segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Longe Dela

Julie Christie e Gordon Pinsent: casal separado
Foto: Google Image
Boa parte das pessoas afirma não gostar de filme triste. Na hora de alugar em DVD, então, um velho clichê —— "a vida já está tão difícil, pra que mais motivo de tristeza?" —— é sempre lembrado. Digo isso por que "Longe Dela" (Away from her no original) não disfarça: é um filme triste. Tristíssimo, aliás. Só que é ótimo, muito distante daqueles "filmes de doença" que passam no Super Cine.
A doença da qual trata "Longe Dela" é o Mal de Alzheimer. E a jovem diretora, a canadense de 29 anos Sarah Polley (também ótima atriz de "Minha Vida sem Mim" e "A Vida Secreta das Palavras"), preferiu mostrar como ela afeta um casamento. Fiona (Julie Christie, que está espetacular mas só perdeu o Oscar porque a francesa Marion Cotilard deu um show como Piaf) começa a ter lapsos de memória. Em decisão conjunta e difícil com o marido Grant (Gordon Pinsent), decide se internar numa clínica especializada.
Não é a morte que separa os dois, mas sim o Alzheimer. Logo Fiona se esquece do marido, não faz a menor idéia de quem ele é, e fica até irritada com as suas visitas freqüentes. Ela arruma um "namorado" entre os pacientes e se veste de um jeito diferente. A Grant, que sente um amor incondicional pela esposa, só resta ficar observando, sem incomodar. Numa cena comovente, ele conta seus problemas para outra visitante, que responde: "E eu nunca tive um marido assim!" Grant até tenta se envolver com Marian (Olimpia Dukakis, que ganhou o Oscar nos anos 80 por "Feitiço da Lua"), mas o amor não deixa. É um filme adulto, belissimamente dirigido e interpretado, porém mais indicado para o público maduro. (Ronaldo Victoria)