quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O Reino Proibido

Jet Li e Jackie Chan: encontro de feras chinesas
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Esse filme é o primeiro que reúne duas lendas de ação oriental e de artes marciais: Jackie Chan e Jet Li. Provavelmente será apenas por isso que será lembrando no futuro, já que a fita dirigida por Rob Mikoff pouco representa além desse encontro. Talvez os produtores imaginassem que bastava isso para garantir um mega-sucesso mas não foi bem assim: as bilheterias ficaram bem aquém.
O problema maior parece ter sido essa necessidade de agradar e de alcançar o grande público. O roteiro parece uma tradução de uma lenda chinesa, a do Rei Macaco, para as massas americanas.
Fala sobre um adolescente americano, Jason (Michael Angarano), obcecado por filmes clássicos de kung fu, que descobre numa loja de penhores de Chinatown o lendário bastão do monge, arma perdida do Rei Macaco. Com a arma na mão, ele faz uma viagem no tempo se vê com a missão de salvar o povo da Montanha dos Cinco Elementos.
Os dois astros chineses demonstram carisma e competência. Chan, com mais de 50 anos, já está mais na linha cômica fazendo o velho guia, e Jet Li prova força como o Rei. As lutas entre os dois são empolgantes, mas os efeitos especiais nem tanto. Enfim, tem tudo para ser daqueles filmes que daqui a 10 anos vão passar sempre na Sessão da Tarde. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Quebrando Regras

Sean Faris e Djimon Hounsou: luta sem originalidade
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O que fazer para se atrair por um filme que fala sobre um esporte pelo qual não se tem a menor simpatia, como a luta livre no estilo vale tudo? Vencendo o preconceito, claro. Afinal, cinema é uma coisa e esporte é outra. Pois bem, foi com espírito desarmado que tentei gostar de “Quebrando Regras” (Never Back Down, EUA, 2008), dirigido por Jeff Wadlow. E cheguei à conclusão de que é ruim não por causa do assunto, mas por não ter nada de novo.
Nem se trata daquele blábláblá de que filmes como esse, destinados a adolescentes masculinos, podem ser perigosos por incentivar o conceito de que só o mais forte fisicamente é respeitado. A questão é que não tem um pingo de originalidade.
O roteiro fala sobre Jake (Sean Faris), obrigado pela mãe a se mudar da cinzenta Yowa para a ensolarada Flórida. Tudo porque o irmão menor vai se dedicar melhor ao tênis. No começo, na nova escola, é rejeitado pela turma. É que, apesar de bonitão, tem um jeito caipira e se veste com camisas de flanela.
Mas um dia a galera vê no You Tube um vídeo em que ele arruma confusão jogando hóquei e logo começa a ser visto como descolado. Até a garota mais popular, Baja (Amber Heard), passa a arrastar as asas para ele. Até que o valentão da turma, Ryan (Cam Gigandet, o vampiro mau de “Crepúsculo”), namorado da moça, o desafia para a luta e lhe dá a maior surra. Então surge em seu caminho o dono de academia Jean (Djimon Hounsou), que disciplina sua fúria, igual ao mestre em “Karatê Kid”. Fala sério: você já não viu esse filme dezenas de vezes? (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Bodas de Papel

Helena Ranaldi e Dario Grandinetti: amantes à moda antiga
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Este é o tipo de filme que exige um pouco mais do espectador. Aquele que reclama sempre que a fita é “parada” e que “não acontece nada”, nem deve passar perto. Porque o filme, dirigido por André Sturm, que tem a vida toda dedicada ao cinema, já que é dono de uma distribuidora e de uma rede de salas em São Paulo, decidiu fazer dessa sua nova produção uma homenagem ao cinema antigo.
Tudo é “antigo” em “Bodas de Papel” (a propósito, a razão do título, que quer dizer casamento de um ano você só vai entender no final), mas é preciso colocar aspas porque não é antigo no sentido de ser velho. Mas sim não de ser acelerado, de não parecer uma corrida contra o tempo.
Por isso a história vai num ritmo diferente, que aos nossos olhos acostumados à correria, parece arrastado. O local onde tudo acontece é uma cidadezinha fictícia chamada Candeias. O lugar seria inundado para a construção de uma hidrelétrica, mas a obra é embargada. Então, Candeias é uma cidade quase-fantasma. Seria destruída mas não foi, é uma relíquia viva.
É para lá que vai Nina (Helena Ranaldi em sua estréia no cinema) em busca de reconstruir a vida. Lá ela conhece Miguel (Dario Grandinetti, que trabalhou com Almodóvar em “Fale com Ela”), arquiteto argentino que a ajuda a reinaugurar o hotel que pertenceu ao avô. Outro charme do filme é o elenco, que traz veteranos como Walmor Chagas, Cleide Yáconis e Sérgio Mamberti. (Ronaldo Victoria)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Grande Dave

Eddie Murphy: trapalhão intergalático
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Alguns críticos disseram que Eddie Murphy havia chegado ao fundo do poço em sua carreira com “Norbit” uma comédia de tão mau gosto que parecia ofensiva. Pois bem, se isso for verdade, “Grande Dave” (Meet Dave, EUA, 2008), dirigido por Brian Robbins, é um recomeço. Mas essa nova comédia definitivamente não faz com que a carreira do homem dê uma grande levantada.
Perto da anterior, até parece elegante, já que tem a preocupação de pelo menos contar uma história com algum conteúdo. O problema de alguns cômicos norte-americanos, e foi assim com Richard Pryor no passado e hoje também com Martin Lawrence, é se envolver com enredos populares demais (que atolam no popularesco) para agradar as massas. Ou seja, nivelar por baixo.
Desta vez, Murphy interpreta extraterrestres. O maior, o grande do título, é uma nave que tem sua cara e seu corpo. Dentro dele estão os ETs, que não são verdes ou com antenas, mas sim miniaturas dos humanos. A missão que recebem é instalar um equipamento para roubar a água dos nossos oceanos e garantir a sobrevivência em seu planeta.
As piadas são as esperadas, na linha do extraterrestre que tenta compreender os humanos. E a tal da mensagem, que é bom dar uma chance aos terráqueos, no fundo parece meio demagógica, já que durante todo o filme nós somos mostrados como um bando de patetas. (Ronaldo Victoria)

sábado, 27 de dezembro de 2008

Viagem ao Centro da Terra

Brendan, Josh e Anna num exótico mundo perdido
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O que o espectador deve esperar de um filme como esse? Aventura, claro. E a boa notícia é que tem de sobra. E nem podia ser diferente, com tanta grana envolvida e tecnologia de ponta. O problema vem justamente daí. “Viagem ao Centro da Terra” (Adventure at the Center of the Earth, EUA, 2008), dirigido por Eric Brevig (que faz a estréia na direção e é expert em efeitos especiais) foi todo feito em tecnologia 3D.
Qual é o problema disso? A questão é que em DVD a gente fica assistindo e ao mesmo tempo imaginando como seria a cena em terceira dimensão. Foi assim quando chegou aos cinemas brasileiros, pois são poucas as salas equipadas para esse tipo de efeito. E nem se trata daquele “oclinho” fuleiro que a gente colocava em outros tempos. Quem viu disse que dava realmente a sensação de estar dentro das cenas.
Porém, em duas dimensões dá para se divertir. O roteiro, baseado em Jules Verne, fala sobre Trevor Anderson (Brendan Fraser), cientista considerado maluco. Um dia, ao cuidar do sobrinho Sean (Josh Hutcherson), ele decide procurar pelo irmão desaparecido na Islândia. Junto com a guia Hannah (Anita Briem), vão até o centro da Terra e descobrem um exótico mundo perdido. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Hell

Sara Forestier em cena: pobre menina rica
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Há uns cinco anos, quando o livro da francesa Lolita Pille foi lançado, causou sensação no mercado editorial pela forma despudorada como a moça descrevia a vida sem sentido em que vivia. “Eu sou uma vagabunda”, era a primeira frase da narrativa, em que contava seu cotidiano repleto de drogas, compras e sexo fácil.
Havia um pouco de autopromoção também, como se no fundo Lolita quisesse aceitação para a vida que levava. Logo em seguida ela lançou outro livro, “Bubble Gum”, que era péssimo, sem o menor sentido, e mostrou que era um fenômeno passageiro.
A trajetória da moça (que deu a ela mesma o apelido de Hell) foi para o cinema, em filme dirigido por Bruno Chiche e lançado já há dois anos na França. Chegou ao Brasil sem muito alarde e foi direto para as locadoras. E nem deve provocar barulho, já que se trata de uma versão bem chochaa.
Toda a história de Hell, vivida com talento por Sara Forestier, se reduz à relação um tanto (ou bastante) doentia que mantém com Andrea (Nicolas Duvauchelle), italiano milionário e tão sem noção quanto ela. Logo na metade do filme, por ficar centrada demais nos dois personagens, acaba pensando. E, pior, a gente entende que no fundo a autora não passa de uma patricinha mimada querendo atenção. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Vivendo e Aprendendo

Dennis Quaid e Sarah Jessica Parker: namoro complicado
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Numa cena importante deste filme, o personagem de Dennis Quaid ouve a seguinte avaliação, durante reunião de conselho, de um aluno: “Sabemos que o professor Wetherhold é inteligente, mas ele não consegue transmitir isso.” E essa avaliação pode ser transferida para o drama dirigido por Noam Munro: fica claro que é uma produção inteligente, mas não emociona o telespectador.
O título original é Smart People, ou seja, gente esperta, inteligente. O rótulo cabe perfeitamente bem em Lawrence (Dennis Quaid), professor de literatura de uma conceituada universidade norte-americana. Será? Acontece que, apesar do brilho intelectual, a vida sentimental do cara é um zero a esquerda.
A esposa, claro, fugiu logo do barco e deixou para ele a filha, Vanessa (Ellen Page), que é a cópia do pai: QI elevadíssimo, mas nunca beijou um rapaz. E tem uma relação estranha com o irmão adotivo do pai, Chuck (Thomas Haden Church).
Lawrence seria como o pessoal que curte livros de auto-ajuda definiria: ele não tem inteligência emocional. Seus alunos, atuais e ex (já que ele nunca lembra de nenhum) preferem dizer que ele é “um mala”. Uma ex-aluna, a médica Janet (Sarah Jessica Parker), tenta uma relação com isso, mas vai ser bem mais difícil do que ela imagina. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O Signo da Cidade

Bruna Lombardi é a roteirista e a atriz principal
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A gente sempre ouve falar que o casal Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli está lá fora, em Los Angeles, fazendo “projetos” (isso é o que eles dizem quando voltam para cá), mas nunca sabe muito bem que raio de projetos são esses. Para uma geração brasileira mais nova, os nomes de Bruna e Riccelli pouco representam exatamente pela falta de algo mais concreto.
Pois bem, agora um projeto dos dois finalmente aparece e é curioso (e bom) que, em vez de fazer algo lá fora, eles tenham investido dinheiro aqui. O filme, que chega às locadoras, tem direção de Riccelli e roteiro de Bruna, que também faz a personagem principal, Teca, uma astróloga, daí o título.
A pretensão (e esse sentimento foi algo sempre associado ao casal, o que dá até uma certa má vontade antes de assistir) é retratar a cidade de São Paulo por meio de seus personagens. São várias histórias que se cruzam. Teca tem um programa de rádio e atende pessoas que interferem em sua vida. Há o pai que está morrendo no hospital, a mulher que a tratou como mãe, a amiga que se envolve com um malandro, o rapaz depressivo, o travesti que encara a violência das ruas.
A maioria das histórias é triste e por vezes Bruna cai num certo esquematismo. Mas há um desejo em contar uma história humana, que se reflete em algumas cenas. O elenco que o casal chamou, principalmente veteranos como Eva Wilma, Juca de Oliveira, Denise Fraga, e outros, ajuda a segurar as pontas. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

As Aventuras de Molière

Romain Duris dá um show na pele do autor francês
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Será que a nova geração sabe quem foi Molière? O público ligado em teatro não tem como não saber, já que o autor francês de comédias, cujo nome verdadeiro era Jean-Baptiste Poquelin, é considerado referência mundial.
Da cabeça dele surgiram obras como "Tartufo", "O Avarento", "O Burguês Fidalgo", "O Doente Imaginário", "As Preciosas Ridículas" e tantas outras. Molière era craque em criticar a burguesia por meio da farsa, fazendo com que as pessoas rissem de si mesmas.
E mais de 300 anos depois de sua morte (que, por sinal aconteceu em cena, no ano de 1673), Molière tem a sorte de reviver por meio desse filme ótimo, dirigido com muito talento por Laurent Tirard.
O maior acerto da fita é contar a história de Moliére como se fosse... uma peça de Molière. O dramaturgo, vivido com enorme talento por Romain Duris, está em crise com seu grupo de teatro, pensando em escrever, mas sem conseguir.
Um dia ele recebe o convite de um "burguês fidalgo", Jourdain (Fabrice Lucchini), que, mesmo casado com a bela Elmire (Laura Morante), quer arrumar um jeito de conquistar a "preciosa ridícula" Célimene (Ludivine Sagnier), que tem muitos admiradores e nenhum caráter. A história envolve da primeira a última cena. Como dizem os franceses após o fim de um bom espetáculo: "Bravô!" (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Crepúsculo

Robert Pattinson e Kristen Stewart: vampiro romântico
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Vai pegar um cineminha neste final de ano? Se a resposta for sim e você morar em Piracicaba, tem 50% de chance de assistir a “Crepúsculo” (Twilight, EUA, 2008), baseado no livro de Stephenie Meyer que está fazendo sucesso no mundo todo. Não se trata de adivinhação, é que as salas do Cine Shopping ficaram reduzidas a duas atrações: essa e “Madagascar 2”. Imitando o Roberto Carlos: são tantas opções...
Bom, mas isso é implicância. O fato é que vale a pena a escolha. Todo mundo anda dizendo (e a imprensa adora fazer comparações) que essa série é “o novo Harry Potter”. Não parece, o clima é diferente, e a saga do bruxinho escrita por J.K. Rowling abrigava mais temas.
São quatro aventuras. A segunda da série, “Lua Nova”, já começou a ser filmada. O terceiro livro, “Eclipse”, acabou de chegar às livrarias brasileiras. Para inaugurar a série no cinema, foi convidada Catherine Hardwicke, diretora responsável por “Aos Treze” e “Os Reis de Dogtown”. Ou seja, tem experiência com o público adolescente.
Se você ainda não sabia, “Crepúsculo” moderniza a tradição do vampiro. Ele é Edward Cullen (Robert Pattison), que encanta Bella Swan (Kristen Stewart). Quando se muda de Phoenix para a uma cidadezinha fria e chuvosa, ela desperta a libido de vários rapazes, mas não consegue resistir a ele. A nova versão de vampiro não toma sangue humano, não dorme em caixões e não é maldosa. O livro e o filme, escritos por uma mórmon, no fundo falam da importância de sexo com amor. (Ronaldo Victoria)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Noel, Poeta da Vila

Rafael Raposo e Camila Pitanga: o poeta e seu grande amor
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O jovem compositor vem andando distraído por uma rua do Centro do Rio de Janeiro quando, de repente, se vê diante de uma enorme poça d’água. Só há alguns espaços que ficaram acima da água, que ele se vê obrigado a pular. Logo começa a música: Eu hoje estou pulando feito um sapo/ Pra ver se escapo/ Dessa praga de urubu/ Já estou coberto de farrapos/ Eu vou acabar ficando nu/ Meu paletó virando estopa/ E eu pergunto com que roupa/ Com que roupa eu vou?/ Pro samba que você me convidou.
Previsível? Claro que sim. Mas muito divertido, simpático. É dessa forma que o filme dirigido por Ricardo Van Steen conta a história do grande compositor Noel Rosa (1911-1937): de forma reverente, já que o roteiro é baseado na biografia oficial do músico, escrita por João Máximo e Carlos Didier, mas com enorme simpatia.
A história de Noel, interpretado com graça e charme por Rafael Raposo, desfila pela tela entremeada por espécies de clipes de seus maiores sucessos. Não inventa muita coisa, já que a vida de Noel (impressionante como ele viveu tanto em meros 26 anos) tem muito drama e comédia. Tem o casamento forçado com Lindaura (Lidiane Borges), a paixão pela fatal Ceci (Camila Pitanga), as brigas com Wilson Batista e a amizade com Cartola, a luta contra a tuberculose e muito mais.
O elenco também é muito competente (há até Supla fazendo papel de Mário Lago!) e o resultado é um filme que se assiste com muito prazer. Para a moçada, é a chance de descobrir um cara que revolucionou a música brasileira com seu talento. (Ronaldo Victoria)

sábado, 20 de dezembro de 2008

Ao Entardecer

Meryl Streep e Vanessa Redgrave: encontro de estrelas
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A maior qualidade de "Ao Entardecer" (Evening, EUA/Alemanha, 2007), dirigido por Lajos Koltai, é seu elenco feminino. Vanessa Redgrave é a personagem principal na velhice, papel de Claire Danes na juventude. Toni Collette e Natasha Richardson (filha de Vanessa na vida real) vivem suas filhas. De quebra, têm as grandes Glenn Close e Meryl Streep (na fase jovem é Mammie Gumer, filha de Meryl e a cara da mãe).
Ah, já sei, diria você, quando alguém começa elogiando o elenco é por que o filme é uma porcaria! É a mesma coisa que dizer "ah, a fotografia é lindíssima, aquelas paisagens... " ou então "nossa, os figurinos são um luxo". Calma, não é bem assim. Está certo que provavelmente não ficará entre os 10 mais que você guardaria na memória, mas está longe de ser uma perda de tempo.
Tudo começa quando Ann está no leito de morte, cercada de cuidado pelas duas filhas problemáticas. Esperando o desfecho inevitável, ela relembra as loucuras da juventude, a grande amiga que viu casar sem gostar do marido, a família problemática de ambas e a casa linda em que viviam.
A história fala de como a gente se divide entre o amor e o compromisso e por isso tem tudo para tocar os corações mais sensíveis. E as atrizes são fantásticas, a fotografia é lindíssima com aquelas paisagens, os figurinos são um luxo... (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O Escafandro e a Borboleta

Mathieu Amalric e Marie-Josée Croze: lição de vida
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É bom avisar: este não é o tipo de filme que todo mundo gosta. É preciso não ter medo de histórias tristes. Fala sobre um jornalista francês famoso, editor-chefe da revista Elle, que tem um derrame cerebral. O caso é mais sério do que se pensa, chamado "locked in syndrome", ou seja, a pessoa fica consciente, mas presa dentro de si mesma.
Resumindo, assim que volta do coma, ele descobre que só mexe os olhos. Porém, como o direito ficou com o canal lacrimal seco, precisa ser tapado. Então, a única parte útil de seu corpo é o olho esquerdo. É com ele que tenta se comunicar com uma enfermeira dedicada, que a princípio pede para que ele pisque se é "sim" ou "não". Com o tempo, ela cria um jeito de falar as letras para ele, que pisca quando é a letra desejada, forma frases e se comunica.
O mais incrível é que a história é real. E o personagem principal, Jean Dominic Bauby, conseguiu escrever um livro, recorde de vendas na França. O filme, dirigido por Julian Schnabel, conta essa incrível história de resistência com a emoção na dose certa. Na mão de americanos, talvez virasse uma choradeira, mas os franceses são mais contidos.
A narrativa talvez provoque angústia ao mostrar os pensamentos do personagem tentando se fazer entender, mas a sensação que deixa é de uma lição de vida. O elenco é ótimo: Mathieu Amalric (o vilão do novo 007) está perfeito como Jean Do, assim como Marie-Josée Croze (a enfermeira), Emmanuelle Seigner (a esposa) e Max von Sydow (o pai). (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Mulheres, o Sexo Forte

Jada, Annette, Meg e Debra: meninas não muito poderosas
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Imagine um filme em que não existem atores no elenco (apenas atrizes). Os personagens masculinos são no máximo citados e nunca aparecem nas cenas, totalmente femininas. Pois existe e o título original não podia ser outro, The Women (EUA, 2008), dirigido, lógico, por uma mulher (Diane English), adaptado de uma peça dos anos 50 de outra mulher, Clare Booth Luce.
A idéia até que é interessante, mas o resultado fica bastante a desejar. As personagens são aquilo que os caras que não curtem "filme de mulherzinha" adoram criticar: cheias de neuras e com mania de falar mal dos homens.
Mary (Meg Ryan), estilista que abandonou a profissão por causa do casamento, descobre que o marido a trocou por uma vendedora sexy, Crystal (Eva Mendes). Recebe apoio das amigas: a jornalista neurótica Sylvia (Annette Bening), a dona-de-casa Edie (Debra Messing) que tem quatro filhos (claro que são todas meninas) e a produtora lésbica Alex (Jada Pinkett Smith).
Para fazer com que só apareçam mulheres em cena, acontecem coisas meio duras de engolir como a cena em que elas se encontrarem num local improvável como um restaurante lésbico. E até os cachorros das moças são cadelas. As atrizes são boas, mas as interpretações parecem forçadas: Eva forçou na vulgaridade e Jada fala grosso para parecer masculinizada. Resumindo: o sexo é forte, mas o filme é fraco. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Madagascar 2

Marty, Alex, Gloria e Melman em momento "selvagem"
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Tem coisas que começam bem.... e continuam melhor ainda. Por sorte, esse é o caso da segunda parte de “Madagascar”, desenho animado que em 2005 conseguiu se sobressair em meio a uma safra de produções que traziam animais como estrelas, do tipo “Os Sem Floresta” e “O Segredo dos Animais”. A produção, novamente assinada por Eric Darnell e Tom McGrath, consegue isso principalmente por causa de seu humor delicioso.
Não deve ser fácil para os criadores de animações esse clima do politicamente correto, em que todos os personagens devem transmitir lições edificantes para a criançada. “Madagascar” tem uma galera de bichos que foge tanto disso que até se poderia chamá-la de.... humana. Tem o leão trapalhão Alex, a zebra medrosa Marty, a hipopótama gostosona Glória e a girafa neurótica Melman.
Nesta segunda aventura, eles querem voltar para casa, por meio de um plano daqueles irresistíveis pingüins paranóicos. Claro que dá tudo errado e vão parar numa savana selvagem, onde precisam conviver com seus amigos de espécie nativos, que não apresentam nenhum traço da “civilização” dos zoológicos.
O roteiro é engenhoso e consegue agradar a crianças e adultos. A prova são as filas no Shopping Piracicaba, onde toma conta de três salas. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Em Nome do Rei

Jason Statham como Farmer: diversão superficial
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Quem gosta de cinema poderia conhecer mais o diretor Uwe Boll. Sério, o alemão é um fenômeno! É um dos cineastas, se é que pode ser chamado assim, que mais trabalham na atualidade. Enquanto outros profissionais fazem um filme a cada dois, três anos (às vezes até muito mais), só em 20o7 ele dirigiu quatro filmes, incluindo a segunda parte de BloodRayne, sobre vampiros modernos, e este aqui, originalmente chamado “In The Name of the King, A Dungeon Siege Tale” (Alemanha/Inglaterra).
Porém, você já ouviu falar que a pressa é a inimiga da perfeição, né? Pois é, o alemão mostra que esse ditado popular anda mais em alta do que nunca. E lembra a história do rei Midas, o monarca que transformava em ouro tudo o que tocava? O alemão que também já fez filmes de terror sangrentos como “Alone in the Dark” e “House of the Dead, se não transforma tudo em porcaria, deixa a maioria de suas fitas com aquele estilo rasteiro de ser.
Essa aqui, por exemplo, não é nada diferente de qualquer aventurazinha que a gente já se cansou de ver na Sessão da Tarde. Jason Statham, único nome em alta no elenco, vive um fazendeiro conhecido como Farmer (fazendeiro, em inglês). Simples assim. Um dia, um inimigo mágico do rei (Ray Liotta em fase canastrão) ameaça o trono e mira Farmer, por saber algo que a gente vai descobrir depois: ele é filho do rei, oh, que surpresa!
Os atores escalados estão em fase descendente. Burt Reynolds, na pele do rei, está grisalhíssimo e com bigodes mais escuros que a asa da graúna. Claire Forlani já foi namorada de Brad Pitt em fitas de sucesso e hoje está em baixa. Matthew Lilard, o sobrinho vilão do rei, parece que ainda está encarnando seu papel mais famoso: o Salsicha do Scooby Doo. A conclusão é de que tudo é superficial, mas ao mesmo tempo divertido demais para quem curte destilar um veneninho. E sabem quantos filmes de Uwe Boll estão prontos para serem lançados em 2009? Quatro! (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Stop-Loss A Lei da Guerra

Ryan Phillippe em ação: conflito sem sentido
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Parece já ter virado regra no circuito comercial norte-americano: filmes sobre a guerra do Iraque fracassam. Se nem mesmo blockbusters como “No Vale das Sombras” (candidato ao Oscar) e “Rede de Mentiras” (com a presença dos astros Leonardo DiCaprio e Russel Crowe) tiveram melhor sorte, não seria esse filme, mais independente e com produção da MTV, que quebraria a maldição.
Antes de culpar a falta de sensibilidade cultural dos americanos, até porque é uma acusação muito óbvia, é bom perguntar o seguinte: se eles não entendem que diabos foram fazer naquele lugar (e você entende?), por que ir ao cinema para ver algo de que não sentem o menor orgulho? Faz sentido?
“Stop-Loss” (EUA, 2008), dirigido por uma mulher, Kimberly Pierce, diretora de “Meninos não Choram”, que deu o primeiro Oscar a Hillary Swank, fala sobre o estrago que a guerra provoca na vida de rapazes de 20 e poucos anos. São três amigos texanos, Brandon (Ryan Phillippe), Tommy (Joseph Gordon-Levitt) e Steve (Channing Tatum), que retornam estropiados de corpo e alma.
Depois de terem passado por aquele horror, a vida de nenhum deles será mais a mesma. O roteiro é bastante interessante, o elenco tem atuações sensíveis, e o clima, claro, é sempre pesado, de angústia. No final, a vontade é de dar uma sapatada no Bush! (Ronaldo Victoria)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Promessas de um Cara de Pau

Kevin Costner interpreta norte-americano médio
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O legal dessa comédia é mostrar que até os próprios norte-americanos vêem o “americano médio” como alguém que evita o amadurecimento e não enxerga além do próprio umbigo. Curioso que em “Swing Vote”, título original (EUA, 2008), dirigido por Joshua Michael Stern, quem interpreta o americano típico seja Kevin Costner, que nos anos 90 vivia sempre heróis (e por isso parecia tão chato).
Agora Costner não esconde que envelheceu, nem lembra um galã mas ficou um ator bem mais interessante. Ele vive Bud, um operário irresponsável que é “filho” da própria filha, a precoce Molly (Madeline Carrol). O maior desejo da menina é que o pai mostre interesse por alguma coisa além da banda cover de Kenny Rogers e das latas de cerveja que consome aos montes.
A chance aparece na eleição presidencial. Bud jura para a garota que vai votar, mas fica enchendo a cara e jogando sinuca no bar. Então, ela consegue aproveitar os momentos finais de uma cabine de votação, assina o nome do pai, mas na hora de validar o voto, acontece o inesperado: acaba a energia. O que acontece depois é mais inesperado ainda: os dois candidatos, o atual (Kelsey Grammer) e o oposicionista (Dennis Hopper) empatam e só há a chance de desempatar no Novo México, e Bud fica com a missão de desempatar. Parece “viagem”? Em 2000, Bush e Gore ficaram empatados na Flórida. A comédia é bastante interessante, só pode deixar alguns espectadores frustrados pela falta de um final mais conclusivo. (Ronaldo Victoria)

sábado, 13 de dezembro de 2008

Wall E

Robozinho triste dá uma lição para crianças e adultos
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Conseguir manter a atenção da criançada com um desenho animado em que pouco (ou quase nada) se fala durante a primeira meia-hora de projeção. Esse foi o desafio vencido com louvor por essa produção, assinada por Andrew Stanton, e que desembarca agora nas locadoras depois do sucesso nos cinemas.
Quando foi exibido nas salas, aliás, Wall E não teve tanta repercussão quanto “Kung Fu Panda”, outra produção ótima do gênero. Por isso, agora é a chance de a história do robozinho triste ser descoberta. Além da técnica primorosa, o que já era de se esperar em se tratando de um produto da Disney, o que Wall E tem de sobra é criatividade, imaginação, e um roteiro perfeito.
Nesses tempos em que até a meninada menor já ouviu falar de aquecimento global e da importância de reciclar o lixo, Wall-E é uma “aula” divertida, sem chateação nenhuma. Wall-E é um robozinho antigo, uma lata velha que tem uma única função: pegar montes de lixo, fazer cubos e guardar. Ao seu lado, não existe nada, só montes e montes de lixo, “herança” que a humanidade deixou para ele.
Um dia, porém, Wall-E entra em contato com uma espaçonave em que conhece Eve, uma “roboa” de última geração, e aí começa uma linda história de amor. Melhor não contar mais para não estragar o prazer de ver esse desenho sensacional. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Procurado

Angelina Jolie: carisma e sensualidade
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Hollywood não perde a mania de importar talentos. Mania boa para os dois lados. Para o talento importado, é garantia de uma grana de respeito. Já a indústria ganha com a "oxigenação" trazida por cineastas ainda sem os vícios da linha de montagem.
O importado da hora é um russo de 47 anos, Timur Bekmanbetov, que se mostrou dono de um estilo todo próprio em duas obras de tirar o fôlego: "Guardiões do Dia" e "Guardiões da Noite", na verdade duas fitas que se complementam. O que o russo fazia com pouco dinheiro é de se impressionar, com cenas cheias de adrenalina.
Na chegada ao cinema americano, Bekmanbetov teve direito a tudo de primeira, orçamento generoso, história agitada e Angelina Jolie no elenco. Ela aparece magra demais, mas compensa tudo com carisma e sensualidade.
O herói, porém, é James McAvoy, que vive Wesley Gibson, o típico "perdedor", como gostam de dizer os americanos. Humilhado diariamente no emprego, também é traído pela namorada com o melhor amigo. Um dia tudo muda, quando Sloan (Morgan Freeman) e Fox (Angelina) anunciam que ele faz parte de uma elite de matadores. Tudo está ligado ao passado, com a história do pai de Wesley. A ação acontece do início ao fim. Por falar em final, pode ser um pouco decepcionante ou mal explicado. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Batman, o Cavaleiro das Trevas

Heath Ledger na pele do Coringa: why so serious?
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Nessa altura do campeonato, a respeito de “Batman, o Cavaleiro das Trevas” (The Dark Knight, EUA, 2008), dirigido por Christopher Nolan, todo mundo já deve saber o seguinte:
1 - O filme foi o mais visto da temporada 2008, arrecadando US$ 530 milhões apenas nas bilheterias americanas.
2 – Foi relançado nas salas americanas juntamente com a versão em DVD. O objetivo é chegar ao topo de arrecadação em todo o mundo, que ainda está com Titanic, com US$ 640 milhões.
3 – O lançamento das cópias em DVD está “bombando” nas locadoras e existe fila de espera.
4 – No site IMDB (Internet Movie Data Base), especializado em cinema, quando ainda estava em cartaz, o filme chegou no primeiro lugar entre os mais bem avaliados pelos internautas como o melhor de todos os tempos. Hoje está em quarto lugar, só perdendo para “Um Sonho de Liberdade” (o número 1) e os dois primeiros “O Poderoso Chefão”.
5 – A Warner já começou a campanha para que ganhe o Oscar de filme e Heath Ledger, o Coringa, ganhe o prêmio póstumo como melhor ator.
6 – Todas as críticas foram superlativas, soberbas, extraordinárias. Ninguém ousou falar mal, ninguém questionou nada, ninguém quis parecer diferente.
Diante disso, adianta eu dizer que não gostei? Claro que não adianta, mas mesmo assim insisto: detestei. Toda essa campanha, de números esfregados na cara da gente, é muito chata. Mas não é só por isso que o filme me incomodou. O chato é que é uma produção que se leva a sério demais, pretensiosa ao limite do insuportável.
Oh, que filme mais importante! Oh, como estamos discutindo a condição humana! Tão sério, tãooo importante, tãaoooo chatooo! Tristes tempos em que se leva a sério um milionário em crise que se veste de morcego e um palhaço triste com batom na cara. Nos anos 70, a gente morria de dar risada com o Batman na TV e seu fiel escudeiro Robin (claro que ele sumiu, para um homem tão sério não pode haver suspeita, né?) Enfim, hoje é isso que se tem. E que o Batman e seus fãs sejam felizes para sempre. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A Caçada

Richard Gere e Terrence Howard: absurdo da guerra
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Logo no começo da projeção, um recado do diretor, Richard Shepard, adverte: "Os momentos ridículos contidos nesse filme são de fato verdadeiros". Só por aí já se percebe que "A Caçada" (The Hunting Party, EUA, 2008) não terá uma narrativa linear. Ou seja, ao falar sobre uma guerra maluca, sem nenhum sentido e da qual pouca gente entende —— a que se passou na Bósnia, nos anos 90 ——, o cineasta pretende ressaltar, com inteligência, o absurdo de qualquer conflito.
E consegue muito bem. O personagem principal é Simon Hunt (Richard Gere, em momento competente e sem glamour), correspondente de guerra que tem um chilique ao vivo e é demitido da emissora. Cai em desgraça e tenta ser jornalista free-lancer, mas procura a ajuda de seu antigo companheiro, o cameraman Duck (o ótimo Terrence Howard).
Anos depois, os dois se reencontram no calor do conflito, e Simon tenta voltar à parceria com Duck. Ele promete contar o paradeiro do criminoso conhecido como Raposa, um sanguinário que tem recompensa de US$ 5 milhões pela captura. A cena que mostra os americanos no bar sérvio é de um humor negro irrepreensível. Para quem gosta de diversão inteligente. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Romance

Letícia Sabatella e Wagner Moura: vaidade e neurose
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Quando apresentou seu novo filme, em agosto durante o Festival do Rio, Guel Arraes disse: "Esse é bem diferente dos outros". O diretor assumiu como maiores novidades o movimento francês nouvelle vague e o diretor Domingos de Oliveira, que alguns chamam de "Woody Allen carioca".
Ainda bem. Que Arraes tem talento ninguém duvida, mas era chato ver que ele corria o risco de se acomodar. "Romance" tem outra pegada, bem mais urbana. O roteiro de Arraes, em parceira com o gaúcho Jorge Furtado (outro talento que se renova), mira muito o umbigo dos atores, essa categoria em que a vaidade e a neurose andam de mãos dados.
Pedro (Wagner Moura) e Ana (Letícia Sabatella) representam bem isso, até porque representam todo o tempo. Eles se conhecem durante uma peça, Tristão e Isolda, se apaixonam, mas é claro que arrumam um jeito de fazer o romance desandar. Ela vira estrela de TV, enquanto ele fica com o velho papo de que só teatro vale a pena.
Entre os dois existe a produtora Fernanda (Andréa Beltrão), bem mais descolada. Pedro e Ana se reencontram quando ela convence o chefe Danilo (José Wilker) a contratá-lo como adaptador de uma versão nordestina de Tristão e Isolda. E Orlando (Vladimir Brichta), namorado cafajeste da produtora, vive o herói do agreste. Original e atraente, o filme não decepciona o público em nenhum momento. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Queime Depois de Ler

Brad Pitt interpreta um golpista trapalhão
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Domingo, 15h45, saída da sessão das 14h do Cine Shopping. Duas mulheres (provavelmente mãe e filha) vão pelo corredor rindo, mas falando barbaridades do filme que acabaram de assistir. “Credo, nada a ver, não se entende nada”, diz a mãe. “Ninguém merece isso, ô coisa chata!”, reforma a mãe. Por que será então que eu gostei, e muito? Dizer que “Queime Depois de Ler” (Burn After Reading, EUA), dos irmãos Coen, Joel e Ethan, é polêmico é chover no molhado.
A questão é que os irmãos investem num humor bastante negro, para dizer o mínimo. A história fala tem fracassados, paspalhos, vilões, mulheres frias, galãs sem caráter, coroas que não se olham no espelho. Ou seja, o melhorzinho dá rasteira em cobra. Tudo começa quando um ex-funcionário da CIA, Osbourne Cox (John Malkovich) é deixado na geladeira e ameaça escrever um livro contando os podres da agência. O problema é que sua mulher, Kate (Tilda Swinton) faz uma cópia para anexar ao processo de divórcio. Ela quer ficar com o amante, o cafajeste Harry (George Clooney).
A cópia cai na mãe de dois trambiqueiros amadores: o personal trainer Chad (Brad Pitt) e a perua Linda (Frances McDormand), que só pensa em conseguir dinheiro para as plásticas. A trama é bem intrincada e quem se distrair pode se perder. Talvez isso explique a rejeição, mas ninguém pode acusar os irmãos (que acabaram de ganhar o Oscar) de não serem originais. (Ronaldo Victoria)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Max Payne

O herói do videogame entra na telona sem passar vexame
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Se existe uma parceria que não deu ainda os resultados esperados é a do cinema com os videogames. Afinal, quase toda adaptação de jogos para as telas (será que Resident Evil foi exceção) virou uma tragédia. Os executivos de Hollywood com certeza estão quebrando a cabeça para resolver a parada, já que a indústria dos games rende muito mais do que a das telonas e envolve um público principal: o adolescente, aquele considerado também o que vai garantir o futuro do cinema.
Por isso que, já há duas semanas, ao ver a grande fila de gente jovem esperando no Cine Shopping para ver Max Payne, dirigido por Jack Moore, confesso que demorei a entender. Para mim, o nome não dizia nada, já que não curto videogame. Pois bem, a boa notícia é que para gente que não faz a menor idéia disso, a adaptação funciona.
Com direção mais adulta e experiente (Moore fez o remake de A Profecia) e um ator interessante (a cara quase sem expressão de Mark Wahlberg funciona a favor), o filme não vira uma orgia de sangue adolescente, como os que falharam. O roteiro fala sobre um policial que quer vingar a morte da família, e esse é o ponto básico de qualquer história do gênero. A partir daí se descobre uma conspiração para criar “máquinas mortíferas”, soldados programados para matar, ponto parecido com o da série de Jason Bourne. Enfim, não melhora a vida de ninguém, mas não aborrece. (Ronaldo Victoria)

sábado, 6 de dezembro de 2008

Kung Fu Panda

Po e seus amigos em ação: lição de auto-estima
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Num tempo em que a tal mania do “politicamente correto” já atingiu o auge da chatice, é sempre bom ver que existe gente que consegue fazer disso algo bacana. E sem perder o humor, claro. É o que acontece com esse desenho animado da Dreamworks, o mesmo estúdio da série Shrek (que parece já ter chegado ao limite e pode muito bem passar o bastão para esse “fofo”).
No desenho dirigido por Ken Osborne e John Stevenson, Pó é um panda balofo que só pensa em dormir, comer e ajudar o pai (uma ave!) num restaurante de macarrão. Até que um dia algo inesperado acontece.
Durante um torneio, ele é escolhido pelo mestre ancião e precisa aprender artes marciais com as cinco fúrias (tigresa, louva-a-deus, víbora, garça e macaco). A lição principal do filme, tão simples quanto fundamental (não queria ser melhor do que ninguém, respeite os outros e acredite no seu potencial) é transmitida para as crianças da maneira mais leve possível, e com um herói gorducho.
A gente fica pensando que garoto excluído não se sente bem vendo o filme. Na parte técnica, claro, tudo é ótimo, mas é o que pode se esperar de Hollywood. E os adultos podem aproveitar em DVD a versão original com vozes de Jack Black, Angelina Jolie e Dustin Hoffman, entre outras feras. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Múmia - A Tumba do Imperador Dragão

Brendan Fraser e Jet Li: explorador e imperador
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Sai o Egito, entra a China. Por duas razões. Primeiro porque o cenário original parece ter se esgotado com as duas versões de A Múmia. Segundo porque a China está na moda, e esteve muito mais na época do lançamento, que coincidiu (coincidiu?) com a abertura das Olimpíadas naquele país.
A terceira aventura da série, com o título original The Mummy - The Tomb of the Dragon Emperor (EUA, 2008), com direção de Rob Cohen, desta vez escolhe um imperador chinês tirano (vivido pelo mestre das artes marciais Jet Li), que desejava conquistar o mundo e se tornar imortal, como grande vilão.
Amaldicçoado por uma feiticeira (Michelle Yeoh) que não cede a seus caprichos, tem seu exército transformado em estátuas de terracota, o que vira uma curiosa explicação para algo que existe de fato. Para que a criatura não desperte, o explorador Rick (Brendan Fraser) e sua mulher (agora vivida por Maria Bello) têm de encarar muitos perigos.
É certo que quem locar o filme não vai ter do que reclamar, já que há ação do começo ao fim e os efeitos especiais são de primeira linha. Mas parece que a série perdeu um pouco daquele encanto do começo e já demonstra um certo cansaço. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O Enigma de Andrômeda

Benjamin Bratt em cena: ameaça que vem do espaço
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Falecido há um mês, Michael Crichton era um dos mais famosos escritores de ficção científica do mundo. Sabe que livros ele escreveu? "Parque dos Dinossauros", "Coma", "Sol Nascente" e "Twister", entre outras obras adaptadas para as telas. Sentiu o poder do cara?
Dizem que "O Enigma de Andrômeda" era sua obra preferida. A primeira versão para o cinema foi feita em 1972, com produção do próprio Crichton. Esta aqui, realizada em 2008, com direção de Mikael Solomon, na verdade é uma minissérie televisiva condensada em três horas de duração na versão em DVD.
A história começa quando um satélite espacial sai de órbita, despenca do espaço e cai numa pequena cidade norte-americana. É achado por dois adolescentes que o acham bonito e o levam para casa, contaminando toda a comunidade.
É que, ao abri-lo, liberam um microorganismo fatal que o exército apelida de Andrômeda. Quem lidera a equipe é o doutor Jeremy Stone, vivido por Benjaminin Bratt. Eric McCormack, o Will da série cômica "Will and Grace", interpreta um repórter estressado. Apesar da longa duração e de em alguns momentos o roteiro ficar um pouco confuso, assiste-se com prazer. Outra detalhe luxuoso é a produção de Ridley Scott, diretor de "Blade Runner" e "Gladiador". (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Titio Noel

Giamatti e Vaughn: meu mano é bom velhinho
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Deve ser difícil ter um irmão malvado. Agora imagine a barra que é a situação contrária: ser mano de um cara tão bonzinho quanto... Papai Noel. Esse é o ponto de partida fantasioso de "Titio Noel" (Fred Claus, EUA, 2007), comédia que aterrissa diretamente nas locadoras sem ter passado pelas salas de cinema.
Quem vive Fred é Vince Vaughn e o "bom velhinho", que era um "bom menino" também, é Paul Giamatti. Ou seja, o talento cômico está garantido. Irmão mais velho, Fred sente desde o começo que a mãe (Kathy Bates) prefere o caçula, o que o torna um trambiqueiro sem futuro. Até que resolve ir até o Pólo Norte dar uma mãozinha.
Logo se vê que as coisas não vão ficar as mesmas. Fred incentiva os duendes a trocar as canções natalinas por um rock da pesada e não leva a sério os carimbos de "bonzinho" e "malvado" para as cartinhas das crianças. "Aprova" todo mundo, o que causa a maior confusão.
A cena mais engraçada é a que mostra Fred numa reunião do grupo de "irmãos invejosos", que conta com a participação de Frank Stallone (mano de Sylvester), Stephen Baldwin (do ator Alec) e Roger Clinton (do ex-presidente Bill). Mas o problema de fitas do tipo é que parecem só funcionar nesta época do ano. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O Guardião de Memórias

Emily, Gretchen e Dermot: drama com toques novelescos
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O livro, escrito por Kim Edwards, foi sucesso em todo mundo e ficou muitas semanas na lista dos mais vendidos no Brasil, em algumas no topo. Mas o seredo do êxito talvez seja o que a história tem de mais fácil. Ou seja, é um dramalhão, daqueles bem lacrimosos, e assumido. Por isso mesmo, se lê de uma vez só.
Tanto assim que é curioso ver as semelhanças com uma história que a gente conhece muito bem. A história se passa nos anos 60, quando não havia ultrassom e uma mulher não podia saber que teria gêmeos. Ela vai ao hospital em noite de forte nevasca, o ginecologista não é encontrado. Então, seu marido, que é médico, faz o parto. O primeiro bebê, um menino, e saudável. A segunda criança, uma menina, tem síndrome de Down. O marido a entrega para a enfermeira e diz que morreu.
Percebeu a coincidência com a novela "Páginas da Vida", de Manoel Carlos? A adaptação, feita para a TV, dirigida por Mick Jackson, tem o mérito de não inventar e ser completamente fiel ao livro. Dermot Mulroney (David, o médico), Gretchen Mol (Nora, a mãe) e Emily Watson (Caroline, a enfermeira) têm talento para segurar o clima. Para quem gosta de drama, bela escolha. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona


Penélope, Javier e Scarlett: triângulo "caliente"
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Parece que Woody Allen decidiu não ter medo de ser feliz. E a sua receita de felicidade acrescentou um ingrediente inesperado: umas boas doses de Pedro Almodóvar. Seu novo filme, em cartaz no Cine Shopping, não tem apenas dois astros favoritos do espanhol, Javier Bardem e Penélope Cruz, mas um clima bem mais solar e colorido.
As neuroses novaiorquinas (ou londrinas, já que Allen se "exilou" na Inglaterra) ficam muito em segundo plano, em favor de uma trama em que o humor dá mais as caras. O título é literal: Vicky e Cristina (Rebecca Hall e Scarlet Johansson, respectivamente) são duas amigas americanas que vão para Barcelona, na casa de um casal amigo dos pais de Vicky.
As duas têm personalidades opostas: enquanto Vicky é toda certinha, e tem um noivo mauricinho insuportável, Cristina adora experimentar coisas novas. Uma noite, quando estão num restaurante, um charmoso pintor espanhol, Juan Antonio (Javier), as convida para ir em sua casa, em Oviedo, "para fazermos amor os três".
Vicky, claro, acha um absurdo, enquanto Cristina adora a idéia. O trio vai até lá e adivinhe o que acontece? Bom, melhor não dizer, porque o grande mérito do roteiro é ser inesperado. E as coisas se complicam ainda mais quando entra em cena Maria Elena (Penélope), ex-mulher maluca de Juan.
Com este filme, Allen resolveu um pouco o dilema de sua carreira, que apontei na análise de "O Sonho de Cassandra", seu filme anterior: o fato de que as novas gerações não se atraem pelas suas obras. "Vicky Cristina Barcelona", tão divertido quanto ousado, tem tudo para aumentar seu público. Olé, Woody! (Ronaldo Victoria)