natural, afinal o público-alvo é o mesmo.
O roteiro, claro, fala sobre pingue-pongue, esse estranho esporte que brasileiro chama de tênis de mesa, nove entre dez chineses amam e americano acha que só alguém com o perfil de Forrest Gump curte. O herói é Randy Daytona (vivido na maturidade por Dan Fogler, gordinho que é um cômico interessante). Quando menino, ele é derrotado numa competição de forma vergonhosa e encara o maior pesadelo para um americano: ser chamado de “perdedor”.
A chance de se redimir surge quando um agente do FBI o convence a se infiltrar no mundo de Feng (Christopher Walken, mais uma vez tirando sarro dele mesmo), perigoso traficante que organiza torneios de vida ou morte). É tudo escrachado, no limite do bom gosto. Nem tente levar nada a sério. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Um Segredo Entre Nós

Willem Dafoe e Julia Roberts: casamento infeliz
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A primeira coisa que intriga neste drama é entender por que Julia Roberts, tão estrela, topou fazer um papel tão pequeno. E, ainda por cima, mãe de Ryan Reynolds! Será que ajuda a entender o fato de que o diretor de fotografia, Danny Mooder, é marido dela? Pode ser que isso explique, já que sua personagem, Lisa, aparece pouco e morre logo no começo da história.
Outra questão complicada é o título nacional que arrumaram para “Fireflies in the garden”, literalmente vaga-lumes no jardim. O filme dirigido por Dennis Lee e inspirado num poema de Robert Frost, fala de uma família que não tem assim um enorme segredo, desses de cair o queixo.
Como em toda família (e isso facilita a identificação), existem pequenos segredos, varridos ou não para debaixo do tapete familiar. Há a insegurança de Michael (Reynolds), o filho que detesta o pai autoritário, Charles (Willem Dafoe) e parece ter virado escritor apenas para espezinhá-lo. Há a mãe oprimida que arruma um amante mais jovem e não consegue abandonar a família, a tia fora dos padrões. Uma ou outra cena podem emocionar, mas no final fica uma sensação um pouco fria. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Bela Adormecida

Princesa Aurora e seu sono de beleza: 50 anos de fantasia
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O DVD que chega às locadoras e às lojas comemora o cinqüentenário do desenho animado que marca uma das princesas favoritas de Disney, ao lado da Branca de Neve e de Cinderela. Dirigido em 1959 por Clyde Geronimi, o filme nas primeiras cenas parece diferente para quem já saiu há tempos da infância. A gente estranha o ritmo bem mais lento que o dos desenhos atuais, e também os efeitos visuais que, perto dos de hoje, são primitivos.
E chega a se perguntar: será que as crianças de hoje não acham esquisito? Bobagem, criança está interessada mesmo é numa boa história. E isso “A Bela Adormecida” tem com sobras. A história é aquele que se conhece. Aurora, a princesa, é vítima de uma maldição assim que nasce pela bruxa Malévola. Aos 16 anos, ela espetará o dedo numa roca e dormirá para sempre.
Então, o rei Estevão quebra ( todas as rocas e manda a filha ser criada por três fadas madrinhas: Flora, Fauna e Primavera. O clima deslavadamente romântico daqueles tempos pode até ser um remédio nesses dias malucos.
Além disso, o DVD é duplo, e apresenta um monte de extras, com jogos animados e um videoclipe inédito com a canção “Once Upon a Dream” interpretada por Emily Osment, da série Hannah Montana. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Casa da Mãe Joana

José Wilker, Antonio Pedro e Paulo Betti: um trio que se vira
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Reflexo da procura de novos caminhos pelo cinema brasileiro, essa comédia de Hugo Carvana tenta a popularização a qualquer custo. Se há alguns anos as produções que contam com apoio logístico da Globo Filmes eram acusadas de copiar a estética das telenovelas, "Casa da Mãe Joana" vai um pouco além. Ou seja, reproduz o jeito de ser dos humorísticos televisivos. Vira um "Zorra Total" com um pouco mais de classe.
O enredo começa com quatro amigos —— Juca (José Wilker), Montanha (Antônio Pedro), Paulo Roberto (Paulo Betti) e Vavá (Pedro Cardoso) —— aplicando um golpe numa joalheria. Sem querer estragar o lance, o fato é que a história do golpe é meio difícil de engolir. E os três primeiros acabam passados para trás por Vavá e sua amante, Laura (Malu Mader).
Como desgraça pouca é bobagem, o trio descobre que vai ser despejado do apartamento e decide se virar: Paulo vira "coroa de programa", Juca dá uma de "damo de companhia" de um travesti aposentado e Montanha volta a escrever, só que sonha a toda hora com Dolores (Juliana Paes), uma "gênia" que sai da garrafa.
Divertido é, porque os atores são ótimos. A gente consegue dar boas risadas, mas fica a impressão descartável. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button

Brad Pitt e Cate Blanchett em cena: aula de cinema e de vida
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Não há desculpa para quem goste de cinema de não ver esse filme, que entrou em cartaz no final de semana nas salas do shopping. É longo, sim, tem quase três horas, o tema é difícil, a melancolia e a tristeza surgem a toda hora. Mas The Curious Case of Benjamin Button, o títudo original do filme dirigido por David Fincher, é não apenas uma lição de cinema, mas de vida. A expressão é desgastada, mas para essa obra serve como uma luva.
Você já deve ter ouvido falar que o personagem principal é um fenômeno, porque nasce velho, com todos os sinais de degeneração física, e vai vivendo a vida ao contrário, rejuvenescendo a cada ano. Vivendo o papel, Brad Pitt dá um show e mostra que merece o Oscar pela primeira vez.
A vida de Benjamin cruza com a de Daisy (Cate Blanchett, sempre ótima), quando ela é uma garota precoce e ele um ancião preso no corpo de garoto. No meio da vida, o amor dos dois se torna possível. Mas logo a inevitabilidade do desencontro se torna presente.
Benjamin renuncia ao amor e a possibilidade de ter uma filha com a mulher amada. “Como você vai cuidar sozinha de duas crianças? Ela precisa de um pai, não de um amiguinho”, são as duas justificativas (plenas de razão) que ele dá para a fuga. A história começa a ser contada por Daisy às vésperas da morte e várias cenas são de uma delicadeza, de uma emoção misturada a razão, de cortar qualquer coração. Obrigatório. Fundamental. (Ronaldo Victoria)

domingo, 18 de janeiro de 2009

Aventuras no Novo Ártico

Nanu e sua mãe na imensidão gelada
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Essa é uma indicação segura para quem curtiu atrações do tipo “A Marcha dos Pinguins” e “Planeta Branco”. Arctic Tale (EUA, 2007), produzido pelo canal a cabo National Geographic, foi todo rodado naquela região gelada. Mas os diretores, Adam Ravetch e Sarah Robinson, optaram por uma visão diferente para seu documentário, como se fosse uma história para crianças, “tale” como diz o título original.
Assim, a cantora e atriz Queen Latifah, que faz a narração, é identificada nos créditos como “storyteller”, ou seja, contadora de histórias. A equipe ficou no Ártico vários anos, cinco no mínimo, e escolheu como personagens principais uma ursa polar, para quem deu o nome de Nanu, e uma morsa, apelidada de Seela.
O roteiro acompanha esse período da vida de ambas como a caminhada de duas crianças. Nanu é vista com a mãe protetora e o irmãozinho mais frágil. Tocantes as cenas da morte do ursinho e quando, aos dois anos, Nanu é expulsa do convívio pela própria mãe, para se virar sozinha. Já a vida de Seela com seus parentes é mostrada mais pelo viés do humor. Para completar, a fotografia é belíssima. Imperdível. (Ronaldo Victoria)

sábado, 17 de janeiro de 2009

Tyson, o Mito

Michael Jai White vive o lutador no auge da carreira
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Alguém ainda se interessa por Mike Tyson, o ex-campeão de pesos-pesados e ex-mordedor de orelhas? Este filme que saiu recentemente em DVD prova que nem tanto assim. Afinal, a cinebiografia do boxeador, dirigida pelo alemão Uli Edel e feita para a rede americana de TV a cabo HBO, foi realizada em 1995. Na verdade, o acréscimo "o mito" no título brasileiro só fazia sentido mesmo nos anos 90. Hoje, com a mesma tatuagem assustadora no rosto e o corpo obeso, Tyson parece uma caricatura.
Do ponto de vista cinematográfico, até que o filme tem qualidades e merece uma chance. Tyson, vivido por Michael Jai White, é mostrado como um jovem delinquente que é salvo das ruas por Cus D'Amato (interpretado por George C.Scott, que morreu em 1999), que vira seu pai adotivo e tenta ensiná-lo a úsar a fúria de forma positiva.
Essa é a questão priincipal referente a Tyson. Boa parte das pessoas parece que colocou nele o rótulo de vítima das circunstâncias. Acontece que quem, como ele, demonstra raiva demais e inteligência de menos, tem tudo para atrair gente com neurônios de sobra e ambição na mesma proporção. Como a ex-mulher, a atriz Robbin Givens, a candidata a miss que o acusou de estupro e o empresário Don King. Será que ele não colheu que que plantou? É a pergunta que resta. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Botas de Aço

David Strathairn e Andrew Walker no cartaz do filme
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Não há como definir esse filme de outro forma a não ser polêmico. Afinal, o tema é bem espinhoso: a intolerância racial. O título (no original Steel Toes, Canadá, 2006) do filme dirigido por Mark Adam e David Gow faz referência aos sapatos com biqueira dura, com a função de chutar os inimigos, usados pelos skinheads, jovens radicais que raspam a cabeça e se dizem nazistas.
Com essa bota Mike (Andrew Walker) agrediu até quase matar um cozinheiro paquistanês apenas porque jogou lixo perto dele. Preso, o jovem tem como defensor nomeado um advogado judeu, Danny (David Strathairn, ótimo ator, que foi candidato ao Oscar por "Bom Dia Boa Sorte").
O choque entre os dois é imediato. "Se a gente estivesse na época da Segunda Guerra, você seria mandado para o forno e não para casa", provoca Mike, recitando os slogans antissemitas. "Você se acha superior a mim? Eu vou para a casa e você não sai da cadeia", responde o advogado.
A relação entre os dois evolui para algo parecido com terapeuta e paciente, ou pai e filho. Com o tempo, Danny consegue romper a lavagem cerebral feita no rapaz. Difícil, mas vale a pena. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Conversando com os Mortos

Menina assassinada surge para assombrar a turma
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Sabe aquela velha fórmula em que uma turma de adolescentes se reúne num lugar isolado e coisas estranhas começam a acontecer? Sim, tem desde “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”, talvez o primeiro que vem à mente, e mais uma porção. Mas não é por isso que alguém vai se aborrecer ao alugar esse DVD numa tarde de sábado, chuvosa ou não, e dar uma engasgadinha com a pipoca em algumas cenas.
O título original do filme dirigido por Daniel Myrick (um dos diretores de "A Bruxa de Blair", fenômeno dos anos 90) é Solstice, ou seja, solstício. Diz a lenda que o solstício de verão (para os americanos é em junho, na noite de São João) é a melhor ocasião para se comunicar com aqueles que já estão no andar de cima. Nessa época vão para uma casa afastada na Louisiana, perto dos pântanos, dois casais de amigos.
Megan (Elizabeth Harnois) começa a sentir umas coisas esquisitas, à primeira vista ligadas à irmã gêmea, Sofie, que se suicidou há um ano. Tudo acontece quando ela começa a se entender com Christian (Shaw Ashmore), ex-namorado da mana. Porém, quem parece saber o que o ex-casal fez no verão passado é uma menina desaparecida, neta de Leonard (R. Lee Ermey), um tipo esquisitão. No elenco tem destaque Amanda Seyfried como Zoe, que depois faria a filha de Meryl Streep em “Mamma Mia”. Diversão sem compromisso. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Na Mira do Chefe

Colin Farrell e Brendan Gleeson: lealdade entre bandidos
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Vamos logo ao que interessa. “Na Mira do Chefe” (In Bruges, Reino Unido, 2008), com direção de Martin McDonagh, é uma comédia de humor negro sensacional, uma das maiores surpresas do ano e um filme que se assiste com enorme prazer. Tá bom assim ou precisa mais?
Por isso, não perca. O que tem de tão especial? Inteligência e originalidade em doses raras. O roteiro toca em questões duras, aborda um mundo difícil, mas não julga seus personagens. São dois matadores de aluguel, o experiente Ken (Brendan Gleeson) e o novato Ray (Colin Farrell), que são mandados pra Bruges, na Bélgica, daí o título original.
O roteiro até brinca com a fama da Bélgica de ser o país mais sem graça do mundo, mas o que acontece a partir daí é bem sério. O chefe deles, Harry (Ralph Fiennes), os mandou para lá porque Ray deu uma mancada. Ao executar um padre, como mandou o chefe, matou sem querer um menino. E isso é inadmissível no código de ética dos matadores.
Por isso, Harry ordena que Ken mate Ray, sem testemunhas. A questão é que existe entre eles algo forte: amizade, lealdade, amor de pai para filho, talvez. O filme é tão bom que até Farrell, que quase sempre só faz pose, está ótimo e mereceu o Globo de Ouro. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Bolt - Supercão

Bolt com os amigos Rhino e Mittens: aventuras na estrada
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Tem horas em que os adultos podem ficar imaginando durante a projeção desse desenho animado: será que as crianças estão captando as sutilezas do roteiro? Típico pensamento bobo, já que o público infantil, além de ser mais esperto do que a gente imagina, sabe quando uma história é boa. E “Bolt – Supercão” (Bolt, EUA, 2008), dirigido por Byron Howard e Chris Williams, em cartaz nos cinemas, tem uma história ótima.
Fala sobre um cachorrinho ator, cuja dona é a estrela de um seriado televisivo. O problema é que Bolt realmente acredita que é um herói, não sabe que tudo é de mentirinha. Um dia, ele se perde de sua dona e cai na estrada.
Aí o desenho vira uma versão animada (nos dois sentidos) de road movie, o filme de estrada. Entram na vida de Bolt a gata vira-latas Mittens e hamster Rhino. Eles o ensinam a ser gente, ou melhor, a ser cão. As lições vão desde botar a cara na janela do trem em movimento para sentir o vento ou fazer cara de cachorro pidão para conseguir comida. Enquanto isso, Penny sofre a falta dele e não curte o substituto que a emissora arruma.
Na versão original, John Travolta faz a voz de Bolt e Miley Cyrus, a Hannah Montana, é Penny. Na dublada, Maria Clara Gueiros faz a gata. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Dia em que a Terra Parou

Jennifer Connelly e Keanu Reeves: a cientista e o alienígena
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Este é o tipo do filme que se alguém lhe perguntar o que você achou, provavelmente dirá algo do tipo: “Ah, é bacana”, “É bem feito, a produção é de primeira”, ou então “Nossa, tem efeitos muito bons”. O filme dirigido por Scott Derrickson, com título original The Day The Earth Stood Still (EUA, 2008), é bem assim: a gente não encontra muitos motivos para criticar, mas também não dá vontade de elogiar.
Ele parece ficar mesmo na média, e filmes médios a gente esquece rapidinho. A história é conhecida, pois se trata da refilmagem de uma produção de Robert Wise de uns 50 anos. Conta o desembarque de uma grande esfera que cai no centro do nosso mundo (o Central Park em Nova York, claro, onde mais os americanos pensam que é o centro do mundo?).
Dela sai Klaatu (Keanu Reeves), o alienígena que conseguiu tomar forma humana porque há 80 anos veio à Terra para recolher material genético. Para estudar essa forma de vida, a cientista Helen (Jennifer Connelly) é convocada. Na verdade ele veio para nos salvar, já que o pessoal das outras galáxias anda preocupado com nosso comportamento autodestrutivo. Profunda a mensagem, não?
Keanu Reeves desta vez se sai bem, pois sua total falta de expressão é indicada mesmo para viver um ET. E Jacob (Jaden Smith, filho de Will Smith), o enteado da cientista, é forte candidato ao título de criança mais insuportável da história do cinema. (Ronaldo Victoria)

domingo, 11 de janeiro de 2009

Irina Palm

Marianne Faithfull: aula contra a hipocrisia
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Imagine a seguinte história para um filme. Uma senhora de seus 50 e poucos anos se preocupa com a sobrevivência do neto, que está em estado terminal e precisando de um tratamento na Austrália. Então, resolve arrumar um emprego arriscado num clube de sexo. Vira a mulher que, num cubículo, masturba os pênis dos homens desconhecidos que os colocam num pequeno buraco.
Imaginou? Que filme daria? Uma comédia ou um dramalhão moralista daqueles que mostram como as pessoas que se entregam a uma atividade suspeita perdem a bondade interior no meio do vício? Esqueça tudo isso. O filme dirigido por Sam Garbarski (Inglaterra, 2007) prefere dizer que se pode, sim, manter a pureza num meio como aquele.
Maggie, a dona-de-casa vivida por Marianne Faithfull, até dá uma lição nas amigas que a condenam quando seu segredo é descoberto. Uma aula contra a hipocrisia. A gente até não entende como em certo momento o pai do menino, Tom (Kevin Bishop), pode agir de forma tão radical. E o patrão de Maggie, o russo Miki (Miki Manojlovic), não é o cafajeste que se espera. Nada é o que se espera no roteiro e essa é a maior qualidade. Um filme surpreendente e que nos faz mexer em nossos conceitos morais. (Ronaldo Victoria)

sábado, 10 de janeiro de 2009

Estômago

João Miguel interpreta um brasileiro típico
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Talvez esse filme não seja tão facilmente achado nas locadoras, mas é uma surpresa nacional que merece ser descoberta. E tem uma brilhante atuação de João Miguel, ator nordestino que foi cotado para viver o presidente Lula no cinema (mas não aceitou). João é a alma do filme dirigido por Miguel Jorge.
Ele vive Raimundo Nonato, nordestino que desembarca em São Paulo com uma mão na frente e outra atrás. Vira cozinheiro do boteco de Zulmiro (Zeca Cenovicz), um tipo grosseirão que dá comida e um quartinho, mas nada de salário. Não demora e as coxinhas feitas por Raimundo atraem muita gente para o lugar, inclusive Iria (Fabiula Nascimento), uma prostituta que se envolve com ele.
E também chamam a atenção de Giovani (Carlo Briani), italiano que convida Raimundo para seu restaurante de luxo. A narração se divide entre essa parte e o presente, em que Raimundo está na cadeia, numa cela comandada por Bijiu (Babu Santana). Só no final descobrimos que crime ele cometeu, o que pode ser considerado de mau gosto pelos mais sensíveis. E na prisão ele mostra que pode usar seus talentos para se dar bem. O que fica no final da história é o seguinte: no mundo de hoje tem quem engole e quem é engolido. E não é assim mesmo? (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Lady Jane

Ariane Ascaride: o lado terrível da vingança
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"Aquele que acredita em vingança é como a mosca que se estatela contra o vidro da janela tentando fugir e não vê que a porta está aberta." Este provérbio armênio do século 11 aparece na tela no final de "Lady Jane" (França, 2008) e ajuda a definir o filme.
A fita dirigida pelo francês de origem armênia (por isso o ditado) Robert Guédiguian é toda centrada nesse sentimento destrutivo. Na primeira cena, vemos uma festa entre três mascarados que repartem dinheiro. Depois acompanhamos a vida dos três na maturidade: Muriel, François e Renée, vividos respectivamente pelos atores favoritos do cineasta Ariane Ascaride, Jean-Pierre Darroussin e Gérard Meylan. Lady Jane é o nome da loja de Muriel, que um dia recebe uma notícia assustadora: seu filho de 10 anos foi seqüestrado.
Há um pedido de resgate, mas a motivação é bem outra, está ligada mesmo à vingança. É que na juventude o trio de amigos formava uma quadrilha que não tinha limites em suas ações (os mascarados da primeira cena) e hoje Muriel pode pagar muito caro por isso.
"Lady Jane" tem um estilo seco, a emoção fica sempre contida, mesmo em cenas terrríveis como a do suposto resgate do garoto seqüestrado. É indicado ao público que curte obras mais densas. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Banheiro do Papa

Cesar Trancoso: luta pelo direito de sonhar
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É uma boa indicação para quem quer sair do lugar-comum. Um filme uruguaio, dirigido por César Charlone (fotógrafo de “Cidade de Deus” que foi candidato ao Oscar) e Enrique Fernández, e com o ponto de partida baseado num fato real. “El Baño del Papa” lembra a visita de João Paulo 2º a cidadezinha uruguaia de Melo, na fronteira do Rio Grande do Sul.
O lugar parece um pontinho perdido no mapa. Gente como Beto (César Trancoso) só tem como ocupação contrabandear mercadorias brasileiras para os armazéns locais, em cima de uma velha bicicleta. O sonho dourado dele é uma moto.
Porém, quando vem chegando a hora da visita do papa, ele e os vizinhos veem no fato uma possibilidade de ganhar uns trocados. Uma senhora faz tortas, outra arruma santinhos, e Beto tem uma grande idéia: construir em frente de sua casa um banheiro, esperando conseguir uma grana com os turistas brasileiros que, ele acredita, virão aos montes. O roteiro aborda gente simples, que sobrevive com dificuldade, mas nem pensa em cair na marginalidade. Pessoas que lutam pelo direito de sonhar com uma vida melhor. Será que vai dar certo e a visita do papa será um sucesso? Ah, não conto! Assista para descobrir. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cinturão Vermelho

Rodrigo Santoro no mundo do jiu-jitsu
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Paixão é coisa que não se explica. David Mamet, considerado um dos cineastas americanos mais intelectualizados, é fã de jiu-jitsu. E demonstra seu interesse nessa fita (Redbelt, EUA, 2008), diferente de outras que já fez, e quase todas ótimas, como "Jogo de Emoções", "Assalto" e "Trapaça".
Em quase todos os seus trabalhos, Mamet aborda a violência e seu texto é recheado de palavrões. Curiosamente, esse aqui, embora tenha como tema um esporte violento, foge um pouco desse aspecto e talvez por isso o resultado seja tão frustrante.
O personagem principal é Mike (o inglês Chiwetel Ejiofor), dono de uma academia de jiu-jitsu que participa de um torneio cujo título principal é o cinturão do título. O Brasil tem presença marcante, por ser o país, fora o Japão, em que o esporte mais progrediu. E também no elenco, já que Alice Braga vive a esposa traidora do herói e Rodrigo Santoro é o cunhado malandro. Os dois estão bem, mas não têm tantas chances.
O final é que estraga, pois o diretor, contrariando seu lado cínico, vem com um discurso politicamente correto, que soa artificial. Ao falar de sua paixão, Mamet não fez bem nem ao esporte nem ao cinema. Pena. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Violência Gratuita

Naomi, Pitt e Corbet: tortura psicológica sem limites
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É provável que em algum momento deste filme você possa se sentir tão incomodado que vai precisar dar um tempo. Aconteceu comigo. E é exatamente isso que pretende o diretor, o alemão residente na Áustria Michael Haneke. A fita, que tem como título "Funny Games U.S" (EUA, 2007), é uma refilmagem exata do original, realizado há 11 anos por Haneke na Áustria.
Tirando o fato de que é esquisito ter de refazer um filme apenas porque americano detesta ler legenda, o filme é uma nova chance para quem não conheceu o original. Mas uma oportunidade de ficar com os nervos em frangalhos.
Tudo começa com o casal Ann (Naomi Watts) e George (Tim Roth), acompanhado do filho Georgie (Devon Gearhart), indo de carro para a casa de campo. Eles ouvem música clássica, que de repente é interrompida por um heavy metal ensandecido.
É bem isso que acontece. O mundo calmo deles é invadido por dois malucos. Eles recebem a visita de dois rapazes aparentemente inocentes, Paul (Michael Pitt) e Peter (Brad Corbet), que dão início a uma tortura psicológica (os "jogos engraçados" do título) sem limites. Tem horas que é duro de ver essa obra provocante, polêmica e assustadora. Um conselho: não assista à noite. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Arquivo X: Eu Quero Acreditar

David Duchovny e Gillian Anderson: trama confusa
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Os fãs da série —— e eles são muitos e apaixonados —— não esconderam a decepção com a segunda investida no cinema, 10 anos após a primeira. O filme, com título original The X Files: I Want to Believe (EUA, 2008), dirigido por Chris Carter, o criador da série, fracassou nas bilheterias americanas e também nas brasileiras.
O maior problema parece a ser falta de paixão dos envolvidos. O que fica evidente não só nas atuações meio apáticas de David Duchovny (o Fox Mulder) e Gillian Anderson (a Dana Scully), mas no roteiro chocho. Com tantas histórias surpreendentes que a série já apresentou, a escolha parece estranha.
É que a gente desenrola o fio da meada no meio e fica faltando aquele ohhhh!!! final, o que era tão bacana. Tudo está ligado a tráfico de órgãos (infelizmente, algo sem tanta novidade) e, pior, os responsáveis são dois gays de sadismo caricato. No clima sombrio, sobra espaço para Billy Connolly como um padre pedófilo (ele abusou de 37 coroinhas!) e Amanda Peet como uma agente do FBI. Só que a apatia geral não ajuda. Muita gente queria acreditar que o seriado iria ressuscitar, mas parece que não vai rolar. (Ronaldo Victoria)

domingo, 4 de janeiro de 2009

Trovão Tropical

Ben Stiller e Robert Downey Jr.: comédia sem limites
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Por pouco “Trovão Tropical” (Tropic Thunder, EUA, 2008), dirigido pelo ator Ben Stiller, não foi vítima da patrulha do politicamente correto, ou dos chatos de plantão. Nos Estados Unidos algumas associações tentaram organizar boicote contra a comédia, e até mesmo aqui se tentou algo do tipo. Caetano Veloso já disse que “para os americanos, branco é branco, preto é preto, e a mulata não é a tal.”. Pois bem, hoje lá não se pode mais definir as pessoas dessa forma.
Tudo porque o filme usas as expressões cego e retardado e não seus eufemismos. E ainda se faz piada sobre isso, ó fim dos tempos! Até fizeram movimentos para os que cegos não vissem o filme de Fernando Meirelles, “Ensaio sobre a Cegueira”, que na visão dessa turma deveria ser Ensaio sobre a Deficiência Visual. Só rindo mesmo.
Os roteiristas de “Trovão Tropical” fazem piada de tudo, porque riem deles mesmos. A história fala sobre as filmagens de uma fita de ação com este título nas selvas do Vietnã. Os astros são exemplos de neurose. Tugg (Stiller) é o ator de ação que tenta uma nova chance além da série que o consagrou. Jeff (Jack Black) é um cômico que deseja ser sério. Kirk (Robert Downey Jr.) é o vencedor de Oscar que até altera o pigmento original da pele para interpretar um negro. Gozação total com a classe em que a vaidade e a insegurança têm de conviver em altas doses. E há Tom Cruise irreconhecível na pele do produtor. Hilariante e imperdível. (Ronaldo Victoria)

sábado, 3 de janeiro de 2009

Se eu Fosse Você 2

Glória Pires e Tony Ramos: astros em estado de graça
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Só o fato de um filme brasileiro ter continuação, já merece ser considerado como um marco. Há três anos, “Se eu Fosse Você”, dirigido por Daniel Filho foi o fenômeno das bilheterias nacionais. E o sucesso tem tudo para se repetir agora nas salas de cinema. O filme é tão querido por duas razões simples. Primeiro por contar uma história original, divertida e sem nenhum tipo de apelação. E a segunda razão tem dois nomes: Tony Ramos e Glória Pires.
E que nomes! Tony e Glória se mostram mais uma vez em estado de graça na pele do casal Cláudio e Helena, que outra vez se vê com os corpos trocados por um causa de algum fenômeno que o roteiro não explica (e nem precisa). Desta vez, os dois começam em crise conjugal, consumando a separação. Ao mesmo tempo a filha, Bia (Isabelle Drumond), anuncia que está grávida.
O espectador acompanha de maneira deliciosa as confusões em que o casal se mete. Tony, na pele de Helena, disputando uma partida de futebol, é de rolar de rir. E as cenas de grosseria de Cláudio só mesmo uma grande atriz como Glória encara sem medo do ridículo. Não perca! (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Sete Vidas

Will Smith em cena: busca pela redenção
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Não se impressione se no começo você ficar com a sensação de não estar entendendo muita coisa. Primeiro porque “Sete Vidas” (Seven Pounds, EUA, 2008), dirigido por Gabrielle Mucino, o mesmo que dirigiu Will Smith em “A Busca pela Felicidade”, não tem um roteiro linear. Busca retratar a jornada do personagem principal, Ben Thomas (Smith), por redenção de uma maneira diferente, para dar conta de envolver todas as vidas envolvidas no título.
O filme está em cartaz nos cinemas e garanto que se você se deixar levar, terá uma bela surpresa. Mais que isso, uma lição de como a culpa pode levar a uma decisão de ser solidário no sentido radical do termo, de se doar no sentido maior da palavra. A decisão de Ben tem a ver, entre outras pessoas, com Emily (Rosario Dawson), que tem insuficiência cardíaca crônica, e com Ezra (Woody Harrelson), tímido vendedor cego.
É difícil segurar as lágrimas, que podem surpreender em vários momentos e não apenas no final, quando as pedras do quebra-cabeça se encaixam. E não dá mais para usar aquela expressão algo racista de que Will Smith é o maior astro negro de Hollywood. Ele é o maior astro. E ponto. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Marley & Eu

Owen Wilson, Jennifer Aniston e o "pior cão do mundo"
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É bom começar o ano falando de um grande sucesso. E o filme dirigido por David Frankel, em cartaz nos cinemas, tem tudo para ser o fenômeno que foi o livro de John Grogan. Literariamente a obra de Grogan não tem nada de especial, mas retrata uma lei da escrita: escrever difícil é fácil, escrever fácil é que é difícil. Grogan escreve tão fácil que conseguiu ser lido até por quem não gosta de ler.
Outra coisa: lendo a gente descobre que qualquer vida, por mais normal que pareça, pode virar biografia, basta encontrar um “gancho”, como a gente chama no jornalismo. E Grogan fala como os cachorros mudam a vida da gente.
A transposição para tela respeitou o que o livro mostra, sem inventar. Owen Wilson e Jennifer Aniston têm a simpatia necessária para viver o casal John e Jenn. A história acompanha o casamento deles, a mudança para a Flórida, a escolha por um filhote (de cara a dona dos bichos alertou que era sapeca, pois custava menos), o “furacão” indisciplinado que Marley virou, comendo tudo pela frente e tendo ataques por causa de trovões. É uma comédia, mas o final dá uma forçadinha para provocar lágrimas.
Uma curiosidade: foram usados 20 cachorros de várias idades e sexos para ser o protagonista. O que aparece nas primeiras cenas foi dado pela equipe para Grogan que, depois de Marley, teve Gracie, uma labradora que era o oposto dela, calminha de tudo. (Ronaldo Victoria)