terça-feira, 30 de setembro de 2008

Guia para rever Paul Newman

O astro morreu sábado aos 83 anos
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Para quem é jovem, a notícia que abalou o cinema no último sábado — Paul Newman morreu aos 83 anos — pode não ter trazido tanto impacto. Afinal, fazia tempo que o ator não estrelava um grande sucesso. Nessas horas o DVD se torna útil, por permitir que se conheça um astro eterno. Essa lista de 10 filmes em que Newman brilhou pode ser encontrada nas locadoras e nas lojas.
Butch Cassidy - Diversão de primeira que ele estrelou em 1969 ao lado de Robert Redford. Ressuscitou um gênero: o faroeste. Cenas imperdíveis: o passeio de bicicleta ao som de "Raindrops keep falling on my head", o pulo no rio e o final, imitado várias vezes.
Golpe de Mestre - Mais uma dobradinha com Redford e o diretor George Roy Hill. Clássico do gênero "ladrão que rouba ladrão", ganhou o Oscar em 1973. O final é surpreendente.
A Cor do Dinheiro - Foi por este filme dirigido por Martin Scorsese e co-estrelado por Tom Cruise que finalmente ele recebeu o Oscar de ator, em 1986. A trama é ambientada no mundo da sinuca.
Desafio à Corrupção - O mundo é mesmo, os campeonatos de sinuca. Mas, neste clássico de 1961, dirigido por Robert Rossen, Newman vive o outro lado: o jogador mais novo e impetuoso
Golpe Sujo - Produzida em 1977, essa comédia marcou seu terceiro encontro com o diretor Roy Hill. É uma sátira bem divertida ao mundo do hóquei no gelo, esporte dos mais violentos.
Buffalo Bill - O filme dirigido pelo grande Robert Altman em 1976 é considerado por muitos o grande anti-faroeste, por demolir vários mitos. Newman brilha no papel-título.
O Indomado - Outro faroeste (Newman foi um dos grandes no gênero), com direção de Martin Ritt. Ele encarna Hud Bannon, caipira do Sul que não consegue se acertar na vida.
Ausência de Malícia - O tema do drama realizado por Sidney Pollack (que também morreu este ano) em 1981 é polêmico: os limites da imprensa. Conta a história de um homem que vira manchete por conta da falta de experiência de uma repórter, vivida por Sally Field.
500 Milhas - As corridas de automóveis eram a grande paixão de Newman, expressa nessa aventura de 1969, dirigida por James Goldstone. Ele vive o piloto Frank e Joanne Woodward, com quem foi casado por 50 anos, faz a esposa.
Blaze - O Escândalo - Na comédia de 1989, dirigida por Ron Shelton, eleé Earl Long, polêmico governador da Louisiana que agita os bastidores da política. (Ronaldo Victoria)

Chega de Saudade

Maria Flor e Stepan Nercessian: baile complicado
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Nos tempos em que cinema vem cada vez mais sendo voltado para as platéias adolescentes, foi um risco um filme nacional se dedicar a um tema tão ligado à terceira idade como "Chega de Saudade". Portanto, o fracasso da fita dirigida por Laís Bodansky nas salas de exibição era esperado. Só que esse fracasso foi totalmente merecido.
E por dois motivos. Primeiro porque a história não tem lá grandes conflitos. A trama se passa num salão de baile onde vários personagens se cruzam. O filme dura apenas o tempo do baile. E pouca coisa de significativo acontece. Há o casal (Tônia Carrero e Leonardo Villar) que passou dos 80 anos, ambos viúvos, e que tenta se acertar. Aparece uma garota (Maria Flor), namorada do rapaz de som (Paulo Vilhena). Ela é paquerada por um coroa malandro (Stepan Nercessian), para tristeza da sua noiva madura (Cássia Kiss). E existe uma cinquentona azeda (Betty Faria), que não é tirada para dançar e é "socorrida" por um profissional.
Este é o ponto principal da chatice do filme. Todos os personagens parecem amargos, para baixo. Laís, que foi bem melhor em "Bicho de Sete Cabeças", perdeu a grande chance de fazer um filme terno. Para complicar, a forma como é mostrada a passagem do tempo para as atrizes chega a ser cruel. Tônia, Cássia e Betty têm radiografadas todas as rugas. Sem contar com os closes do rosto de Elza Soares, que vive a cantora do salão. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Um Amor para toda a Vida

Shirley MacLaine: mulher amarga
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Não é só o título brasileiro que arrumaram para o filme — no original é Closing the Ring — que cheira a antigo. Toda a produção parece meio defasada. Esse deve ter sido o principal fator para o fracasso de "Um Amor para Toda a Vida" nos cinemas. Em DVD talvez só tenha mais sorte com os românticos de carteirinha. É que o diretor, o inglês Richard Attenborough, o mesmo de "Gandhi" e "Chaplin", preferiu contar a história da forma mais acadêmica possível.
No começo da história vemos Shirley MacLaine na pele de Ethel Ann, uma velhota ranzinza (a atriz, aliás, parece ter se especializado neste tipo de personagem), no enterro do marido. A coroa não esconde de ninguém que não era o amor de sua vida e nem trata bem a filha que teve com ele, Marie, interpretada por Neve Campbell.
Esse já é um problema: fica difícil para o espectador se identificar com uma pessoa tão amarga que, 50 anos depois, ainda fica remoendo o passado e sem aceitar o que aconteceu. Depois, o filme tenta mostrar as razões de Ethel, mas as coisas não melhoram. Na juventude ela é vivida por Mischa Barton, a Marissa da série "The O.C.", cuja nudez em cena "bombou" no You Tube. Ela é amada por três rapazes que vão para a Segunda Guerra Mundial, mas só gosta de um deles. O problema é que ele morre em ação durante um bombardeio e durante esse tempo todo o avião em que estava e corpo nunca foram chamados. A história dela acaba se cruzando, por conta disso, com a de um rapaz chamado Jimmy, que encontra algo muito importante. O resultado final, se não empolga, ao menos não compromete. (Ronaldo Victoria)

domingo, 28 de setembro de 2008

O Acompanhante

Carter Page 3º e suas amigas: mundo de aparências
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Quem se deixa levar pelo título nacional, “O Acompanhante” (em inglês é The Walker, algo como caminhante), pode pensar que se trata da história de um cara que faz programas sexuais com senhoras (não cabe a expressão “garoto de programa” por uma questão de idade). Ainda mais por que o diretor, Paul Schrader, é o mesmo que fez “Gigolô Americano” nos anos 80, com Richard Gere.
Nada mais equivocado que pensar isso. O personagem principal, Carter Page 3º
(vivido com brilho por Woody Harrelson), é um gay afetadíssimo (e com doses de amargura na mesma proporção) que acompanha senhoras de meia-idade em rodas de carteado e de fofoca em Washington.
As amigas são interpretadas por atrizes como Lauren Bacall e Lily Tomlin, o que torna o elenco uma atração à parte. Kristin Scott Thomas é a mais chegada a Carter, Lynn, casada com um senador (ponta de Willem Dafoe). Por conta de uma tragédia (o amante de Lynn é assassinado e ela encontra o corpo quando estava com Carter), o protagonista acaba vendo como a “tolerância” ao seu estilo de vida e a sua opção sexual é ilusória na capital do poder norte-americano. Afinal, como diz seu namorado fotógrafo (feito pelo alemão Moritz Bleibtreu), “só em duas cidades é problema ser gay: Washington e Salt Lake City”. A primeira por ser capital da política e a segunda da religião mórmon.
Harrelson tem duas cenas corajosas: uma quando tira a peruca e mostra a careca e os efeitos da passagem do tempo e a outra quando beija Bleibtreu na boca. É uma produção forte, com tema sério, mas só indicada para quem não se incomoda com temas polêmicos. (Ronaldo Victoria)

sábado, 27 de setembro de 2008

O Segredo

. Olivia e Duchovny: a mãe virou filha
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O diretor é francês (Vincent Perez, ator que foi galã de Catherine Deneuve em “Indochina” e de Isabelle Adjani em “Rainha Margot”), o produtor também (Luc Besson, que adora filmes de aventura), o elenco é americano, mas o original é uma produção japonesa de 1999 chamada “Himitsu”.
Não é à toa que essa salada de nacionalidades tenha afastado o público. Mas “O Segredo” não é assim uma experiência tão frustrante. O ponto de partida é interessante. Ben (David Duchovny) é um oftalmologista que vive um casamento apaixonado com Hannah (a baixinha Lili Taylor) e tem uma filha adolescente rebelde (que pleonasmo!), Samantha, vivida por Olivia Thirlby. A personagem é retratada como tão insuportável (adora dizer que odeia a mãe, sem motivo) que quando acontece o episódio principal do filme ­(o acidente com o carro onde estão as duas), a gente até torce para que a chatinha morra.
Não morre. Pelo menos não aparentemente. Aí que está a chave do filme. Quem morre é Hannah, mas Sam diz ao pai que na verdade ela é a mãe, cuja alma está intacta no corpo da filha. Vai daí que ao ir à escola, precisa ouvir coisas absurdas como a disparada por um garoto imbecil: “Parabéns, Sam, aconteceu o que você queria, você se viu livre da sua mãe!”
Logo Ben fica perdido com a novidade. Ali está a mãe ou a filha? Ele até pensa em transar com a menina, acreditando em sua história. Tudo é uma crise de identidade adolescente? É fruto do remorso causado pela forma como tratava a mãe? São questões que o filme prefere não encarar, assim como não tem um desfecho coerente. Assistir a ele fica sendo apenas uma experiência curiosa. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Efeito Dominó

Jason Sthatam e Saffron Burrows: trama engenhosa
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Quem gosta e costuma acompanhar cinema costuma reclamar dos títulos estapafúrdios que às vezes as distribuidoras arranjam para os filmes. No caso de "Efeito Dominó" (The Bank Job, Reino Unido, 2008), que chega às locadoras após passagem rápida pelos cinemas, não há por que reclamar da tradução escolhida.
Ao contrário, o título nacional reflete bem mais o espírito da fita de aventura dirigida com competência por Roger Donaldson. Efeito dominó ganha o sentido de uma corrente de acontecimentos ligados e é isso que faz o interesse (e a delícia) da aventura.
Tudo começa numa paradisíaca praia do Caribe, onde uma garota assanhada se diverte em sessões de sexo nos braços de dois garotões. Sem perceber, ela é fotografada. Em seguida, uma bela mulher, Martine (Saffron Burrows), é presa com uma pequena quantidade de droga no aeroporto e obrigada a participar de um plano policial se não quiser ir presa. Ela precisa assaltar um banco em que há algo muito importante guardado num cofre particular.
A moça convida Terry (Jason Statham, astro de filmes de ação que também é bom ator, o que é raro). Mas isso é só o começo, pois a máfia do jogo e da pornografia também tem interesse no assunto, e com isso a trama fica ainda mais complexa.
E a garota das fotos é a princesa Margareth, irmã da rainha Elizabeth. Os créditos finais contam que tudo aconteceu de fato, embora uma parte dos nomes tenha sido trocada. E o dinheiro envolvido no roubo foi maior que o do assalto ao trem pagador. Diversão de primeira. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Quebrando a Banca

A turma se prepara para atacar em Las Vegas
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Na época em que "Quebrando a Banca" (21, EUA, 2008) entrou em cartaz nos cinemas brasileiros — e fez grande sucesso — não faltou quem chamasse o filme de perigoso, por defender a malandragem, a tal teoria do "gosto de levar vantagem em tudo". De fato, ao final da exibição, ficava essa impressão. Mas será que não é bobagem ficar vendo tanta importância numa simples produção feita para divertir? Será que não é procurar chifre em cabeça de cavalo? Afinal, eu assumo que, ao assistir um filme de roubo a banco, por exemplo, torço pelo ladrão. Isso significa que apóio a desonestidade?
Deixando o papo-cabeça de lado, "Quebrando a Banca", que deve repetir o sucesso nas locadoras, diverte e muito, mesmo tendo nota baixa em originalidade. A trama é baseada num fato verídico, o que a torna mais interessante. O estudante da vida real tem origem asiática, se chama Jeff Ma, e foi tema de um livro do mesmo nome, escrito por Ben Mezrich.
No filme dirigido por Robert Luketic, o mesmo de "Legalmente Loira", ele vira Ben Campbell, interpretado por Jim Sturgess, o galã do musical "Across the Universe", baseado em canções dos Beatles. Quando Ben entra na escola de elite MIT (Masschusets Institute of Techonology), chama a atenção do professor Micky Rosa (Kevin Spacey). O mestre tem um plano infalível: usa estudantes superdotados para atuar nos cassinos de Las Vegas. A base do plano é que existe uma ordem lógica na contagem das cartas. Ben se dá tão bem (sem trocadilho), até que exagera e comete o pior pecado entre os jogadores: confia demais na sorte. Até que consegue virar o jogo. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ensinando a Viver

Bobby Coleman e John Cusack: nerds em família
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Dizem (mas não provam) que quem era considerado esquisito na época de escola vence na vida, enquanto os populares fracassam. Será? Parece teoria conspiratória de quem sofreu na mão de valentões na hora do recreio. É em torno disso que acontece a trama de "Ensinando a Viver" (Martian Child, EUA, 2007), destaque das locadoras de DVD.
O protagonista do filme dirigido por Menno Meyjes é David (o sempre ótimo John Cusack), considerado o esquisito mór e sempre alvo de brincadeiras estúpidas no colégio. O tempo passa e ele consegue tirar proveito da "nerdice", virando escritor famoso, autor de livros de ficção científica cultuados por nerds de todo o país.
Apesar da conta bancária gorda, sua vida pessoal vira um caos quando a esposa morre de repente. E justo quando o casal havia acabado de se comprometer a adotar Dennis (Bobby Coleman).
David não sabe se leva o plano adiante: e agora, sozinho, como vai cuidar do menino? O garoto é um David em miniatura, mas ainda mais esquisito: vive dentro de uma caixa, só anda de óculos escuros e mete medo nos coleguinhas. Para superar tanta rejeição (não só dos pais biológicos, mas dos que não o levaram para casa), Dennis diz que é marciano (vem daí o título original do filme). Marte é o lugar que ele escolheu para se esconder e David, apesar de ambientar seus livros em planetas distantes, demora para chamá-lo à Terra e convencê-lo que deseja ser seu pai.
A maior qualidade do roteiro é não dourar a questão. O moleque não facilita as coisas para o candidato a pai, tem horas que dá vontade de esganá-lo (como David admite para a irmã, vivida por Joan Cusack, irmã de John na vida real). Afinal, quem disse que o verdadeiro amor é fácil? (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Encurralados

Gerard Butler e Maria Bello: borboletas na roda
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Por conta da falta de criatividade das distribuidoras nacionais, esse suspense inglês que tem no original um título até poético —— Butterfly on a wheel, ou seja, borboleta presa na roda, no sentido de alguém que é capturado de repente —— ganhou um nome bem mais óbvio, e que pouco chama a atenção.
O filme dirigido por Mike Barber se enquadra naquela categoria que vem se tornando quase uma obrigação: os que têm final surpresa. Tem sido assim desde que O Sexto Sentido mexeu com o gênero em 1999. Portanto, é bom avisar que nada é o que parece. O início da trama mostra um belo casal, Abby (Maria Bello, boa atriz) e Nick (o galã Gerard Butler, que viveu o Leônidas em 300), e sua vida perfeita. Até a empregada comenta para a moça: "nossa, você tem um marido ideal!" Porém, é bom prestar atenção nas cenas que mostram Nick em seu cotidiano no escritório. Um espectador atento já saca que ele não é assim tão perfeito.
Um belo dia o casal sai e deixa a filha com uma babá. Tudo muda quando os dois estão no carro e de repente surge no banco de trás Tom (Pierce Brosnan, o ex-007 que também está ótimo em Mamma Mia). Ele comunica que a babá é sua cúmplice no seqüestro da menina. Os dois terão de fazer tudo o que mandar para que a criança não sofra as conseqüências.
Qual é a motivação de Tom para fazer isso? A pergunta vai sendo respondida as poucos e a verdade acaba aparecendo apenas no final. O risco desse tipo de história é a reviravolta parecer forçada demais. No caso de "Encurralados", soa bastante plausível e como algo que fazia sentido desde o começo. Afinal, vingança de gente inteligente é sempre mais bem arquitetada.
(Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Três Vezes Amor

Abigail Breslin e Ryan Reynolds em cena
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Uma "simples" comédia romântica que consegue receber ótima recomendação da sisusa crítica da revista "Veja" é algo raro. Só para você ter uma idéia de como "Três Vezes Amor" (Definitely, Maybe, EUA, 2007), que chegou há pouco às locadoras, foge do lugar-comum. A história do filme é bem diferente daquela coisa manjada de "garoto conhece garota no colégio, os dois se detestam de imediato mas viram amigos, pastam no amor e acabam descobrindo que são almas gêmeas". Ou então "rapaz pobre conhece garota rica (ou vice-versa), se apaixonam à primeira vista, os pais são contra mas eles conseguem mostrar que o amor supera tudo".
Nada disso. "Três Vezes Amor" é bem original e essa é sua grande qualidade. Tudo começa quando Will (o galã Ryan Reynolds, ex-marido da cantora Alanis Morrissette e atual namorado de Scarlet Johansson) vai buscar a filha Maya (a gracinha Abigail Breslin, de "Pequena Miss Sunshine") na saída da escola. A garota conta que os colegas ficaram transtornados quando uma professora resolveu falar sobre sexo antes da hora com as crianças.
Para saciar a curiosidade da menina, Will conta a história de sua vida amorosa como se fosse um conto de fadas. São três princesas (por isso o título do filme) e cabe a ela entender qual das três é a sua mãe e por qual delas o pai é mesmo apaixonado. O diretor Adam Brooks conduz a trama com a delicadeza e a experiência de quem escreveu os roteiros de "Bridget Jones" e "Wimbledon - Jogo do amor". Diversão garantida. (Ronaldo Victoria)

domingo, 21 de setembro de 2008

A Força da Amizade

Joan, Kathy e Jéssica: amigas aventureiras
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Por mais que pareça antiga a divisão (e soe até um pouco preconceituosa) o fato é que ainda existem “filmes de menino” e “filmes de menina”. Isso se comprova na prática numa fila de cinema ou à frente das prateleiras de locadora, quando ele quer ver aquela ação protagonizada pelo novo brucutu hollywoodiano e ela uma comédia romântica “fofa”. Tudo isso é para dizer o seguinte: “A Força da Amizade” (Bonneville no original), lançado em DVD, é “filme de menina”.
Não que qualquer um não perceba isso pela capa. E no caso nem tão menina assim, já que as três atrizes principais (todas excelentes, é bom que se diga), já deixaram a juventude há muito tempo para trás. Jessica Lange, que faz a personagem principal, Arvilla, continua brilhante, mas não precisava ter exagerado no botox que deformou um pouco seu belo rosto (não são só as atrizes brasileiras que sofrem com essa desumana pressão da aparência).
No começo da história, ela acabou de enterrar o marido, bem mais velho que ela. O problema é que a filha dele, Francine (vivida por Christine Baranski, que faz a engraçada amiga de Meryl Streep em “Mamma Mia”) não quer que ela espalhe as cinzas do velho e sim participe de uma cerimônia fúnebre na Califórnia, onde ele vivia antes de se casar com Arvilla. Caso contrário, a megera toma a casa em que ela vivia.
Por isso, ela pega um carro antigo do ex-marido (da marca Bonneville, do título original) e vai com as duas melhores amigas, Margene (Kathy, bem melhor do que os papéis de gordinha espevitada que anda conseguindo ultimamente) e Carol (Joan, ótima atriz que nunca virou estrela) de onde vive, no Idaho, até o destino final.
Começa então um autêntico “road movie” (filme de estrada), mas que não chega a ser assim um “Thelma e Louise”. Os conflitos e as aventuras não são tão marcantes. O filme passa meio na média, sem chegar a um grande resultado. Não aborrece mas também não brilha. (Ronaldo Victoria)

sábado, 20 de setembro de 2008

Imagens do Além

Joshua Jackson: fotógrafo em apuros
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A moda de Hollywood adaptar filmes orientais de terror prossegue com “Imagens do Além”, que está nas locadoras depois de uma passagem discreta pelas salas de cinema. É um grande filme, uma obra-prima? Claro que não. Mas também não entra naquela onda sanguinolenta de mortes absurdas, que em vez de surtos provocam risos na garotada (maior público deste tipo de produção).
Ao contrário, “Imagens do Além” (The Shutter no original americano) investe mais no terror sutil. Quem dirige é o mesmo do original japonês, Masayuki Ochiai. A história fala sobre um fotógrafo, Benjamin (vivido por Joshua Jackson, que na adolescência teve destaque na série Dawson’s Creek) que, logo após o casamento com Jane (Rachael Taylor) volta para Tóquio, onde havia passado uma temporada de sucesso fotogrando editorias de moda.
Logo de cara, quando está dirigindo numa estrada deserta, um susto daqueles acontece para a moça: uma garota surge do nada no meio da estrada e provoca um acidente. Depois se descobre que é o espírito de uma garota, Megumi (Megumi Tanaka), ligada ao passado de Benjamin. Ele só vai contando a verdade para a esposa aos poucos, quando mais o espírito fica vingativo. Aliás, a japonesinha se revela um encosto assassino, que também ataca dois amigos do fotógrafo.
O final é convincente, faz sentido (em boa parte desse tipo de filme a história parece “viajandona”, só um pretexto para os sustos). Há um problema, porém: se você não acredita nesse tipo de coisa, pode achar uma palhaçada. Mas aí é uma questão mais científica que cinematográfica. (Ronaldo Victoria)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O Homem de Ferro

Robert Downey Jr. em ação: herói bem-sucedido
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"O Homem de Ferro" acabou de chegar às locadoras e já está causou correria bem parecida às filas que provocou por ocasião de seu lançamento nas salas de cinema. Em época de heróis mais famosos (ou mais próximos da moçada, hoje em dia sem dúvida o público que movimenta o cinema), como Batman e Homem Aranha, a idéia de lançar uma fita do herói parecia arriscada. O personagem, criado nos anos 60 pelo mestre Stan Lee, parecia distante para o público atual.
Pois é preciso se reconhecer que o desafio foi amplamente vencido. O lucro que o filme conseguiu (e você não sabia que Hollywood é movida a dinheiro?) é prova mais que suficiente do acerto. Além disso, a produção dirigida por Jon Favreau (ator que passou para o o outro lado das câmeras) tem de sobra ação e humor. E não é isso que o povo quer?
Até quem fica com o pé atrás com esse tipo de atração (como eu) não tem do que reclamar. A história é simples e foi adaptada com bom gosto para os dias atuais. Tony Stark é um magnata ligado às armas que, após um acidente, descobre um jeito de criar uma espécie de armadura para poder agir. Os efeitos especiais são excelentes e o elenco cai bem no papel. Robert Downey Jr. está especialmente bem, com um visual brega (o cavanhaquinho é demais), e brincando como ator. Ele se recupera plenamente depois de uma época em que quase chegou ao fundo do poço, com temporadas na cadeia e clínicas de recuperação. Até Gwyneth Paltrow não parece tão insossa como naturalmente na pele da secretária apaixonada por ele. (Ronaldo Victoria)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O Sonho de Cassandra

Ewan McGregor e Colin Farrell: manos no crime
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Tem filme novo de Woody Allen nas locadoras. Para a nova geração a notícia representa pouca coisa, já que o estilo do diretor sempre foi mais adulto e seus filmes não são populares. Há quanto tempo um filme dele não entra em cartaz no circuito comercial de Piracicaba? Boa pergunta.
Se a moçada quiser arriscar saber por que os "coroas" gostam do diretor, não deve se aborrecer. Seu novo trabalho, "O Sonho de Cassandra" (Cassandra’s Dream no original) é movimentado e não tem tanta encucação. Allen não atua (os críticos dizem que faz sempre o mesmo papel: ele mesmo).Para os papéis principais, convocou os ingleses Ewan McGregor e Colin Farrell. Eles vivem Ian e Terry, irmãos que se adoram apesar de serem diferentes em tudo. Segundo a mãe dos rapazes, Ian é a cabeça da dupla enquanto Terry é o lado braçal. Não é à toa que o primeiro escreve e o segundo conserta carros.
O problema é que Terry adora um carteado e acaba com uma enorme dívida de jogo. A saída é procurar ajuda com um tio rico (Tom Wilkinson), que aceita com uma condição: eles devem matar um sujeito que vai testemunhar contra ele nos tribunais. Os manos aceitam.
Depois do crime a situação piora. O irmão cerebral convive bem com a coisa, mas o outro se corrói pela culpa e pensa em se entregar. Tudo deverá se resolver num passeio dos dois no barco que compraram juntos, e que se chama O Sonho de Cassandra. Quem mata quem? Descubra. (Ronaldo Victoria)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Hellboy 2 - O Exército Dourado

Ron Perlmann em cena: capetão do bem

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Imagine um super-herói enchendo a cara de cerveja ao lado de um amigo (que é um peixe!) e reclamando das mulheres ao som de "I Can’t Smile Without You", de Barry Manilow, uma das baladas mais bregas (e legais) da música pop.
Só essa cena de "Hellboy 2 - O Exército Dourado", em cartaz nos cinemas do Shopping Piracicaba, mostra que o filme tem uma grande qualidade: não se leva a sério. Esse tipo de visão funciona melhor em produções de super-herói, ao contrário de "Batman, o Cavaleiro das Trevas" que, apesar de tão elogiado pela crítica especializada, se acha tão sério, tão importante que fica tãoooo chatoooo!!!
A segunda aventura do Hellboy, ao contrário, não corre esse risco. Afinal, como levar a sério um herói que é filho de uma criatura demoníaca, tem dois chifres serrados na testa, um rabão vermelho e o braço direito deformado? O diretor, o mexicano Guillermo Del Toro, é o grande responsável pelo fato de o filme ser diversão garantida. Especialista em criaturas esquisitas — como provou no sensacional "O Labirinto do Fauno", seu filme anterior —, ele aproveita o orçamento generoso para deixar a tela animada.
A história — a vingança do príncipe Nuada contra os seres humanos — é mais um pretexto para as cenas de ação. O elenco também está ótimo: Ron Perlmann como o diabão e Selma Blair na pele de Liz, sua mulher que nos momentos de TPM pega fogo (literalmente). Motivo que leva o maridão (que ela chama de "Red") a encher a cara antes a mande "para o diabo que a carregue". Até porque, no caso, o diabo é ele. (Ronaldo Victoria)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mamma Mia

Meryl Streep e Pierce Brosnan: casal alto-astral
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Um musical que tenha como base as canções do grupo sueco ABBA não pode se levar a sério e nem deve ter medo de escorregar na breguice. Afinal, as músicas do quarteto são cantadas até hoje por causa disso, por não terem medo de caírem de boca nas emoções derramadas. Quem é mais velho lembra que a cantora Perla é quem fazia a versão de quase todos os sucessos e sacudia o cabelão no Chacrinha ou no Bolinha: "Nosso amor nasceu para ficar/ E eu vou te amar/ Fernandoooo!!!"
Por isso "Mamma Mia", atualmente em cartaz nos cinemas, é uma delícia. Por que não tem medo de ser feliz. A diretora Phyllida Lloyd, a mesma que dirigiu o musical na Broadway, acertou ao não recusar o tom exagerado, o jeito de fábula, a breguice enfim. A grande vantagem é que as músicas cativam, envolvem o público logo de cara e muita gente tem vontade de cantar junto.
A história é simples. Na véspera de seu casamento, Sophie (Amanda Seyfried, uma surpresa), convida três ex-namorados da mãe, Donna (Meryl Streep), acreditando que um deles é o pai que nunca conheceu: Sam (Pierece Brosnan), Bill (Stellan Skarsgard) e Harry (Colin Firth). Também chegam ao local, uma paradisíaca ilha grega, duas amigas do tempo de "balada" da mãe, Rosie e Tanya (as divertidas Julie Walters e Christine Baranski).
Claro que existem alguns momentos constrangedores, mas é bonito ver a garra com que o elenco se entrega aos papéis. Meryl Streep, então, dá um show, mas isso não é novidade. Estrela absoluta em qualquer personagem, ela consegue comover quando canta ao pé de uma escadaria iluminada "The Winner Takes it all".
"Mamma Mia" é um filme solar: leve, divertido, foge do lugar-comum (no fim a resposta à pergunta quem é o pai? nem é tão importante assim) e faz a gente sair do cinema em alto-astral. (Ronaldo Victoria)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Longe Dela

Julie Christie e Gordon Pinsent: casal separado
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Boa parte das pessoas afirma não gostar de filme triste. Na hora de alugar em DVD, então, um velho clichê —— "a vida já está tão difícil, pra que mais motivo de tristeza?" —— é sempre lembrado. Digo isso por que "Longe Dela" (Away from her no original) não disfarça: é um filme triste. Tristíssimo, aliás. Só que é ótimo, muito distante daqueles "filmes de doença" que passam no Super Cine.
A doença da qual trata "Longe Dela" é o Mal de Alzheimer. E a jovem diretora, a canadense de 29 anos Sarah Polley (também ótima atriz de "Minha Vida sem Mim" e "A Vida Secreta das Palavras"), preferiu mostrar como ela afeta um casamento. Fiona (Julie Christie, que está espetacular mas só perdeu o Oscar porque a francesa Marion Cotilard deu um show como Piaf) começa a ter lapsos de memória. Em decisão conjunta e difícil com o marido Grant (Gordon Pinsent), decide se internar numa clínica especializada.
Não é a morte que separa os dois, mas sim o Alzheimer. Logo Fiona se esquece do marido, não faz a menor idéia de quem ele é, e fica até irritada com as suas visitas freqüentes. Ela arruma um "namorado" entre os pacientes e se veste de um jeito diferente. A Grant, que sente um amor incondicional pela esposa, só resta ficar observando, sem incomodar. Numa cena comovente, ele conta seus problemas para outra visitante, que responde: "E eu nunca tive um marido assim!" Grant até tenta se envolver com Marian (Olimpia Dukakis, que ganhou o Oscar nos anos 80 por "Feitiço da Lua"), mas o amor não deixa. É um filme adulto, belissimamente dirigido e interpretado, porém mais indicado para o público maduro. (Ronaldo Victoria)

O Amor não tem Regras

Clooney, Krasinski e Renee: comédia à moda antiga
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Por que um filme estrelado e dirigido pelo galã George Clooney nem entra em cartaz nos cinemas brasileiros e sai direto em DVD? Uma pista, em relação a "O Amor não tem Regras" (Leatherdeads no original), que acabou de chegar às locadoras, é que se passa num ambiente bem definido: os bastidores do futebol americano, esse esporte esquisito de que só americano mesmo gosta. Todo filme que fala desse esporte que a gente não entende (e nem precisa entender) fracassa por aqui e nem Clooney conseguiu mudar isso.
O filme também passou em brancas nuvens nos cinemas de lá. Clooney que, além de protagonista, é diretor, talvez tenha "errado" (em termos de mercado, não artísticos), por dar ao filme que dirigiu logo após ao excelente "Boa Noite, Boa Sorte" um ar claro de nostalgia, de coisa do passado. A inspiração evidente é aquele tipo de produção chamada "screwball comedy" (ou comédia maluca), com um ar ingênuo. E ingenuidade saiu de moda faz tempo.
Porém, quem alugar não tem muito do que reclamar. Clooney vive Dodge Connely, esperto dirigente de um time de segunda linha que arruma um jeito de chamar a atenção ao "plantar" a notícia de que o astro do time, Carther Rutherford (John Krasinski, bom ator e astro da série "The Office"), é um herói da Primeira Guerra Mundial (a história se passa em 1925). Mas a pauta cai nas mãos de Lexie, repórter vivida com graça por Renée Zellweger, que combina bem com Clooney (dizem que os dois deram uma namoradinha no set) e com o tom cômico. A originalidade não faz parte da receita: no começo os dois se estranham, trocam farpas a toda hora, mas todo mundo sabe como vai terminar. Mas é uma opção leve e que merece ser descoberta. (Ronaldo Victoria)