domingo, 2 de novembro de 2008

Ensaio sobre a Cegueira

Juliane Moore interpreta e única que preserva a visão
Foto: Google Image
O argumento que muita gente utilizou nos últimos dias para dizer como o circuito cinematográfico de Piracicaba anda defasado ­– nem “Ensaio sobre a Cegueira” passou! – não vale mais. Pois é, o filme de Fernando Meirelles está em cartaz no Shopping Piracicaba e quem reclamava tem mais é que ir. Primeiro para deixar de ser reclamão, e segundo (e principal), é o que o filme vale a espera.
Meirelles prova que é um grande cineasta e que “Cidade de Deus” não foi sorte de principiante. Ao contrário, ele demonstra enorme talento numa produção totalmente diferente. Claro que não é um filme fácil, afinal o livro em que é baseado, escrito pelo português José Saramago, não é fácil. E a vida de hoje em dia, a gente sabe, de fácil não tem nada.
O filme mergulha num pesadelo anunciado logo na primeira cena, quando um rapaz japonês que vive numa grande cidade (na maioria das cenas é caracterizada como São Paulo em sua desolação) fica cego sem motivo. Até um oftalmologista (Mark Ruffalo) é infectado, e sua esposa (Juliane Moore, sempre brilhante) é a única que mantém a visão.
Os infectados são isolados num hospital em ruínas e a partir daí se mostra como a solidariedade humana em momentos difíceis é um conto de fadas. Então acontecem cenas mais duras, como o estupro consentido das mulheres da ala 1 ordenada pelos integrantes linha-dura da ala 3, liderados por Gael Garcia Bernal. Há até cenas de humor politicamente incorreto, como Gael imitando Stevie Wonder. Para resumir: obrigatório. (Ronaldo Victoria)